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Opinião

Depressão e cristianismo – Comunidades de fé como instrumentos e não perturbadores – parte 2

Por Aline J. M. Cho, André T. C. Chen, Giovanni Hsiao e Wu Tu Hsing em nome da Associação Médica Ágape
 
As comunidades de fé precisam estar preparadas para abordar as questões emocionais e mentais de seus membros. Infelizmente, falta de conhecimento, preconceito e discipulado inadequado por vezes impedem que muitos cristãos encontrem restauração em suas comunidades. Esse é um assunto que envolve toda a comunidade cristã, não apenas sua liderança.
 
1. Muitos cristãos com transtornos psiquiátricos sofrem pela falta de conhecimento em saúde mental de seus companheiros cristãos. Raramente diabéticos são instruídos a parar de tomar insulina quando se tornam cristãos, mas esse conselho não é incomum para pessoas com depressão ou outros transtornos de saúde mental! É essencial que essas pessoas continuem a buscar ajuda psiquiátrica e psicológica adequada, e tenham incentivo da comunidade para manter o tratamento e o acompanhamento.
 
2. A igreja precisa reduzir o estigma em relação aos transtornos mentais. É necessário destacar a todos da comunidade, inclusive aos líderes, que a depressão é uma condição médica real, que envolve questões biológicas, psicológicas e espirituais, evitando culpar a pessoa deprimida por sua condição. Uma sugestão prática é promover conversas e grupos de apoio sobre fé e depressão.
 
3. Com frequência pessoas que vêm à igreja com quadros mentais graves recebem respostas superficiais ou banais para seus problemas – o equivalente psicológico de Tiago 2.15. A igreja deve oferecer um aconselhamento bíblico informado e compassivo, pronto para ouvir atentamente. Ao identificar a causa subjacente dos sintomas, deve buscar restaurar relacionamentos e significado. Por outro lado, ao suspeitar de uma doença mental desassistida, o aconselhador deve encaminhar para avaliação médica especializada. Posturas reducionistas de enxergar a questão como meramente espiritual, ou meramente física, podem ser danosas.
 
4. As comunidades de fé devem oferecer suporte social na recuperação, proporcionando um ambiente de compreensão, encorajamento e esperança. O ministério de Jesus na terra cumpriu as palavras do profeta Isaías, “não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante (...), em seu nome as nações porão sua esperança” (cf. Mt 12.20-21). Como discípulos do Mestre, nossas comunidades igualmente devem ser marcadas pela humildade, misericórdia e paciência para com os quebrados. Nos primeiros séculos da igreja do Novo Testamento, as comunidades de fé eram fontes inestimáveis de apoio. Ainda hoje elas estão entre os lugares mais naturais em nossa sociedade para encontrá-lo. Ao nomear a depressão e oferecer significado em meio ao sofrimento, a igreja pode se tornar um refúgio para os que lutam contra este quadro. Uma comunidade cristã amorosa e comprometida com a missão de Cristo pode ser o meio mais eficaz para ajudar pessoas a se recuperarem de sua depressão, reduzindo o estigma e oferecendo o apoio necessário. Suprir aspectos práticos no contexto individual, como ajuda em reparos domésticos, aconselhamento financeiro, também podem ser de grande valor no processo de cura da depressão. Orem no Espírito para perceber as reais necessidades. Façam aos outros o mesmo que vocês querem que eles façam a vocês (Lc 6.31).
 
C. acreditava que sua depressão fora causada por sua falha como marido e pai, dedicando 80 horas semanais ao trabalho. Conforme procurou o conselho dos irmãos, compreendeu que o trabalho não era a causa do fracasso de seu casamento ou da sua depressão. Na verdade, ele encontrava alívio no trabalho e, com o apoio da igreja, reconheceu seu chamado espiritual no trabalho secular. Ele não tinha clareza sobre a razão de todas as coisas; sua comunidade não vendeu uma psicologia positiva vazia, desencorajando qualquer tipo de comentário negativo ou coisa que não fosse um semblante sorridente de confiança. Pelo contrário, acolheu-o sem julgamentos e tolerou as incertezas.
 
C. descobriu como sua história de estar perdido e, eventualmente, ser redimido, se encaixava com a história redentiva da salvação. Ele havia sido apenas um cristão nominal até adoecer. Após a depressão, passou a ser mais proativo, a estudar mais e orar mais. Junto ao tratamento médico e psicológico, isso levou a uma melhora discreta, porém gradual e consistente dos sintomas. C. aprendeu a nomear sua dor, compreender sua jornada de fé, que nos momentos de grande dificuldade (embora não pôde perceber durante a depressão no seu período mais crítico), outros o acompanhavam nessa jornada.
 
Embora seja verdade que muitos cristãos têm depressão, pode haver melhora com o apoio e as intervenções adequadas. No contexto pós-pandemia, com o aumento da prevalência de ansiedade, depressão e suicídio1, uma comunidade viva, comprometida e compassiva é mais importante do que nunca. A igreja pode ser o povo em que as pessoas deprimidas encontram apoio e cura. Como corpo de Cristo, devemos nos envolver nesta busca pela restauração, “porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”. 
 
 
Notas
1. Ettman CK, Abdalla SM, Cohen GH, Sampson L, Vivier PM, Galea S. Prevalence of depression symptoms in US adults before and during the COVID-19 pandemic. JAMA Netw Open. 2020;3(9). doi:10.1001/jamanetworkopen.2020.19686
 
  • Aline Jimi Myung Cho (MD) é membro da Igreja Presbiteriana Yonhap, médica psiquiatra geral e da infância e adolescência, vice-coordenadora clínica do Ambulatório do Desenvolvimento dos Relacionamentos e das Emoções no Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP. 
  • André Tsin Chih Chen (MD, MDiv, PhD) é membro da Igreja Presbiteriana do Caminho; médico radio-oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, HC-FMUSP; coordenador de Pesquisa Clínica do Departamento
  • Giovanni Hsiao (MD) é um cristão buscando viver sua vocação de forma redentiva em um mundo em sofrimento; é membro da Igreja Presbiteriana Vida Nova de São Paulo e médico psiquiatra pelo HC-FMUSP.
  • Wu Tu Hsing (MD, PhD) é pastor titular da Igreja Presbiteriana de Formosa do Brasil TAI-AN; Professor Doutor da Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da FMUSP; diretor do Centro de Acupuntura do IOT/HC/FMUSP

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