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Palavra do leitor

Um retorno difícil, porém, libertador.

Depois de mais de um ano conhecendo o norte da África, a viagem pela Ásia Menor já dura seis meses. A região é, de fato, fantástica. O mundo parece se encontrar aqui. Negócios e acordos são firmados a toda hora e turistas não param de transitar pelas cidades principais. Não fiz muitos amigos, apenas alguns interessados em obter vantagens sabendo da minha origem. Na minha última travessia pelo mar Negro quase naufragamos. No mar mediterrâneo barcos saqueadores de piratas tentaram, sem sucesso, atacar o navio no qual viajávamos para Esmirna. A sensação de liberdade é algo que eu sempre quis experimentar, porém, agora, me vejo envolto de muitas perguntas inquietantes: como está papai? Será se mamãe se recuperou da última crise de depressão? E meu irmão Abiel, como estará cuidando sozinho dos negócios da família? Devo enviar uma carta para eles dizendo onde estou? O que fazer se meus planos não derem certo e o dinheiro da herança acabar? E se meus pais morrerem?

[Estas eram algumas das perguntas que Baruch se fazia durante sua viagem-aventura que empreendia numa tentativa de se sentir autossuficiente e empoderado depois de ter saído de casa com a parte da herança que lhe cabia. Esta é uma estória imaginária sobre quem seria e o que fez o filho pródigo, personagem de uma das parábolas mais famosas contadas por Jesus. Os nomes são fictícios e o panorama tenta mostrar um pouco do contexto no qual se passa a parábola.]

Ao chegar ao meu próximo destino, Bursa, me deparei com uma situação completamente diferente da qual imaginava. A crise econômica na cidade era profunda e o caos começava a se alastrar pelas ruas. Faltavam recursos básicos, a violência imperava, a prostituição era uma prática normal, a mendicância alcançava grande parte da população. No hotel, ao contar minhas reservas financeiras, descubro que tenho bem menos do que imaginava. Das três sacolas, há apenas duas. Terei sido roubado no meio daquela multidão no desembarque? Me olho no espelho e me percebo mais velho. O cansaço é visível. Onde está aquela alegria do dia em que meu pai, o velho Chaim, deu-me minha parte da herança e me abençoou na minha jornada? Por que meu entusiasmo não parece mais o mesmo? Uma lágrima começa a escorrer, vagarosamente...O que estou fazendo com minha vida?

Os dias solitários e a falta de direção são agora minha realidade. O dinheiro se acabou. Pela primeira vez experimento a fome. As portas estão fechadas. Minha aparência já é de um mendigo e sou confundido com os tantos que perambulam pelas praças. Consigo um trabalho temporário de alimentador de porcos, apenas por um prato de comida. A milhares de kilômetros de distância, agora sinto saudades do aconchego do meu lar, do meu quarto, do carinho de meus pais. Mas, voltar pra casa seria reconhecer meus erros. Como vencer meu orgulho e tomar essa decisão? E caso volte, serei eu ainda aceito pelo meu pai?

A viagem de volta é dura. Milhões de pensamentos e dúvidas me rondam a cabeça. Dois anos depois de sair de casa, orgulhoso, arrogante, rebelde, retorno à casa de meus pais na esperança de ser, pelo menos, um servo que possa ter uma vida digna. Só pensei em mim mesmo. Meu mundo era eu. A caravana que vai para Belém parte ao meio-dia. Depois de uma semana de barco e quatro dias de caminhada, as portas da cidade se aproximam. O coração está palpitante. O que ou quem me aguarda? Caminho mais alguns quilômetros pelo sol escaldante da Palestina. De longe vejo algumas casas. Um pouco mais, minha rua. Muitas lembranças do tempo em que corria pelas ruas com meu irmão vêm à mente. Trago poucos pertences. Quase nada sobrou. Porém, quase como uma miragem, observo alguém, de longe, sentado, como que esperando um outro alguém. Suas barbas longas e brancas e seu cajado são inconfundíveis. É meu querido pai. Alguns metros antes de alcançá-lo, ele vem correndo até mim. Seu sorriso e sua alegria ao me verem são como uma faca afiada adentrando meu coração soberbo. Seu forte abraço me diz que estou em casa e em segurança. As palavras não saem. Lágrimas dos dois lados se confundem e se comunicam.

Jamais imaginaria ser recebido com tanto amor e carinho. Como alguém que desprezou a família, que gastou parte da riqueza conquistada com tanto sacrifício, que abandonou seu lar pôde ser abraçado de volta e ainda ser reconhecido como filho? Durante toda minha vida tinha ouvido falar do amor incondicional de um certo Yaveh, mas somente hoje, diante da atitude de meu pai pude perceber e sentir esse amor, gracioso, imerecido.

O resto da história todos conhecem. Há uma grande festa para comemorar a chegada do filho mais jovem que estava perdido. A ovelha de volta ao rebanho. Este é o resumo da história do jovem Baruch, mas também poderia ser a nossa. Quando estivermos nos sentindo vazios e assim, buscarmos, desesperados, por uma saída para nossos dilemas, recebamos o convite que vem da boca do Mestre: "Vinde a mim, todos os que estão cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei". (Mt 11.28)
BrasÍlia - DF
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