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Opinião

Perguntas e respostas fundamentais sobre "Mulheres e Teologia"

Painel Mulheres e teologia

Por Erica Neves, Fernanda Melo Terra, Jacqueline Ziroldo, Marivete Zanoni Kunz, Prisca Lessa, Priscila Vieira-Souza, Viktorya Zalewski Baracy

É perceptível o aumento da atuação de mulheres no campo da teologia. Sem dúvida, hoje o número de mulheres que ensina, estuda, faz teologia é maior do que no passado. E isso é motivo de celebração!

Ultimatoonline publica a partir de hoje o painel “Mulheres e Teologia” com a participação de várias convidadas, que, de alguma forma, estão envolvidas com a teologia. Preparamos perguntas específicas para cada uma delas, na tentativa de tratar deste tema de forma mais ampla.


As mulheres se dedicam mais à teologia nos dias atuais do que antes?
As mulheres sempre estiveram presentes na história da igreja, principalmente nos bastidores. Por isso, seus feitos são pouco conhecidos e precisamos de mais pesquisadoras na área, como a historiadora Rute Salviano Almeida que escreve diversos livros sobre as mulheres cristãs ao longo da história. Um exemplo disso é a esposa de Lutero, Catarina de Bora, que foi essencial no processo da Reforma Protestante, mas poucos a conhecem.

Houve algumas mudanças na atuação feminina e na teologia logo após a Revolução Industrial quando as mulheres se envolveram mais nos trabalhos de caridade e um pouco menos nos estudos teológicos, como aponta Nancy Pearcey, mas temos visto uma mudança e retomada das mulheres na teologia, principalmente pelo aumento de seminários e cursos on-line que contribuem para a organização dos estudos de mulheres que amam a Palavra e têm inúmeras outras atividades.
Fernanda Melo Terra


Os seminários costumavam oferecer o curso de Educação Religiosa para mulheres e o curso de teologia era destinado aos homens. As coisas mudaram hoje?
A atuação da mulher no meio teológico sofreu mudanças num processo natural. No decorrer da história elas entenderam seu chamado e decidiram preparar-se para atuar, o que levou as instituições a olharem o currículo não pensando nas questões de gênero, mas no preparo das pessoas para o ministério de forma geral.

Um exemplo é o número de mulheres atuando como docentes em Bíblia, que, embora ainda reduzido, tem crescido. Em relação às discentes, as instituições observaram que o número de mulheres está crescendo e as vezes ultrapassa o número de homens inscritos. Talvez o aumento tenha ocorrido porque muitos evidenciaram ser necessário fazer teologia, a partir de um olhar feminino. Mas não creio que a teologia deva ser feita, a partir deste ou daquele olhar, pois todos são significativos, bem como deficientes. Assim, a compreensão de fazer um currículo que prepare a pessoa vocacionada tem sido significativo para o aumento de mulheres nos cursos de teologia. A preocupação com o fazer teológico, os aspectos acadêmicos e as experiências de vida de cada um, têm resultado em mais mulheres se preparando. Mas, muito ainda pode ser feito e as comunidades religiosas podem abrir suas portas para atuação deste grupo que já tem trabalhado muito!
Marivete Zanoni Kunz


Por que a teologia importa?
A teologia importa porque ela atua como uma "diaconia do pensar". Em relação ao contexto protestante (que tem como base principal as Escrituras Sagradas), a teologia é uma resposta à fé em Cristo e assim atua em serviço a Deus e ao próximo. É no estudo comunitário, guiado pelo Espírito Santo, que podemos entender melhor a mensagem da Palavra, conhecer mais sobre o caráter de Deus e assim superar os desafios pessoais e coletivos. Um exemplo bastante prático: através de estudos teológicos, pude compreender que Deus se importa com aqueles que sofrem injustiças (Ex 22.21-3; Sl 9.9; 10.18; 140.12), o que me fez entender que Ele não estava indiferente a certos eventos dolorosos que eu havia passado - Ele é o Deus que me vê (Gn 16.13) e ouve (v. 11). Esse entendimento curou meu coração em relação a abusos no passado e também cura o coração de outras mulheres.


