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31 de janeiro de 2022- Visualizações: 5304
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Uma pequena e outras maiores crônicas
Apresentação ao livro O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas
Por Edson Munck
O escritor Ivan Ângelo, no texto “Noite de autógrafos”, sinaliza muito bem as tensões que envolvem o gênero textual crônica. Que texto é esse que, a partir da efemeridade, consegue atingir a eternização do tempo? Com linguagem simples. Com cenas simples. Com aparência simples. É assim que uma crônica bem redigida tem a capacidade de direcionar nosso olhar para os lampejos de vida que estão no cotidiano.
Andanças atentas pelos distintos espaços do país e do mundo. Olhares dedicados às pessoas. O outro como mobilizador de reflexões e de experiências do eu. O desvelar do mistério e da vida que há no banal. Reflexões contínuas sobre a escrita. Traços proverbiais advindos das percepções vividas. É, em síntese, a partir desses pilares que a textualidade de Lissânder Dias se oferta nesta obra. Como um caleidoscópio constituído de pequenos pedaços de vida, o autor, a cada página, faz com que giremos os espelhos da existência para contemplar a beleza desses fragmentos de vida em pulsação. E tudo isso com um terno convite a uma espiritualidade cristã comprometida com o que se crê e com o que se vive.
A leitura das crônicas de Lissânder Dias é um convite à experiência de flagrantes do tempo que conduzem à eternidade. Em linhas gerais, sabe-se que o cronista é, sobretudo, uma pessoa atenta à vida. O dia a dia é marcado demais por distrações. A rotina tem o potencial de cegar o que está diante dos olhos. Assim, a arte da palavra, na crônica, tem como efeito nos reconduzir à observação atenta da vida que nos cerca a fim de nos espantarmos com aquilo que está perto de nós. Como bem observa o autor, em “Minha rua é de terra”: “ Nem sempre a realidade é algo novo. Mas é vida”.
O percurso de leitura aqui proposto perfaz quatro movimentos de experiência com a realidade. O primeiro, “Das verdades”, oferta-nos o delinear dos olhos do cronista, o qual expõe os fundamentos de sua caminhada. Em seguida, em “Das viagens”, esse olhar experimenta o mundo, enxergando e comunicando o real lá fora do eu. O terceiro movimento, “Do cotidiano”, volta-se sobre o tema basilar da crônica que é a vida em sua banalidade e em sua beleza. Por fim, “Dos afetos, dos escritos, da infância” é uma sugestão de, por meio da atenção ao dia a dia, mergulhar na riqueza das dinâmicas formativas do eu.
Para além do estilo cronístico evidente nos textos aqui compilados, Lissânder Dias se compromete a reverberar em suas letras a tríade percepção-reflexão-oração. Exemplo claro dessa tendência é o texto “A vida não tira férias”. A partir de um comentário sobre o texto bíblico de Filipenses 1.9-10, o cronista faz sua exegese sobre os dizeres do apóstolo Paulo: “Ele fala de um amor crescente, que gera conhecimento, percepção e discernimento. Amor que nos ensina a ver e a entender melhor a vida. Amor que une nosso corpo e alma em harmonia com o trabalho de Deus no mundo”.
E esse amor é que faz os olhos de Dias se lançarem sobre a vida. Nestas crônicas redigidas por aquele quem tem os dias como sobrenome, oferta-se a chance para nós, leitores e leitoras, de nos maravilharmos com o Eterno em meio ao ordinário de nossas vidas.
• Edson Munck Jr., professor, jornalista e escritor. Possui doutorado pelo PPCIR-UFJF e mestrado pelo PPG Estudos Literários UFJF. Mora em Juiz de Fora, MG.
Por Edson Munck
O escritor Ivan Ângelo, no texto “Noite de autógrafos”, sinaliza muito bem as tensões que envolvem o gênero textual crônica. Que texto é esse que, a partir da efemeridade, consegue atingir a eternização do tempo? Com linguagem simples. Com cenas simples. Com aparência simples. É assim que uma crônica bem redigida tem a capacidade de direcionar nosso olhar para os lampejos de vida que estão no cotidiano. Andanças atentas pelos distintos espaços do país e do mundo. Olhares dedicados às pessoas. O outro como mobilizador de reflexões e de experiências do eu. O desvelar do mistério e da vida que há no banal. Reflexões contínuas sobre a escrita. Traços proverbiais advindos das percepções vividas. É, em síntese, a partir desses pilares que a textualidade de Lissânder Dias se oferta nesta obra. Como um caleidoscópio constituído de pequenos pedaços de vida, o autor, a cada página, faz com que giremos os espelhos da existência para contemplar a beleza desses fragmentos de vida em pulsação. E tudo isso com um terno convite a uma espiritualidade cristã comprometida com o que se crê e com o que se vive.
A leitura das crônicas de Lissânder Dias é um convite à experiência de flagrantes do tempo que conduzem à eternidade. Em linhas gerais, sabe-se que o cronista é, sobretudo, uma pessoa atenta à vida. O dia a dia é marcado demais por distrações. A rotina tem o potencial de cegar o que está diante dos olhos. Assim, a arte da palavra, na crônica, tem como efeito nos reconduzir à observação atenta da vida que nos cerca a fim de nos espantarmos com aquilo que está perto de nós. Como bem observa o autor, em “Minha rua é de terra”: “ Nem sempre a realidade é algo novo. Mas é vida”.
O percurso de leitura aqui proposto perfaz quatro movimentos de experiência com a realidade. O primeiro, “Das verdades”, oferta-nos o delinear dos olhos do cronista, o qual expõe os fundamentos de sua caminhada. Em seguida, em “Das viagens”, esse olhar experimenta o mundo, enxergando e comunicando o real lá fora do eu. O terceiro movimento, “Do cotidiano”, volta-se sobre o tema basilar da crônica que é a vida em sua banalidade e em sua beleza. Por fim, “Dos afetos, dos escritos, da infância” é uma sugestão de, por meio da atenção ao dia a dia, mergulhar na riqueza das dinâmicas formativas do eu.
Para além do estilo cronístico evidente nos textos aqui compilados, Lissânder Dias se compromete a reverberar em suas letras a tríade percepção-reflexão-oração. Exemplo claro dessa tendência é o texto “A vida não tira férias”. A partir de um comentário sobre o texto bíblico de Filipenses 1.9-10, o cronista faz sua exegese sobre os dizeres do apóstolo Paulo: “Ele fala de um amor crescente, que gera conhecimento, percepção e discernimento. Amor que nos ensina a ver e a entender melhor a vida. Amor que une nosso corpo e alma em harmonia com o trabalho de Deus no mundo”.E esse amor é que faz os olhos de Dias se lançarem sobre a vida. Nestas crônicas redigidas por aquele quem tem os dias como sobrenome, oferta-se a chance para nós, leitores e leitoras, de nos maravilharmos com o Eterno em meio ao ordinário de nossas vidas.
• Edson Munck Jr., professor, jornalista e escritor. Possui doutorado pelo PPCIR-UFJF e mestrado pelo PPG Estudos Literários UFJF. Mora em Juiz de Fora, MG.
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