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Opinião

Peça a Deus que te perdoe, não que te desculpe: Cinco lições de C.S. Lewis

Por Joe Rigney
 
Deus existe em todo lugar e em todo tempo. Ele é eterno e onipresente. E não só ele está presente em todo lugar, mas também ele está em todo lugar nos procurando. Ele é o caçador, o rei, o marido, se aproximando numa velocidade infinita. É central para a visão de C.S. Lewis da vida cristã o fato básico de que estamos sempre na presença e na mira de Deus.
 
Esse fato básico sobre a realidade nos dá uma escolha básica. Podemos ou abraçar e receber essa realidade, entregando-nos a esse Deus eterno, onipresente e que vai atrás, ou podemos tentar em vão nos esconder dele, resistir aos seus avanços, rejeitar a sua oferta. Assim, embora seja verdade que sempre estamos na presença de Deus, é igualmente verdade que somos perpetuamente chamados a vir até a presença de Deus, para que nos revelemos a ele.
 
“Todos nós somos piores do que pensamos.”
 
Um dos principais componentes dessa entrega é a confissão dos nossos pecados. Se é para virmos até a presença de Deus, precisamos vir honestamente. Precisamos vir como somos. E o que somos é um aglomerado de pecados, temores, necessidades, desejos e ansiedades, de forma que a nossa honestidade e entrega precisa incluir a confissão de pecados.
 
Lewis está ciente de que a confissão é difícil e cheia de perigos. Assim, em vários lugares, ele oferece conselhos sobre os perigos e riscos de confessar os nossos pecados.
 
1. Tome cuidado com a culpa vaga
 
Um dos principais obstáculos a se revelar perante Deus é uma nuvem de culpa que frequentemente paira sobre nós. E a culpa vaga é particularmente problemática. É porque você não pode se arrepender de pecados vagos; você só pode se arrepender de pecados reais. E todos os pecados reais são pecados específicos.
 
Isso quer dizer que para você se achar na neblina da culpa vaga, você precisa começar a pedir para que Deus te mostre os detalhes. Aperte-se na fumaça para ver se realmente tem fogo ali em algum lugar.
 
Se você o fizer, e se ver incapaz de descobrir qualquer pecado debaixo do vago senso de culpa, não se sinta compelido a sair procurando até aí. Pelo contrário, trate a culpa como um barulhinho incômodo nos seus ouvidos, algo para se aguentar até que você busque revelar na presença de Deus (Lewis, Letters to Malcom, p. 34).
 
2. Confesse os seus pecados rápida e especificamente
 
Outras vezes, a nossa relutância de fazer essa revelação é dirigida pelo fato de que somos culpados e sabemos exatamente o porquê. Sabemos sobre o que é a culpa e estamos evitando aceitá-la. Em tais momentos, nós frequentemente sentimos também que Deus está ali, nos observando ir e vir e rebolar e fazer desculpas e Ele nos diz: “eu sei que você só está enrolando”. Em tais casos, a melhor solução é simples. Se há um pecado específico na sua vida, confesse-o a Deus, clara, honesta e diretamente, sem se valer de eufemismos (Lewis, “Miserable Offenders”, em God in the Dock, 124).
 
Isso quer dizer usar palavras bíblicas para os pecados. “Eu menti” ao invés de “eu não fui muito honesto”. “Eu roubei” ao invés de “eu usei algo sem pedir”. “Eu tive intenções impuras no coração. Eu cometi imoralidade sexual. Eu tive inveja de outras pessoas ou cobicei seus dons. Eu estou cheio de amargura e ódio contra uma pessoa específica. Eu sou soberbo e arrogante. Eu estou cheio de ansiedade e medo. Eu não estou confiando o meu futuro a Deus”. Da mesma forma que você não pode confessar de verdade pecados vagos, você não pode confessar pecados reais de forma vaga.
 
3. Peça a Deus que te perdoe, não que te desculpe
 
Frequentemente quando pedimos para que Deus nos perdoe, o que estamos na verdade fazendo é pedindo para que Ele nos desculpe. Mas, segundo Lewis, perdoar e desculpar são quase que opostos (Lewis, “On Forgiveness”, em The Weight of Glory and Other Addresses, 178-181). O perdão diz: “você fez uma maldade; ainda assim, não vou usar isso contra você”. A desculpa diz: “eu entendo que você só teve essa opção ou que não era essa a sua intenção; a culpa não é realmente sua”. Portanto, desculpar alguém é fazer vista grossa para a pessoa porque ela não merecia uma vista mais rígida. Nos recusamos a culpar alguém por algo que nem era culpa dela para começo de conversa.
 
“Peça para que Deus te perdoe, não para que Ele te desculpe.”
 
Quando se trata de Deus, observa Lewis, “o que chamamos de ‘pedir perdão a Deus’ frequentemente consiste na verdade em pedir para que Deus aceite as nossas desculpas”. Queremos que ele lembre as circunstâncias atenuantes que nos levaram a fazer o que fizemos. Saímos “imaginando que nos arrependemos e fomos perdoados quando tudo que aconteceu na verdade foi que nos satisfizemos com as nossas próprias desculpas”.
 
Quando buscamos o perdão de Deus, precisamos deixar de lado as desculpas e o apontar de dedos. Se houve circunstâncias atenuantes, Deus sabe muito mais do que nós. O que devemos fazer é descobrir o que restou depois de toda circunstância ser desconsiderada, aquela pequena bolinha de pecado que é dura como um câncer. É isso que devemos levar a Deus. É isso que Ele precisa (e vai) perdoar.
 
