Maria, assim como Paulo, Moisés e Abrão, uma filha de Deus

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Certa vez num culto, na abertura de uma pregação, perguntei sobre qual personagem bíblico, excluindo Jesus Cristo, é o mais comentado. A grande maioria respondeu: Paulo. Depois, Pedro. Logo, Davi, Moisés, Abraão, João, João Batista, Josué, Débora, Sansão, enfim, os personagens foram se esgotando, e com algumas dicas, alguém fala com a voz meio tímida: Maria, a mãe de Jesus. Realmente existe por parte dos protestantes, e isso afirmo tendo amplo conhecimento, uma grande exclusão de Maria do quadro de personagens bíblicos, há um silenciar dos fatos que envolveram sua vida, colocando-a quase que como anônima por toda a história da salvação que envolveu homens e mulheres por todo Antigo e Novo Testamento.

Por outro lado, pelo lado católico romano, que agora não segundo o que o pároco afirma na missa dominical, mas segundo o documento Lumen Gentium (Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II – 21 de Novembro de 1964), documento oficial do Vaticano onde na qual a doutrina católica romana quanto à Maria é afirmada, Maria é colocada “acima de todos os anjos e homens, [...] tomou parte nos mistérios de Cristo, é com razão venerada pela Igreja com culto especial (LG 66). Embora na continuação do documento afirme que seja um culto diferente de um culto a Deus, no entanto, existe um culto à Maria, a mãe de Jesus.

Com isso, vemos esses dois grandes grupos do cristianismo completamente extremados, e por sinal, é o ponto de maior divergência entre os protestantes e católicos romanos. De um lado os protestantes, que na grande maioria fazem silêncio quanto a tudo aquilo que biblicamente envolveu a vida de Maria, certamente com receio de caírem em algum tipo de culto, e no outro lado da trincheira, os católicos romanos que a colocam como “preservada imune de toda a mancha de culpa original, [...] foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como rainha [...]” (LG 59), logo, abandonando o que a Bíblia diz a seu respeito, inserindo elementos puramente ligados aos documentos católicos romanos.

As Sagradas Escrituras declaram que, durante o anúncio do anjo Gabriel sobre o que estava por acontecer com Maria: “Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus; (Lc 1.30 ARC), esse fato não tornou Maria exclusiva quanto aos olhos de Deus, pois em outros pontos da Bíblia Sagrada com outras pessoas a encontramos. “Noé porém achou graça aos olhos do Senhor” (Gn 6.8 ARC), o mesmo estado que Maria estava diante de Deus, Noé, um dos mais remotos personagens da Bíblia, ou seja, “A Noé, porém, o Senhor mostrou benevolência” (NVI), a condição não estava em Noé ou Maria, estava em Deus, em achar graça ou benevolência. Esse fato de ser agraciado por Deus, que se deu com Noé, Maria, Abraão (Gn 18.3), Moisés (Ex 33.12), não torna alguém acima dos demais, pois a narrativa bíblica é imparcial, mesmo tendo chamados distintos e específicos, tornaram-se iguais diante de Deus.

Maria, assim como outros filhos de Deus, Moisés, Josué, Paulo e até mesmo o próprio Jesus Cristo, tiveram que se submeter em obediência total ao chamamento divino. Maria submeteu-se em obediência para ser mãe de Jesus, o meio pelo qual Deus se tornaria um ser humano. Moisés teve que voltar para o Egito e sob o poder de Deus libertar o povo da opressão. Josué rebuscou em seu interior ânimo, força e a certeza da presença de Deus em sua vida. Paulo diante da luz na estrada de Damasco, chocado e impactado pela presença de Cristo, submeteu-se em levantar-se, embora cego, entrar na cidade e aguardar o passo seguinte do seu chamamento. Por fim, o próprio Senhor Jesus Cristo, quando em agonia pedia a Deus uma outra possibilidade para tirar a humanidade das mãos do diabo e do pecado, se submete completamente em obediência irrestrita ao propósito divino. Maria não esta acima de qualquer outro filho de Deus em virtude de sua obediência, é apenas uma peça dessa grande e perfeita máquina chamada salvação.

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Opinião do leitor