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Opinião

Volta à Turquia e ajuda-nos!

Deus escolheu aquela região para ser o palco da história com o seu povo

Ultimato coloca no ar uma das histórias do Mineiro Com Cara de Matuto (pseudônimo usado pelo pastor Elben César para assinara alguns de seus artigos, especialmente os registros de viagens que fez pelo Brasil e pelo mundo). Desta vez, um registro de sua viagem à Turquia, publicado originalmente na Ultimato, edição de março de 1996.

Do ponto de vista histórico, o texto é um elogio à Turquia por ter abrigado tantas pessoas e acontecimentos. Do ponto de vista contemporâneo, uma convocação à igreja cristã.

Em dias difíceis para a Síria e Turquia em virtude do terremoto que atingiu estes países no dia 6 de fevereiro deixando mais de 30 mil mortos, Ultimato lamenta e deseja que o artigo seja uma expressão de gratidão e uma boa lembrança: Deus escolheu aquela região para ser o palco da história com o seu povo.

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O Mineiro Com Cara de Matuto desembarcou no Aeroporto Internacional de Istambul num sábado à noite. Como de costume, fez muitos registros...

O Mineiro Com Cara de Matuto quase morreu de saudades na Turquia. Aquela saudade extremamente dolorida de ordem mística, da qual se referem os filhos de Coré no Salmo 42: “Lembro-me destas coisas e dentro em mim se me derrama a alma, de como passava eu com a multidão do povo de Deus e os guiava em procissão à casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa”. Aquela saudade do passado, de conquistas, de crescimento, de lutas, de bênçãos e de derramamentos do Espírito, que a história religiosa da Turquia registra. A grosso modo, não haveria saudades se as igrejas da antiga Ásia Menor não tivessem abandonado o seu primeiro amor (Ap 2.4).

Dentro de um ônibus de dois andares que o levou de Izmir a Istambul (478 quilômetros), o Mineiro desfiou o seu rosário de lembranças:

Lembrou-se dos rios Tigre e Eufrates, mencionados na segunda página da Bíblia (Gn 2.14). Os dois nascem na Turquia e banhavam a antiga Mesopotâmia e o jardim do Éden, o berço de toda a civilização. Ali se deu a queda do homem.

Lembrou-se da corrupção do gênero humano e da história de Noé, pois ali perto da fronteira da Turquia com a Armênia e o Irã acha-se o monte Ararate, sempre coberto de neve, com os seus 5.185 metros de altitude, sobre o qual repousou a arca de Noé (Gn 8.4).


Lembrou-se de Abraão, que, pela fé, saiu de Altinbasak (Harã nos tempos bíblicos), na Turquia, para uma terra que Deus lhe mostraria mais tarde (Gn 12.4). Lembrou-se também de que neste mesmo lugar o servo de Abraão encontrou Rebeca, esposa de Isaque (Gn 24.4,10), e Jacó encontrou Raquel (Gn 28.5, 10; 29.1,4; 31.18).

Lembrou-se de Paulo, que nasceu em Tarso da Cilícia (At 22.3), ao sul da Turquia, e das igrejas que ele organizou em várias cidades do país: Perge, Antioquia, Icônio, Listra e Derbe (At 13.13-28) e provavelmente outras em sua província natal (Cilícia) e na região frígio-gálata (At 15.41; 16.6). Lembrou-se de suas Epístolas aos Gálatas, aos Efésios e a Timóteo, com quem o apóstolo se encontrou em Listra (At 16.1), de seus companheiros Gaio, Tíquico, Trófimo (At 20.4) e dos desertores Figelo e Hermógenes (2Tm 1.15), todos da Turquia. Lembrou-se ainda do ministério longo (três anos) de Paulo em Éfeso (At 20.31), de seu sermão de uma noite inteira em Trôade (At 20.7-12) e de uma comovente reunião com os presbíteros de Éfeso no porto de Mileto (At 20.17-38), cidades da Turquia ocidental.

Lembrou-se das sete igrejas da Turquia mencionadas no Apocalipse de João
: Éfeso (hoje Efes), Esmirna (Izmir), Pérgamo (Bérgama), Tiatira (Akhisar), Sardes (Sart), Filadelfia (Alasehir), Laodiceia (Laodkea). Lembrou-se do próprio João, que, depois de seu exílio na pequena ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse (Ap 1.9), viveu em Éfeso até a sua morte em idade avançada.

Lembrou-se da mãe de Jesus, que, segundo forte tradição e evidências recentes, teria morrido em Éfeso, sob a proteção de João, de acordo com o pedido de Jesus ao apóstolo no dia de sua crucificação (Jo 19.27).

Lembrou-se da Primeira Epístola de Pedro dirigida aos eleitos de Deus que eram forasteiros da Dispersão e viviam em cinco regiões da Turquia: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia, Bitínia (1Pe 1.1).

