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Opinião

Protestantismo: unidade e diversidade

Por Robinson Cavalcanti
 
Este artigo foi publicado há cerca de 30 anos.
 
Os iguais diferentes
Com exceção de setores sacramentalistas ou universalistas entre as igrejas imigratórias no sul do país, o dinâmico protestantismo brasileiro se caracteriza positivamente, por uma unidade básica: a crença na autoridade das Escrituras e na salvação unicamente pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo.
 
Não obstante essa unidade básica, o nosso cristianismo reformado apresenta nítidas diversidades: migração versus missão, origem estrangeira versus origem autóctone, cultura rural versus cultura urbana, classe média versus inserção popular, ritualismo versus espontaneísmo litúrgico, intelectualismo versus emocionalismo, etc.
 
Mais do que diversidades, é preciso reconhecer as divergências: formas de governo, sacramentos/ordenanças, calvinismo versus arminianismo, escatologia pré, a ou pós milenista, dispensacionalismo, estado intermediário, penas eternas, e um sem número de outras questões, além da vinculação às diferentes “ famílias” denominacionais (presbiterianos, anglicanos, batistas, metodistas, luteranos, congregacionais etc) e suas ‘subdenominações’ (presbiterianos do Brasil ou independentes, batistas brasileiros, nacionais, regulares etc).
 
As divergências podem evoluir para conflitos: situações geradoras de maior tensão, agressividade e intolerância, principalmente: a) contemporaneidade dos dons do Espírito Santo; b) as ideologias políticas e econômicas; c) os usos e costumes; d) a ética sexual. O falar ou não em línguas, o capitalismo ou o socialismo, o vinho ou o guaraná, o divórcio ou o não divórcio, por exemplo, são temas de baixa compreensividade.
 
Há maior consenso nas bases eclesiais que nas cúpulas institucionais e em assuntos metafísicos mais do que em temas vivenciais.
 
A grande divisão atual, contudo, se dá em termos de escolas de pensamento: o Neofundamentalismo, o Evangelicalismo Conservador, o Evangelicalismo Progressista e o Liberalismo (Clássico ou Teologia da Libertação).

A unidade diversa
O sectarismo, a imaturidade e a debilidade de reflexão concorrem para uma situação em que a unidade desejada pelo Senhor (sermos um “ para que o mundo creia”) parece distante. Quando se considera o outro como diferente, como “ inferior”, “menos cristão” ou até, “ não cristão”, estamos longe do pensamento pós-apostólico de que deveríamos buscar: “no essencial unidade, no acidental diversidade, em tudo caridade”.
 
Para fazer avançar o processo de consolidação do corpo de Cristo no Brasil, carecemos urgentemente de:
1) Uma Teologia da Unidade, com ênfase na doutrina da igreja, originalmente como Una, Santa, Católica e Apostólica;
2) Uma Teologia da Diversidade, com a legitimação da criatividade e da pluralidade na vida do Povo de Deus. Aqui se inclui uma Teologia da Adiáfora, da licitude do diverso por parte de Deus. Seriam estranhas aos propósitos divinos a esterilidade e a uniformidade cultural;
3) Uma Teologia da Divergência, que passa por uma compreensão das limitações e condicionamentos humanos para a apreensão e vivência dos fatos e ideias, bem como caráter não mecânico da revelação, inspiração e iluminação.
 
Ao contrário dos islâmicos, os cristãos não creem em um texto ditado verbalmente pelo céu, de caráter a-histórico e uniformizante, para todas as épocas, lugares, culturas e situações, lançando-se mão, sempre que possível do braço do Estado para enquadrar, marginalizar, destruir os dissidentes.
 
A censura à livre manifestação e difusão de ideias, atuais ou históricas, pelas igrejas ou entidades pró-unidade, se constitui em uma aberração antirreformada.

 
A nova Arca?
Como o protestantismo brasileiro vai consolidando o padrão denominacionalista norte-americano, é bom lembrar que naquele país não encontramos um, mas três organismos promotores da unidade: o Congresso Nacional de Igrejas (NCC), a Associação Nacional de Evangélicos (NAE) e o Conselho Americano de Igrejas Cristãs (ACCC), com diversas tonalidades teológico-ideológicas, enquanto que duas das maiores denominações, os batistas do sul e os luteranos-missuri, não são filiadas a qualquer deles.
 
Seguirá o Brasil o mesmo modelo tríplice (talvez com uma entidade “guarda chuva”: a CUP – Central Única dos Prostestantes), ou teremos uma só entidade (modelo “Arca de Noé”), acomodando todo o mundo? Que corrente terá a hegemonia? Como acomodar a arrogância intelectual dos liberais e a arrogância dogmática-moralista dos neofundametalistas? Os evangélicos conservadores – influenciados, cooptados ou intimidados – ficarão a reboque dos neofundamentalistas? Os evangélicos progressistas jogarão um papel apenas ornamental, serão marginalizados ou buscarão seus próprios canais?
 
No momento atual, pelas limitações de representatividade, nenhuma organização pró-unidade pode ter a pretensão de falar em nome de toda comunidade protestante brasileira.
 
Artigo originalmente publicado na edição 229 de Ultimato, julho de 1994.


PARA QUE TODOS SEJAM UM – A UNIDADE DA IGREJA É POSSÍVEL? | REVISTA ULTIMATO

Qual a melhor resposta para um mundo cada vez mais dividido e para uma igreja cada vez mais polarizada? Pode parecer estranho, mas a resposta bíblica é óbvia: a Unidade em Cristo. E a pergunta que se segue é: “Que unidade é essa?” Aquela pela qual Jesus orou (Jo 17.23). 

É disso que trata a matéria de capa da edição de 397 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.

Saiba mais
Foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política — teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo — desafios a uma fé engajada. Faleceu no dia 26 de fevereiro de 2012 em Olinda (PE). 
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