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Opinião

Suicídio e o gemido dos pastores

Por Jorge Henrique Barro

"Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não GEMENDO; porque isto não aproveita a vós outros."
(Hb 13:17)

Setembro Amarelo, mês da consciência contra o suicídio. E os pastores não estão imunes!

Cresce o número de suicídio entre pastores e tal tema precisa ser trabalhado. Estamos chegando num momento em que não será fácil esconder a humanidade dos pastores.

Este texto acima (Hb 13:17) aponta algumas questões fundamentais para a prevenção contra o suicido pastoral. São elas:

1. RESISTÊNCIA E INSUBMISSÃO

"Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles".

Pastores que são sérios jamais querem que suas ovelhas tenham uma obediência cega e muito menos sejam subservientes à sua voz. A voz pastoral é uma voz de amor e é essa voz que "guia" as ovelhas. Por vezes uma voz um pouco mais incisiva porque o amor não é frouxo, visando trazer sua ovelha debaixo do seu guiar. Não uma voz controladora e esmagadora.

Contudo, há sim ovelhas desobedientes e insubmissas que causam muita dor de cabeça aos pastores que, por sua vez, sofrem e perdem o sono. Passam a ser ovelhas resistentes a tudo o que o pastor faz e convida outras a uma relação de insubmissão. "Até quando vou aguentar isso", se pergunta um pastor.

2. O PESO DA PRONTIDÃO

"... pois velam por vossa alma".

O segundo motivo que pode empurrar ao suicídio pastoral é o peso da prontidão. A palavra "velam" é "agrupneo" que significa "estar acordado", "permanecer acordado", "vigiar", "estar circunspecto", "atento", "pronto". Só essas definições nos cansam de pensar nas implicações dessa responsabilidade de cuidar das ovelhas.

E de fato muitos pastores, por amor e não quererem magoar suas ovelhas, literalmente mal dormem. Ficam em estado "on call", 24 horas por dia prontos para suas ovelhas. E por não colocar limites nessa relação, as ovelhas produzem demandas que são impossíveis de dar conta. Tudo o que acontece com a ovelha, mandam whatsapp, ligam, vão à igreja, sua casa e algumas inclusive esperam uma reunião acabar para falar com ele. E são coisas como divórcio, comprar um carro, filhos desobedientes, marido que não dormiu em casa, maconha na mochila do filho, sogra que falou da nora, e...

3. A PRESTAÇÃO DE CONTAS

"... como quem deve prestar contas".

E isso pesa!

Um dos significados desse prestar contas tem a ver com dinheiro: "débito", "salários", "tributo", "impostos" e o outro com palavra empenhada: "coisas prometidas sob juramento" e "dever". Ou seja, é a pressão de prestar conta do salário que recebe como se isso fosse uma dívida para as ovelhas que pagam. Viver dignamente, poder criar os filhos de modo honroso, tirar férias para descansar, celebrar a vida é quase sempre estar debaixo de algum olhar suspeito das ovelhas, especialmente nos dias atuais onde muitos pastores falam mais de dinheiro em seus púlpito do que de Jesus e seu Evangelho.

Também vive debaixo da pressão que se auto impõe pelo fato do "juramento" que fez diante de Deus de ser fiel até a morte", o "dever" cumprido, pois além de prestar contas para as ovelhas, acima e antes de tudo sabem que prestam contas para Deus. Pastores sabem que Deus tudo sabe! E sabem que não conseguem se escapar de Deus que sonda suas motivações.

4. O PRAZER E A DOR

"... para que façam isto com alegria e não gemendo".

Mais uma possível causa de suicídio: essa tarefa pastoral de velar e prestar contas deveria ser um processo de "alegria", "satisfação", "causa ou ocasião de alegria", "de pessoas que são o prazer vocação pastoral". Mas essa tarefa pastoral também produz muita dor se transformando no gemido dos pastores.

Gemido é "stenazo" traduzido em seu "suspirar" e "gemer". É um ministério pastoral tão pesado que traz descompasso na respiração, precisando de tempo em tempo encher os pulmões para empurrar um suspiro para fora como sinal de agonia.

E a questão, a velha questão, é essa: "com quem um pastor pode abrir o coração para falar de suas agonias?".

Se abre o coração com um colega da mesma denominação corre o risco de um dia este estar em uma condição política que possa prejudicá-lo;
Se abre o coração com uma ovelha corre o risco de estar sendo motivo da conversa do almoço ou reunião de oração;
Se abre o coração com a esposa/marido corre o risco de imputar uma carga pesada demais e assim trazer mais agonia.

E assim, pouco acaba abrindo seu coração e corre para Deus. E vai fazendo do ministério um constante Getsêmani pastoral! Ali transpira sangue, ora clamando para que Deus passe dele esse cálice, enquanto as ovelhas dormem sossegadas "a um tiro de pedra".

"Prazer e dor" são as companheiras inseparáveis de um pastor. Num mesmo dia a alegria de criança que nasceu e o enterro de uma ovelha que partiu. Vai do alto para baixo, numa gangorra de sentimentos que exige equilíbrio e serenidade o tempo todo!