4. Proibido acampar no esgoto
 
Alguns cristãos pensam que uma das principais marcas do crescimento cristão é uma percepção permanente e permanentemente horripilada da corrupção interna de alguém (Letters to Malcolm, 98). A verdadeira narina cristã deve estar continuamente atenta ao mau cheiro interior. Sentimos que a fidelidade exige que acampemos nas cavernas escuras e nos buracos nojentos dos nossos corações.
 
Lewis acha que isso não é uma boa ideia. Mas não é porque não somos tão corruptos assim. Somos tão corruptos assim. Os nossos corações realmente são nojentos. Quando você olha ali, é verdade que há profundezas e profundezas de amor próprio e pecado. Mas Lewis recomenda uma olhadela imaginativa da nossa pecaminosidade, não um olhar fixo. A olhadela é suficiente para nos ensinar a sentir, para nos humilhar para que não nos consideremos em mais alta conta do que deveríamos. Mas quanto mais olhamos, mais corremos o risco de cair em desespero. Ou pior, começamos a desenvolver uma tolerância ao esgoto, até um tipo de orgulho perverso com esse barraco pútrido.
 
Assim, precisamos cultivar a prática de honestidade imaginativa sobre o nosso pecado. Precisamos olhar para ele claramente e reconhecê-lo. Precisamos não o esconder ou tentar inventar desculpas para ele. Mas, igualmente, não podemos nos afundar nele. Precisamos saber que o pecado está nos nossos corações e precisamos sentir a feiura dele. Mas então também precisamos lembrar que Jesus cobre tudo isso.
 
5. Renda o autoexame a Deus
 
Nas nossas tentativas de nos expor ao exame de Deus, precisamos nos lembrar de que o autoexame é na verdade Deus nos examinando. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mal e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23-24). Isso não nos torna passivos. Somos ativos, mas a nossa atividade está principalmente em nos abrir para a inspeção divina. Autoexame só é seguro quando as mãos de Deus estão nas rédeas.
 
“Você não pode se arrepender de pecados vagos; você só pode se arrepender de pecados reais. E todos os pecados reais são pecados específicos”.
 
Seria algo assim. Entregamo-nos a Deus; damos a Cristo as chaves de todo cômodo no nosso coração. Sem nenhum armário trancado. Sem “não entre” no porão. Toda a casa pertence a ele (e ele é livre para demoli-la, se preferir). Nos abrimos diante dele e pedimos “pelo tanto de autoconhecimento naquele momento que podemos aguentar e usar naquele momento” (Letters to Malcolm, 34). Pode haver pecados mais profundos, em cavernas mais tenebrosas, que não vimos ainda. Mas talvez não as vejamos porque Deus sabe que não estamos prontos para encará-las ainda. Precisamos aprender a engatinhar antes de podermos andar. Deus quer que nós passemos no treinamento dos recrutas antes de nos mandar para a guerra.
 
Então, tendo se rendido e pedido a nossa pequena dose diária de autoconhecimento, nós cremos (e, para alguns, este é um dos maiores atos de fé que eles farão) que ele é plenamente capaz de levar o nosso pecado e pecaminosidade à lume, à nossa atenção consciente onde tudo pode ser confessado e mortificado.
 
Enquanto isso, se estivermos nos rendendo diariamente a Deus dessa forma, devemos esquecer de nós mesmos e fazer o nosso trabalho.
 
Você está evitando o bem?
 
Finalmente, enquanto confrontamos a nossa relutância de nos abrir na presença de Deus, é digno de nota o que Deus está realmente procurando. C.S. Lewis conta uma história sobre a sua esposa, Joy:
 
Há muito tempo atrás, antes de nos casarmos, ela estava toda perturbada numa manhã quando ia ao trabalho por ter um sentimento obscuro de Deus (por assim dizer) “estar puxando a sua orelha”, exigindo a sua atenção. E, é claro, não sendo uma santa aperfeiçoada, ela tinha o sentimento de que seria uma questão, como normalmente é, de algum pecado impenitente ou algum dever entediante. Finalmente ela cedeu e o encarou. Mas a mensagem era: ‘eu quero te dar algo’ e instantaneamente chegou a alegria. (A Grief Observed, 46-47)
 
Quanto nos esforçamos para evitar tudo o que nos faria bem. Esse é o grande paradoxo que levamos à presença de Deus. Deus está aqui e agora, e ele quer tudo de nós. Mas Deus está aqui e agora, e ele quer nos dar tudo. Deus é por nós, não contra nós. Ele pode não ser seguro, mas certamente ele é bom.
 
“Quanto nos esforçamos para evitar tudo o que nos faria bem.”
 
E ele não vai se satisfazer com soluções meia-boca, porque ele nos ama e quer se dar a nós. E ele não pode se dar a nós se ainda estivermos cheios de nós. Mas se nos entregarmos, se morrermos para nós mesmos, então ele vai se dar a nós e, ao se dar a nós, ele vai dar nós mesmos de volta.
 
Na verdade, quando nos expomos na presença de Deus, descobrimos que nos tornamos os nossos verdadeiros “eus”, estáveis, fortes, cheios de vida e alegria e conformados à imagem de Cristo, de glória em glória.
 
• Joe Rigney é professor auxiliar de teologia e literatura no Bethlehem College & Seminary e autor de As Coisas da Terra: Estimar a Deus ao Desfrutar de Suas Obras. Ele é pastor na Cities Church.
 
Nota: Texto publicado originalmente no site Monergismo. Reproduzido com permissão. Original aqui
Traduzido por Guilherme Cordeiro.

>> Conheça o livro Surpreendido pela Alegria, de C. S. Lewis

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