Opinião
- 09 de maio de 2024
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Criptomordomos – quem quer investir nos bens de outro dono?
Por Gustavo Ipólito
Dias atrás eu estava em uma reunião de pequeno grupo, onde temos a oportunidade de orar uns pelos outros e compartilhar as situações de nossa vida, e dois integrantes do grupo estavam em uma conversa empolgada sobre investimentos.
A discussão era sobre investimento em criptomoedas – o quanto um deles já havia ganho e as dicas de como ganhar mais dinheiro. Seu interlocutor era um pastor que estava bem interessado no assunto e avaliando seriamente este investimento.
Comentaram também sobre histórias de fraudes, golpes e gananciosos que perderam muito colocando os recursos em lugares errados, buscando apenas o lucro fácil e rápido.
Fiquei apenas observando e pensando o que motivava estes dois investidores na hora de buscar opções para investimento e o que os levou a considerar as criptomoedas.
No conceito de mordomia que já abordei anteriormente, entendemos que Deus nos deu os recursos para gerenciá-los, pois ele é o dono de todo ouro e toda a prata e, tomando isso como premissa básica, os recursos financeiros que dispomos não são nossos, mas do Senhor e nós somos apenas seus mordomos, gestores dos recursos a nós confiados.
Então, para sua reflexão: a motivação pelo ganho rápido e fácil parece estar alinhada às motivações do dono dos recursos que você dispõe? Investimento em algo que não gera valor, ou que não está lastreado em um ativo real, ou ainda que flutua de acordo com a especulação, fariam parte da tese de investimento do dono do recurso que foi confiado a você?
Outra motivação possível seria o “glamour” de ser um criptoinvestidor, ou seja, de se mostrar antenado com as tendências e com a “moda do momento” de aplicar em criptomoedas, como Bitcoin, Ethereum e outras?1
A tendência de crescimento da oferta de criptoativos é real e, sinceramente há muita coisa boa a ser investida e tolkenizada (digitalizada e criptografada). Por exemplo a tokenização de ativos reais, como os empreendimentos imobiliários, uma obra de arte (NFT colecionável), ativos financeiros, commodities e outros.
Quando avaliamos uma oportunidade de investimento, devemos lembrar da nossa posição de gestores dos recursos que não são nossos, pois somos apenas os mordomos.
Lembremos do que está escrito em Deuteronômio 8:18: “Antes, lembrem-se do SENHOR, o seu Deus, pois é ele quem dá a vocês a capacidade de produzir riqueza, confirmando a aliança que jurou aos seus antepassados, conforme hoje se vê” (NVI).
A “capacidade de produzir riqueza” não está atrelada à especulação, mas à capacidade de gerar valor a partir dos dons e habilidades que nos foram dados, pois somos sua imagem e semelhança (Gn 1:27). Partindo desta premissa básica, nossas decisões de investimento devem ser pautadas em gerar valor e isso só é possível em opções que tenham lastro real que sustente o ativo ou em investimentos de fomento à produção e ao empreendedorismo, que geram valor real.
Se o nosso criador e dono dos recursos que nos foram confiados nos deu a capacidade de produzir riqueza, usemos esta capacidade também nas decisões de investimentos.
Há diversas opções de criptoativos lastreados que devem ser avaliados e há uma outra grande quantidade de oportunidades de investimentos que são votadas à produção, desenvolvimento e empreendedorismo, como por exemplo os fundos venture capital, que investem em empresas de alto potencial de crescimento.
Aqui a recomendação de procurar a assessoria de um CFP cristão (Certified Financial Planner – Planejador Financeiro Certificado) que possa ajudar na decisão de onde investir, continua valendo!
Defina a sua tese de investimento estabelecendo as suas premissas básicas (dei algumas sugestões acima), a disposição que tem para correr risco (lembrando que todos os investimentos têm risco, sem exceção, uns têm mais e outros menos. Também se lembre que opções com maior risco proporcionam maiores possibilidades de retorno financeiro) e o prazo para manter este recurso investido.
Por fim, reflita em algumas dicas do Dono dos Recursos para que você possa montar sua tese de investimento:
Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem confiará as verdadeiras riquezas a vocês? (Lc 16.11).
Os planos bem elaborados levam à fartura; mas o apressado sempre acaba na miséria. (Pv 21.5).
A recompensa da humildade e do temor do Senhor são a riqueza, a honra e a vida. (Pv 22.4).
Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. (Mt 6.33).
Bons investimentos para você!
Nota
1. É preciso diferenciar cripto ativos de criptomoedas. Cripto ativos são representações digitais de bens ou direitos que podem ser eletronicamente transacionados e armazenados, baseados na tecnologia blockchain - tecnologia de registro de informação descentralizado. Segundo a AMBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), criptoativo é a representação de valor ou direito contratual, que seja protegida por criptografia, mantida em sistema de registro distribuído (Blockchain) e passível de custódia, transferência e negociação em meio eletrônico. Então, a criptomoeda é apenas um dos tipos de cripto ativos disponíveis hoje no mercado.
- Gustavo Ipolito é marido, pai, palestrante, empresário, CEO e fundador da GoldStreet Venture Capital, primeiro fundo venture capital baseado nos preceitos cristãos na América Latina. Conselheiro na organização The Justice Movement, mentor de empresários e um dos idealizadores do movimento NwC+ Networking Cristão voltado à empresários, empreendedores e investidores cristãos.
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Saiba mais:
» Trabalho, Descanso e Dinheiro – Uma abordagem bíblica, Timóteo Carrriker
» O Discípulo – Um chamado para ser como Cristo, John Stott
» Dinheiro é bênção ou maldição. Você decide, por Gustavo Ipólito
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