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Opinião

Arte: esqueça para lembrar

Arte: o chão de nossa caminhada

“A sabedoria precisa de esquecimento. Esquecer é livrar-se dos jeitos de ser que sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito como são. Não. Não é preciso que as coisas continuem a ser do jeito como sempre foram.” (Rubem Alves)*
 
Quando era menino, um quadro na sala do meu médico sempre me chamava atenção. Conhecida como “Rosa e Azul”, o verdadeiro nome da tela é “As Meninas Cahen d'Anvers” (1881) (imagem ao lado).
 
O autor desta pintura é o francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), geralmente associado pelos historiadores de arte com a escola impressionista. O quadro foi uma encomenda feita pelo pai das meninas (Alice e Elisabeth), um rico banqueiro. No entanto, os pais guardaram depois o quadro em algum canto de sua mansão. A obra foi redescoberta décadas mais tarde e comprada por Assis Chateaubriand (o "Chatô").
 
Quando vi esse quadro (na verdade, um pôster desbotado, emoldurado e mal pendurado na parede) no consultório de meu pediatra, nada sabia sobre as técnicas empregadas pelo artista ou suas cores preferidas, o rosa e o azul (daí o “pseudônimo” do quadro, por serem elas tão evidentes). Minha sensação foi de estranheza, pois achava que as meninas “brilhavam muito”. Lembro-me também que o semblante das meninas me chamava atenção, em especial daquela que vestia rosa. Por que ela estava triste? Era o máximo que conseguia extrair da pintura naqueles momentos. Mas, de alguma forma aquela imagem prendeu meus olhos.
 
Há uma semana estive no Museu de Arte de São Paulo (MASP), e descobri que é lá que esta obra se encontra atualmente. Aos 37 anos reencontrei As Meninas de Renoir! Novamente a tela prendeu minha atenção. Fiquei olhando por vários minutos (podia ter sido horas), pois tentei absorver cada detalhe que, enquanto menino, não entendia, como por exemplo, a técnica de pontilhismo empregada: vendo de perto, milhares de pequenos pontos sem sentido algum; vendo de longe, a imagem das duas meninas, seus vestidos, a sala onde se encontravam, a cortina, o tapete...
 
Além disso, pude associar essa tela a outras que se encontravam no MASP, além de outros artistas que também se valeram das ideias impressionistas: Monet, Manet, Eliseu Visconti (tela abaixo).
 

Lembrei-me também dos músicos denominados como impressionistas e “ouvi” mentalmente alguns temas de um dos meus compositores favoritos, Claude Debussy (aqui, o 1º. Movimento de O Mar, regido pelo italiano Claudio Abbado) a partir do vislumbre destas lindas telas originais.

As questões que ficam: para apreciar uma pintura, é necessário ter informação antecipada sobre o artista, a obra, as técnicas, o contexto histórico? Não é possível apenas ver, sentir?
 
Sim, acho possível um apreciar intenso de leigos sobre uma pintura como essa. Acho também que o fato de não estarmos “contaminados” com tanta informação pode nos levar a interpretações tão ou mais interessantes do que aquelas descritas pelos críticos, historiadores e curadores. Quem sabe o “desaprender” que Rubem Alves reverencia não deva, de fato, ser por nós praticado para que novas experiências com a arte nos tomem de assalto? Acredito nisso. 
 
Mas creio também que todas as informações que possuo hoje sobre Renoir ou o impressionismo me levam a lugares onde os leigos também não podem ir ao se depararem com suas obras. No entanto, são apenas estradas. Apesar do itinerário diferente ambas podem levar ao mesmo destino: edificação pessoal.
 
E para os que se perguntam: e o que Deus tem a ver com isso? Por que este texto em uma publicação de cunho protestante? Espero vocês no próximo texto. Caminhemos...

 
Nota
*ALVES, Rubem. A escola que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas: Papirus, 2005, p. 51.

 
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É músico, historiador, educador, escritor e revisor pedagógico de História. Seu trabalho musical principal é o Baixo e Voz, que já conta com 21 anos, cinco CD's e um DVD. Mestrando em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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