Há beleza na teologia?
Haverá beleza na teologia quando ela nos impulsionar a praticar os dois grandes mandamentos: amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a nós mesmos. Se partirmos desses princípios, iremos nos fascinar diariamente ao conhecermos mais as Escrituras: seja ao descobrir um jogo de linguagem da poesia hebraica, o contexto das cartas paulinas ou o agir de Deus nas entrelinhas da história com seu povo. A aplicação de princípios também será coberta de misericórdia. A teologia, no entanto, será deplorável se encararmos Deus como um objeto de laboratório que podemos controlar, ou quando não tratarmos o próximo como gostaríamos de ser tratados (Mt 7.12) e usarmos a Bíblia com propósitos cruéis. Mesmo o diabo sabia usar versículos soltos (Mt 4.6).
Viktorya Zalewski Baracy


O fato de mulheres – em várias denominações – não terem acesso permitido ao púlpito é um motivo de muitas não se aprofundarem em estudos teológicos?
Acredito que a falta de interesse de muitas mulheres pelos estudos teológicos está relacionada ao fato de que muitas ainda possuem a visão equivocada de que teologia é algo meramente acadêmico e exclusivamente necessária para o exercício do ofício pastoral ou de liderança eclesiástica. Nos últimos anos, essa visão tem sido gradativamente modificada, mas acredito que ainda há um longo caminho a se percorrer. As mulheres devem ser encorajadas ao estudo teológico para que possam servir com excelência, seja qual for sua área de atuação. A teologia não se restringe a um único campo, pelo contrário, sendo a “rainha de todas as ciências”, ela é útil para promover conhecimento e direcionamento em todas as áreas da vida, seja dentro ou fora do lar. Estou convicta da importância da teologia para a nossa vida ordinária, ela nos ajuda na construção de uma cosmovisão fundamentada nas Escrituras, em nossa devoção e em nossas decisões práticas diárias.
Prisca Lessa


O que há de teologia na arte e de arte na teologia?
Cântico de Miriam, Salmos, Lamentações, Cântico de Maria e tantos outros textos bíblicos são exemplos dessa co-fusão: são música e/ou poesia e estariam, portanto, no campo da Arte? Ou são registros teológicos?

Arte e teologia se co-fundem de modos diversos. Ambas são expressões humanas que tocam o sublime. Uma das formas mais intensas de fusão é enquanto linguagem.

Arte e teologia se encontram ainda no campo das indefinições, do desafio de fixar uma compreensão dos termos que seja ao mesmo tempo adequada e suficientemente abrangente. Por isso a provocação de que sejam, antes, linguagem.

Outro ponto de encontro é enquanto prática humana, um fazer em busca de sentido, de significados coletivos, sociais, que apontam para além dos indivíduos, além do humano. Por isso, são linguagens e práticas que permanecem, perduram e resistem à passagem do tempo.

Por óbvio, ambas possuem especificidades e nem sempre caminham juntas. Poderia dizer que a arte tem mais possibilidades fora da teologia do que a teologia teria sem a arte. Mas que, quando se fundem, criam potentes expressões de humanidade e de sua relação com Deus!

Compõem linguagens e práticas na busca por expressar o que na condição humana participa do divino ou que e como Deus habita e participa em nós.
Priscila Vieira-Souza


É possível ter uma "atitude teóloga" sem fazer um curso de teologia?
Martinho Lutero, certa vez, disse que “todos somos chamados de teólogos, assim como todos somos chamados de cristãos”. A razão para isso é simples: sempre que pensamos ou falamos sobre Deus, o fazemos a partir de pressupostos teológicos. É importante lembrar ainda que o que cremos sobre Deus, sobre o propósito para o qual fomos criados e sobre o que significa uma “boa vida”, forma nossa visão do mundo e tem consequências muito práticas em nossas vidas. A questão, portanto, não é se é possível “ter uma atitude teóloga” sem fazer um curso de teologia, mas se a qualidade da nossa teologia será boa ou ruim.


A teologia ajuda a ver a sociedade e seu tempo de uma maneira nova?
“Eu acredito no cristianismo como acredito que o sol nasce todo dia. Não apenas porque o vejo, mas porque através dele eu vejo tudo ao meu redor.” C. S. Lewis.

A famosa frase de C. S. Lewis ajuda a elucidar bem a questão. Nossa fé é a moldura por meio da qual informamos o que vivemos. Não raro, dizemos professar algo, mas nossos pressupostos mais básicos, aquilo que dá sentido à nossa vida, aponta para uma direção contrária ao que professamos. Para Kevin Vanhoozer, “A teologia, fundamentalmente, existe para servir e preservar a integridade do ‘espetáculo’ da igreja para o mundo”. Sob esta perspectiva, a teologia serve e preserva a integridade do drama que encenamos cotidianamente em nossas esferas particulares e comunitárias. Tal drama tem Deus como protagonista e dramaturgo e aponta para a grande história da Salvação.
Erica Neves


Há algo na teologia que as mulheres conseguem perceber com mais sensibilidade que os homens?
Sim, acredito que como em todas as outras áreas da sociedade, na teologia o olhar da mulher é diferenciado. As teólogas tendem a perceber as vozes dos excluídos, as falas dos que não são protagonistas, as opressões latentes. Isso acontece desde a leitura da Bíblia como na vida social.

Costumo pensar, e dizer, que Jesus entendeu as mulheres e suas dores de forma contundente. Que Jesus alcançou as mulheres em toda a complexidade da sua época. E hoje é esse Jesus que prego, que ensino, que encontro na teologia.


