Palavra do leitor
29 de outubro de 2025- Visualizações: 713
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Entre carteiras e livros: quando a diferença se torna visível
Era 1973, eu tinha apenas oito anos e estudava numa escola primária pública na periferia de São Paulo. Muito tímido, ainda não entendia alguns hábitos da escola. Tínhamos que ficar em pé quando a diretora entrava na sala, e questionar as regras rígidas era impensável – o castigo podia ser até físico. Vivíamos um tempo de medo e obediência, reflexo da ditadura militar que dominava o país. Mas, entre tantas lembranças daquele período, um episódio ficou gravado na minha memória e mudou a forma como eu via a diferença.
Era dia de prova no segundo ano primário quando, de repente, uma professora de religião entrou e perguntou quantas crianças eram protestantes. Hesitei em levantar a mão. Apenas um colega havia feito isso antes, e eu ainda não tinha certeza se minha fé se encaixava naquele nome. Ela repetiu a pergunta, agora mais calma, perguntando se havia algum aluno cujos pais frequentassem uma igreja cristã não católica. Foi nesse instante que percebi que se referia a mim. Ao ser levado para fora da sala, senti o peso de ser o único a seguir um caminho que ninguém mais parecia enxergar – como se me arrancassem de um lugar ao qual eu pertencia, apenas porque minha crença era diferente. Caminhei pelo corredor pensando em quantas vezes mais teria que explicar que eu não era católico, mas seguia outra tradição cristã.
A aula que se seguiu permanece viva na minha lembrança. A professora contou a história de uma criança injustamente acusada de roubar um objeto escolar de um colega e que precisou aprender sobre o perdão. Aquela narrativa, de alguma forma, refletia exatamente o que eu sentia naquele momento. Depois disso, nunca mais vi aquela professora na escola; não sei o que aconteceu com ela. Mas a lição que ficou em mim foi perceber que éramos muito poucos, nós, seguidores de outras tradições cristãs, naquela época, no extremo da zona leste da cidade. Ser diferente na fé era quase como ser um ser estranho, observado com curiosidade e, às vezes, desconfiança.
Hoje, muita coisa mudou. Seguir uma tradição cristã que não é católica já não causa tanto espanto – tornou-se parte visível da sociedade. Ainda assim, essa lembrança da infância mostra como a intolerância religiosa podia se manifestar de forma silenciosa, moldada por uma cultura que não aceitava o diferente. O tempo passou, a sociedade evoluiu, e hoje há mais liberdade para expressar a fé, seja ela qual for. Mas essa memória continua viva como um lembrete de que respeito e empatia precisam ser ensinados desde cedo, para que nenhuma criança se sinta excluída. E é nesse espírito de amor e inclusão que Jesus nos educa: Ele não nos rejeita, está sempre a nosso favor, e nos ensina a valorizar o outro, respeitando a diferença de crenças.
Era dia de prova no segundo ano primário quando, de repente, uma professora de religião entrou e perguntou quantas crianças eram protestantes. Hesitei em levantar a mão. Apenas um colega havia feito isso antes, e eu ainda não tinha certeza se minha fé se encaixava naquele nome. Ela repetiu a pergunta, agora mais calma, perguntando se havia algum aluno cujos pais frequentassem uma igreja cristã não católica. Foi nesse instante que percebi que se referia a mim. Ao ser levado para fora da sala, senti o peso de ser o único a seguir um caminho que ninguém mais parecia enxergar – como se me arrancassem de um lugar ao qual eu pertencia, apenas porque minha crença era diferente. Caminhei pelo corredor pensando em quantas vezes mais teria que explicar que eu não era católico, mas seguia outra tradição cristã.
A aula que se seguiu permanece viva na minha lembrança. A professora contou a história de uma criança injustamente acusada de roubar um objeto escolar de um colega e que precisou aprender sobre o perdão. Aquela narrativa, de alguma forma, refletia exatamente o que eu sentia naquele momento. Depois disso, nunca mais vi aquela professora na escola; não sei o que aconteceu com ela. Mas a lição que ficou em mim foi perceber que éramos muito poucos, nós, seguidores de outras tradições cristãs, naquela época, no extremo da zona leste da cidade. Ser diferente na fé era quase como ser um ser estranho, observado com curiosidade e, às vezes, desconfiança.
Hoje, muita coisa mudou. Seguir uma tradição cristã que não é católica já não causa tanto espanto – tornou-se parte visível da sociedade. Ainda assim, essa lembrança da infância mostra como a intolerância religiosa podia se manifestar de forma silenciosa, moldada por uma cultura que não aceitava o diferente. O tempo passou, a sociedade evoluiu, e hoje há mais liberdade para expressar a fé, seja ela qual for. Mas essa memória continua viva como um lembrete de que respeito e empatia precisam ser ensinados desde cedo, para que nenhuma criança se sinta excluída. E é nesse espírito de amor e inclusão que Jesus nos educa: Ele não nos rejeita, está sempre a nosso favor, e nos ensina a valorizar o outro, respeitando a diferença de crenças.
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