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Opinião

O chamado para cuidar dos oceanos

Por Meric Srokosz

A humanidade está afetando o oceano de maneiras muito intensas. Neste texto, explorarei brevemente dois desses impactos da perspectiva de um oceanógrafo profissional. Primeiro, os efeitos do uso humano de combustíveis fósseis levando ao aumento dos níveis de dióxido de carbono atmosférico e, portanto, ao aquecimento global (incluindo o oceano); e segundo, o descarte humano de plásticos no oceano. A importância deste último foi destacada por David Attenborough na série “Blue Planet II” da BBC no outono de 2017, levando a uma maior conscientização pública sobre esse assunto. No entanto, ambas as questões têm sido motivo de preocupação para oceanógrafos por muitos anos.
 
O efeito notório do aumento do dióxido de carbono atmosférico é que o mundo está se aquecendo, incluindo os oceanos (isto é ciência do século 19). 93% do excesso de calor devido ao aquecimento global está entrando nos oceanos. Isso leva a mudanças nas correntes oceânicas e afeta o transporte de calor pelos oceanos. Talvez o efeito mais significativo seja o resultante aumento global no nível do mar. Um aumento projetado de cerca de 1m no nível do mar até o final do século pode não parecer muito, mas aproximadamente 10 milhões de pessoas vivem no espaço de 1m do nível do mar em Bangladesh, então esse aumento desabrigaria todos eles. De fato, as evidências sugerem que as consequências do aquecimento global, como o aumento do nível do mar, secas e inundações, terão seu maior impacto sobre os pobres do mundo.
 
Há também impactos na vida no oceano. Por exemplo, muitas espécies (como plâncton e peixes) são sensíveis à temperatura, de modo que, à medida que o oceano aquece, suas distribuições geográficas e abundância estão mudando. Em nível local, mais espécies de água quente, incluindo algumas espécies de tubarões, estão sendo encontradas em todo o Reino Unido, enquanto as espécies de água fria estarão cada vez mais confinadas às áreas cada vez menores de águas mais frias em latitudes mais altas. Talvez mais importante, o aquecimento dos oceanos levará ao branqueamento dos recifes de coral e à destruição desses hotspots oceânicos da biodiversidade. Embora os recifes de coral ocupem menos de 1% do fundo do oceano, eles abrigam cerca de um quarto de toda a vida marinha. Em termos de biodiversidade, eles são o equivalente à floresta tropical no oceano. Estima-se que até metade dos recifes de coral do mundo possam estar em perigo de destruição dentro de pouco mais de uma década.
 
Há também o chamado “outro problema do dióxido de carbono”. O aumento dos níveis de dióxido de carbono atmosférico faz com que mais dele seja dissolvido no oceano, resultando, por sua vez, na acidificação do oceano à medida que reage com a água para formar ácido carbônico. Isso pesa para o futuro da vida marinha, pois um oceano mais ácido afetará algumas espécies, influenciando suas taxas metabólicas e respostas imunológicas. Talvez mais criticamente, a acidificação também pode levar ao branqueamento de corais e à dissolução do carbonato de cálcio que os corais que constroem recifes usam para formar seus esqueletos.

 
O problema dos plásticos no oceano entrou recentemente na consciência pública de uma maneira significativa, mas a questão tem sido motivo de preocupação para os oceanógrafos por muitos anos. Por exemplo, sabemos da existência da chamada Grande Mancha de lixo do Pacífico situada entre o Havaí e a Califórnia (grande parte da qual é composta de plásticos) desde o final dos anos 1980. Os plásticos se degradam lentamente e podem permanecer no oceano por séculos, e as correntes oceânicas podem mover pedaços de plástico por grandes distâncias – daí a formação da Grande Mancha de lixo do Pacífico. Imagens chocantes de tartarugas e outros animais marinhos emaranhados em redes de pesca de plástico ou tendo comido sacolas plásticas capturam a imaginação do público, mas o mais problemático pode ser a presença de microplásticos (com menos de 5 mm de tamanho) no oceano. As partículas microplásticas são pequenas o suficiente para serem ingeridas por plâncton ou peixe, com efeitos amplamente desconhecidos, entrando assim na cadeia alimentar oceânica. Em última análise, os seres humanos podem comer o peixe, então isso pode afetar a saúde humana também.
 
No geral, o aquecimento global afeta a física dos oceanos, suas temperaturas e correntes e o nível do mar na costa. Essas mudanças podem ter um efeito negativo profundo nos seres humanos e na vida marinha. Dado o primeiro e o segundo mandamentos de Jesus – amar a Deus e amar ao próximo – os cristãos devem levar a sério nossa responsabilidade de cuidar da Terra de Deus e das criaturas nela contidas. De outro modo, como podemos afirmar amar a Deus se estamos destruindo sua criação? Também precisamos amar nosso próximo, especialmente os pobres do mundo que serão os mais afetados pelo aquecimento global, mudando nosso estilo de vida para reduzir nossa dependência de combustíveis fósseis. Esses são desafios significativos que precisamos enfrentar e responder.
 
Para o cristão, se respondermos a esse desafio, podemos seguir em frente com esperança, como diz 1 Coríntios 15.58. “Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil.” Cuidar da criação de Deus faz parte da “obra do Senhor” para a qual somos chamados, e o que fazemos nesta área de nossas vidas pode fazer a diferença para o futuro dos oceanos e da Terra. Ao fazer isso, estamos antecipando a vinda do “novo Céu e da nova Terra” (Ap 21.1), e assim demonstrando a presença do reino de Deus neste mundo presente.

Publicado originalmente em ABC2. Reproduzido com permissão.
 
  • Meric Srokosz é Professor de Oceanografia Física no National Oceanography Centre, Southampton, e ex-Diretor Associado do Instituto Faraday de Ciência e Religião em Cambridge. Ele realizou pesquisas nas áreas de ondas oceânicas, oceanografia por satélite, o papel do oceano no clima e os efeitos dos processos físicos no crescimento do plâncton nos oceanos. Ele publicou recentemente um livro Blue Planet, Blue God: the Bible and the Sea (SCM Press, 2017) com sua coautora Dra. Rebecca Watson.

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