5. A UTILIDADE PASTORAL

"... porque isto não aproveita a vós outros".

Esse é outro motivo forte para o suicídio pastoral: - "estou sendo útil?"
É o medo e ansiedade de saber se seu ministério esta sendo "proveitoso", não "prejudicial", e "pernicioso". Esses são os sentidos da expressão "não aproveita".
Diante da resistência e insubmissão das ovelhas, o peso da prontidão, a prestação de contas, a relação entre prazer e dor, que utilidade tem tudo isso? Vale mesmo a pena ser pastor? Não seria melhor para mim abrir uma empresa, ir para o comércio, não receber salário da igreja, acabar de uma vez com essa pressão denominacional, etc?

Para refletir...
E de fato, se o ministério pastoral é apenas Getsêmani é pesado demais. Muitos pastores se esquecem que "Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo"(Ef 5:23), que "a igreja está sujeita a Cristo" (Ef 5:24), que "Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou" (Ef 5:25), que fez tudo isso "para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra" (Ef 5:26), como também "para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito" (Ef 5:27).

Cristo ainda disse eu "edificarei minha igreja" (Mt 16:18). A igreja é de Jesus e não dos pastores. E é necessário entender que se a igreja é dEle, os problemas também são, as alegrias também são, os recursos (poucos ou muitos) também são.

Pastores querem carregar a igreja nos ombros sendo que Jesus já a carregou na cruz! Se Jesus já morreu pelas ovelhas, nenhum pastor precisa se matar por causa delas!

Pastor(a), fique firme e por favor procure ajuda se pensamentos suicidas passam pela sua cabeça. Não sofra em silêncio!

Ovelhas, obedeçam e respeitem seus pastores, pois o gemido deles em nada te servirá. Basta as intempéries da tarefa pastoral. Não seja você um motivo para pensamentos suicidas de seu pastor. Cuide disso! Que Deus, por meio do poder do Seu Espírito, conceda a nós, pastores, a graça que Paulo almejou para o pastor Timóteo:

"Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus" (2 Tm 1:1).

Em 1 de agosto de 2010 a www.PastorBurnout.com como também New York Times revelou o seguinte:
"Os membros do clero agora sofrem de obesidade, hipertensão e depressão a taxas superiores à maioria dos americanos. Na última década, o uso de antidepressivos aumentou, enquanto sua expectativa de vida caiu. Muitos poderiam mudar de emprego se pudessem".

Veja os dados:

13% dos pastores ativos são divorciados.
23% foram demitidos ou pressionados a renunciar pelo menos uma vez em suas carreiras.
25% não sabem o que fazer quando tiverem problemas na família ou um conflito ou problema pessoal.
25% das esposas dos pastores vêem o horário de trabalho do marido como fonte de conflito.
33% sentiram-se queimados nos primeiros cinco anos de ministério.
33% dizem que estar no ministério é um risco absoluto para a família.
40% dos pastores e 47% dos cônjuges sofrem de burnout, horários frenéticos e/ou expectativas pouco realistas.
45% das esposas dos pastores dizem que o maior perigo para eles e sua família é o desgaste físico, emocional, mental e espiritual.
45% dos pastores dizem que experimentaram depressão ou burnout ao ponto de precisavam tirar uma licença do ministério.
50% sentem-se incapazes de atender às necessidades do trabalho.
52% dos pastores dizem que eles e seus cônjuges acreditam que estar no ministério pastoral é perigoso para o bem-estar e a saúde de sua família.
56% das esposas dos pastores dizem que não têm amigos íntimos.
57% deixariam o pastorado se tivessem algum outro lugar para ir ou alguma outra vocação que pudessem fazer.
70% não têm amigos próximos.
75% relatam estresse severo causando angústia, preocupação, perplexidade, raiva, depressão, medo e alienação.
80% dos pastores afirmam ter tempo insuficiente com o cônjuge.
80% acreditam que o ministério pastoral afeta negativamente suas famílias.
90% se sentem desqualificados ou mal preparados para o ministério.
90% trabalham mais de 50 horas por semana.
94% sentem-se sob pressão para ter uma família perfeita.
1.500 pastores deixam seus ministérios todos os meses devido ao esgotamento, conflito ou falha moral.

Deu para entender?

Alguns tópicos sobre suicídio de pastores:

Em inglês
https://www.thegospelcoalition.org/...
https://www.washingtonpost.com/news...
http://briandoddonleadership.com/20...
http://www.lifeway.com/pastors/2015...
https://www.charismanews.com/opinio...

Em português
http://sepal.org.br/blog-sepal/suic...
http://ultimato.com.br/sites/casame...
http://www.evangelhoinegociavel.com/...
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2...


• Jorge Henrique Barro é diretor (Desenvolvimento Institucional) e professor da Faculdade Teológica Sul Americana. Também assessor da Aliança Cristã Evangélica Brasileira.

Nota: Texto originalmente publicado pela Faculdade Teológica Sul Americana. Reproduzido com permissão.

Leia mais
» Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento – A resistência de Jó em meio à dor

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