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Opinião

Em busca de proteção para missionários e agências missionárias

Depois de estudar numa conhecida escola de preparação missionária, José e Maria aceitaram o desafio missionário e foram para uma região do país onde o testemunho Cristão era praticamente inexistente. Partiram com a benção da Igreja na qual cresceram.

Deixaram o conforto de uma comunidade cheia de recursos, amigos, familiares, e seguiram para aquele novo desafio: iniciar uma igreja. O sustento viria através das contribuições dos amigos e da igreja, que enviariam os recursos para a conta da Agência Missionária que os recrutou e treinou.

Como de praxe, um percentual das doações era usado pela Agência Missionária para cobrir despesas administrativas.

No primeiro ano as coisas fluíram bem. Mas a partir do segundo ano as contribuições começaram a diminuir. Maria engravidou, e o orçamento já estava bem apertado. As Cartas de Oração enviadas por José e Maria já não surtiam o mesmo efeito. A liderança da igreja que os enviara já não era a mesma. O antigo pastor foi para um outro ministério e o seu substituto sequer conhecia o casal e não tinha tanto apreço pela obra missionária.

Alguns dos mantenedores originais mudaram de emprego e já não estavam em condições de continuar contribuindo financeiramente. Os familiares de José e Maria começaram a enviar recursos para socorrer o dedicado casal de missionários. Com o nascimento do segundo filho, o casal teve que fazer um empréstimo bancário para custear as despesas da família. Em função desse quadro não conseguiam manter o foco no ministério. Os líderes da Agência Missionária que os recrutara insistiam para que conseguissem novos doadores e atingissem as metas previamente estabelecidas, do contrário teriam que deixar o campo missionário e voltar para sua cidade natal a fim de levantar o sustento. Três anos se passaram e José e Maria tiveram que voltar. Metade do grupo de mantenedores deixou de fazer sua contribuição mensal. O departamento missionário da igreja informou que manteria a contribuição por 6 meses, Naquela fase difícil José teve um atrito com o diretor executivo da Agência Missionária à qual estavam ligados e, por conta disso, foi desligado da Agência. O novo pastor não quis se envolver, pois assumira o pastorado da Igreja depois que o casal foi para o campo.

Durante aqueles 3 anos no campo missionário José e Maria não tiraram férias, não receberam o 13º salário e não recolheram o FGTS. Desprovidos de quaisquer reservas financeiras venderam o carro para amortizar as dívidas e foram morar na casa dos pais de Maria, até que pudessem encontrar um novo caminho.


O relato acima é uma narrativa ficcional, mas seguramente remete a uma experiência muita próxima de situações vividas por missionários na vida real. Em todos os lugares há pessoas que sabem da história de algum conhecido, que tenha passado por uma situação semelhante.

Muitas pessoas têm sido mobilizadas e enviadas ao Campo Missionário, e damos graças a Deus por isso. No entanto há uma outra realidade, muitas vezes vivida em silêncio, que merece a atenção de todos que promovem, diretamente ou indiretamente, o trabalho missionário.

Ainda que o relato seja fictício ele reflete a experiência vivida por muitos que foram para o Campo Missionário. Partindo dessa premissa, surge a pergunta: afinal, qual era a natureza do vínculo que havia entre José e Maria, a Igreja e a Agência missionária? De quem era a responsabilidade pela manutenção daquela família?

De que forma o missionário pode ter uma proteção maior para si, e sua família, não apenas durante sua carreira missionária, mas também, no processo de retorno ao país ou sua cidade de origem?

A presente reflexão tem como objetivo chamar a atenção para essa questão que, via de regra, é pouco debatida. Embora complexo esse debate é inevitável. Deveria o missionário ser enquadrado como um trabalhador e ter seu trabalho alcançado pelas obrigações impostas ao empregador, nos moldes das Leis Trabalhistas vigentes?

Essas questões merecem a atenção de todos que, direta ou indiretamente, estão envolvidos com a obra missionária, exigindo um esforço conjunto de executivos de missões, pastores, missionários e candidatos à obra missionária. Como ponto de partida, que tal a inclusão de seminários ou espaços para a discussão do tema nas consultas missionárias realizadas no país? Precisamos abordar o assunto e oferecer parâmetros mais claros para o trabalho e a devida responsabilização das partes envolvidas.

Sabemos da importância histórica das Agências Missionárias para o avanço da Obra de Deus ao redor do mundo. E conhecemos os dramas e dificuldades experimentadas por muitos missionários. Certa vez ouvimos o seguinte de uma pessoa que se dedicou à obra missionária por muitos anos: “nós sonhamos, nos dedicamos, e nos sacrificamos para ajudar as organizações a crescerem, mas quando mais precisamos dessas mesmas organizações descobrimos que elas não tem nenhum sonho para nós.”

Há muitas perguntas a serem feitas e a falta de consenso sobre esse tema não tem permitido grandes avanços. Enquanto isso missionários continuam sendo recrutados e enviados. Certamente o desejo de todos é que a Igreja seja conhecida como aquela que cuida (de verdade) de seus enviados, bem como de suas famílias.

• Robson Ramos, advogado, é autor do livro Evangelização no Mercado Pós Moderno (Editora Ultimato). Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de SP, foi missionário da Aliança Bíblica Universitária (ABU) nos EUA e no Brasil por 16 anos, com experiência em projetos missionários no Leste Europeu e Norte da África. Foi também, por 9 anos, diretor executivo da Sociedade Bíblica Internacional, que publicou a Bíblia NVI – Nova Versão Internacional. Atualmente reside em Balneário Camboriú, SC.

• Otávio Fernando de Vasconcellos, advogado, militante no campo do Direito do Trabalho e Previdenciário. Estudante do curso de Bacharel em Teologia pela Faculdade Latino Americana de Teologia Integral – FLAM. Reside em Marília, SP.




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