As mulheres fazem teologia porque querem ocupar algum espaço – um novo espaço – na igreja ou na comunidade? Ou quais são os motivos pelos quais se dedicam à teologia?
Entendo que as mulheres querem fazer teologia por motivos diversos.

Sem dúvida queremos alcançar novos espaços nas igrejas. Espaços onde as nossas vozes sejam reconhecidas de verdade. Sair do espaço da eterna subalternidade dos homens.

A opressão a mulher, infelizmente, perpassa a igreja de forma geral. Igreja/comunidade em que a mulher se dedica tanto, mas que sempre cumpre papel de coadjuvante.

Mas não acho que seja só isso. Penso que atualmente as mulheres estão se dedicando à teologia porque perceberam que podem e devem fazer isso. Trata-se, também, de um reflexo da sociedade – em que nos sentimos livres para em fazer o que quisermos fazer, para buscar o conhecimento que queremos buscar. Então, a vontade pelo conhecimento teológico "aparece" como uma vontade que, por muito tempo, podia estar reprimida dentro de muitas mulheres.

Enfim, são vários os motivos que podem levar uma mulher a fazer teologia, mas eles são motivos que mostram que somos livres e capazes para escolher esse caminho.
Jacqueline Ziroldo



Participantes
  • Erica Neves, 35 anos, assessora de comunicação e professora de teologia. Tem graduação e mestrado em comunicação e curso de comunicação transcultural no Hald International Center, Noruega. É casada com o Fred, mãe do Pedro e da Mariana e mora em Goiânia, GO. Durante a graduação em comunicação, Erica fez parte da Aliança Bíblia Universitária (ABUB), tempo em que aprendeu a estudar a Bíblia e a ler livros de teologia. De 2012 a 2023, trabalhou como assessora de comunicação em uma agência humanitária confessional cristã, atuando cotidianamente com líderes de diversas denominações. Em 2021 e 2022 foi aluna das tutorias essencial e avançada no Invisible College, escola em que também é professora nos cursos “Sabedoria no Caos”, “Teologia pro Cotidiano” e “Mulheres em Missão”. Instagram: @erica_mrneves
  • Fernanda Melo Terra, iniciou os estudos em teologia no Seminário Evangélico Betel Brasileiro em 2014 e, em 2018, iniciou o MDIV em estudos bíblicos e pastorais no seminário Servos de Cristo. Seus estudos são focados na teologia bíblica, estudo do grego koiné e se preparo para o biblismo. Na Igreja, atua na área de educação e liderança de jovens, que são as áreas em que pode colocar em prática o conhecimento teológico e compartilhar os aprendizados com os irmãos na fé. Instagram:@fernanda_mterra
  • Jacqueline Ziroldo é mãe, docente, pesquisadora. Socióloga, mestre, doutora, e tem pós-doutorado em ciências da religião.Atualmente é docente e coordenadora no mestrado profissional em teologia da Faculdade de Teologia Sul Americana (FTSA).
  • Marivete Zanoni Kunz, começou seus estudos de teologia cursando bacharel nas Faculdades Batista do Paraná, em 1997. Também fez graduação em pedagogia e pós-graduação em teologia. Depois, fez mestrado e doutorado na Escola Superior de Teologia e pós-doutorado na PUC / PR. Hoje leciona na Faculdade Batista Pioneira e nas Faculdades Batista do Paraná e sua área de atuação tem sido “Bíblia”.
  • Prisca Lessa, teóloga, escritora e professora da Bíblia, líder e fundadora do ministério Teologia Para Mulheres, cujo propósito é encorajar as mulheres a estudarem teologia, de maneira simples e acessível. Me formei em Teologia no ano de 2016, no Seminário Teológico Sul Brasileiro, em Vargem Grande Paulista-SP. Atualmente tenho me dedicado ao ministério de ensino teológico por meio do Teologia Para Mulheres, com a produção de conteúdos, e-books, cursos e programações on-line. Instagram:@priscalessa
  • Priscila Vieira-Souza, 42 anos, jornalista, doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, Consultora Editorial na ABU Editora, casada, mãe de uma linda menina, mora atualmente em Londres, Reino Unido. Priscila cursou teologia na Faculdade Teológica Sul-Americana (FTSA). A teologia participa nas práticas pastorais e nas decisões editoriais na atuação junto à ABU Editora. Twitter: Pri_Vis e Insta: pris.socialmedia.
  • Viktorya Zalewski Baracy, estudante de teologia na Faculdade Luterana de Teologia (FLT), junto com seu marido, Nicksson. Pesquisa, desde 2021, sobre mulheres no ministério. É professora de alemão formada em Letras - Português/Alemão pela UFRGS e mestre em Letras - Alemão como Língua Estrangeira pela UFPR. Twitter e instagram: @vikzalewski

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