Lembrou-se de Bitínia, ao noroeste da Turquia, que, no início do século dois da era cristã, deveria ter um contingente tão numeroso de crentes, a ponto de provocar uma correspondência do escritor romano Plínio, o Moço, então governador da província, ao imperador Trajano, consultando-o como deveria tratar os cristãos.

Lembrou-se de que no início do quarto século a metade da população atual Turquia era cristã e formava o maior reduto cristão do mundo de então.

Lembrou-se da mudança da capital do Império Romano de Roma para Istambul (naquela época chamada de Bizâncio), no ano 330, dezoito anos depois da conversão de Constantino, e do batismo do imperador em seu leito de morte, sete anos depois, em Bizâncio mesmo (maio de 337). Lembrou-se também das sucessivas leis favorecendo cada vez mais o cristianismo: edito de tolerância (311), plena liberdade de culto (313), isenção de encargos públicos para o clero (319) e direito de receber legados (321).

Lembrou-se de que todos os sete concílios ecumênicos da igreja de 325 a 787 (um longo período de 462 anos) foram realizados na Turquia: três em Constantinopla (a antiga Bizâncio e a moderna Instambul), dois em Niceia (hoje Iznik), um em Éfeso e outro em Calcedônia (na Bitínia).

Lembrou-se daquele João, a quem deram o nome de Crisóstomo, “o boca de ouro”, o maior pregador da igreja oriental, nascido em Antioquia da Psídia, e feito bispo de Constantinopla em 398.

Lembrou-se do trabalho missionário realizado pela igreja nestoriana, “a igreja mais missionária que o mundo teve a oportunidade de ver!”, de acordo com o historiador John Stewart. A partir de seu ponto de apoio na Turquia, os seguidores de Nestório, levaram o evangelho para o Oriente Próximo (Pérsia e Península Arábica), para a Ásia Central (Índia, Afeganistão e Tibete) e para o Extremo Oriente (China, Coreia, Japão). Em oito séculos de missões (do século 5 ao século 13), a igreja nestoriana possuía 27 patriarcados metropolitanos, 200 bispados e dezenas de milhões de fiéis.

Lembrou-se da construção da Hagia Sophia, o mais famoso templo cristão de arquitetura bizantina, construído pelo imperador cristão Justiniano, o Grande, em apenas cinco anos (de 532 a 537), em Constantinopla (Istambul), de pé até hoje.

Lembrou-se do primeiro grande cisma da igreja, provocado pela excomunhão do Patriarca de Constantinopla, por ordem do papa Leão IX, no início do segundo milêncio 1054), De um lado ficou a igreja ocidental (ou católica) e do outro ficou a igreja oriental (ou ortodoxa).

Lembrou-se da morte precoce (aos 31 anos) do missionário anglicano Henry Martyn, no outono de 1812. O missionário era capelão da Companhia das Índias Orientais na Índia e estava quase acabando a tradução do Novo Testamento em hindustani. Numa viagem por via terrestre da Índia à Inglaterra, em busca de tratamento, Martyn morreu no meio do caminho, na Turquia.

Com a memória cansada de tantas lembranças, o Mineiro Com Cara de Matuto percebeu que o ônibus já estava se aproximando de Istambul, depois de dez horas e meia de viagem, incluindo a travessia de um braço do mar Mármara numa enorme balsa. Quase todos os passageiros do ônibus e carros de passeio subiram para ver a parte de cima da balsa, onde havia um amplo salão com serviços de bar e poltronas. O autofalante transmitia um jogo de futebol. De repente acontece um gol e muita gente gritou de alegria e bateu palmas. O Mineiro pensou que estivesse no Maracanã.

Eram dez horas da noite quando o ônibus entrou na ponte pênsil que atravessa o estreito de Bósforo e liga a parte asiática de Istambul à parte europeia. Este mesmo caminho, mas em ônibus e sem ponte pênsil, havia sido trilhado por Paulo há quase dois milênios, quando, impedido pelo Espírito Santo de continuar seu ministério na Turquia, o apóstolo atendeu o desafio de anunciar o evangelho na Europa (At 16.6-10).

Foi aí que o Mineiro pensou com os seus botões: alguém precisa ouvir agora a voz, não de um macedônio, mas de um turco dizendo: “Volta à Turquia, e ajuda-nos”.

Artigo originalmente publicado na Ultimato, edição de março de 1996.

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Elben Magalhães Lenz César foi o fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato até a sua morte, em outubro de 2016. Fundador do Centro Evangélico de Missões e pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), é autor de, entre outros, Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero?, Refeições Diárias com Jesus, Mochila nas Costas e Diário na Mão, Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento, Conversas com Lutero, Refeições Diárias com os Profetas Menores, A Pessoa Mais Importante do Mundo, História da Evangelização do Brasil e Práticas Devocionais. Foi casado por sessenta anos com Djanira Momesso César, com quem teve cinco filhas, dez netos e quatro bisnetos.
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