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Opinião

Os cristãos e o ambiente

Dez dicas para um desenvolvimento humano mais sustentável e equilibrado, respeitando o ambiente e a biodiversidade

Por Jorge Cruz

Muitos cristãos, ao longo dos séculos, expressaram através de inúmeras manifestações artísticas, como a música, a pintura ou a poesia, a sua admiração e gratidão pelas maravilhas da criação de Deus. Contudo, com notáveis exceções, como por exemplo Francisco de Assis (1182-1226), a atitude predominante dos cristãos em relação à natureza e ao ambiente, como a das sociedades em que viviam, era de exploração e utilização despreocupada dos recursos naturais em seu benefício. No entanto, foi apenas no início do século 18 que o mandato bíblico de Gênesis 1.28 foi interpretado como domínio absoluto sobre a natureza, precisamente quando, por influência do Iluminismo, a visão teocêntrica do pensamento religioso deu lugar a uma visão antropocêntrica baseada na razão humana. De qualquer modo, só nas últimas décadas, com o advento do movimento ecologista no final dos anos 60 e a crescente sensibilização dos cidadãos para os problemas ambientais, é que se tem assistido a um maior envolvimento de cristãos, de tradição católica e protestante, em iniciativas que visam a conservação da natureza e a proteção do ambiente.

Uma das primeiras vozes que se levantaram na comunidade evangélica, no início da década de 70, chamando a atenção para o problema da poluição e destruição da natureza, foi a do teólogo norte-americano Francis Schaeffer (1912-1984), principalmente na sua obra Pollution and the Death of Man: The Christian View of Ecology [Poluição e a morte do homem: a visão cristã da ecologia] (Tyndale House Publishers, 1970). Outro pioneiro na defesa do ambiente foi John McConnell (1915-2012), um cristão norte-americano de tradição pentecostal, que com o apoio do senador Gaylord Nelson apresentou às Nações Unidas uma proposta para consagrar um dia ao planeta em que vivemos, face à degradação ambiental a que está sujeito, o que foi aprovado em 1970 e desde então é comemorado anualmente. O Dia da Terra, celebrado no dia 22 de abril de cada ano em mais de 190 países, tem por objetivo promover a preservação do meio ambiente através da mobilização dos decisores políticos e da sociedade civil para a implementação de medidas, a nível local, nacional e internacional, que protejam o nosso planeta ameaçado.

Um documento importante na história recente das preocupações ambientais dos cristãos é a “Declaração Evangélica sobre o Cuidado com a Criação”, divulgada pela Evangelical Environmental Network em 1994. Encontramos nesse manifesto uma síntese de alguns argumentos, com suporte bíblico, acerca da responsabilidade dos cristãos para o cuidado da natureza e do ambiente, e um apelo para agirmos ativamente em defesa da criação de Deus. Outro documento de referência é “O Compromisso da Cidade do Cabo”, produzido pelo Movimento Lausanne para a Evangelização Mundial em 2010, que também destaca o cuidado para com a criação. Os cristãos são “encorajados a adotarem estilos de vida que excluam hábitos de consumo destrutivos ou poluentes, a persuadirem os governantes a colocarem imperativos morais acima de interesses políticos em questões relacionadas com a destruição ambiental e as alterações climáticas, e a reconhecerem e incentivarem a chamada missionária quer de cristãos envolvidos no uso apropriado dos recursos naturais para as necessidades humanas e o bem comum através da agricultura, indústria e medicina, quer de cristãos que se dediquem à proteção e restauração dos habitats da terra e dos seres vivos através da conservação e defesa ambiental”.


Há um número crescente de organizações cristãs que trabalham na área da conservação e educação ambiental. Destacaria “A Rocha – Associação Cristã de Estudos e Defesa do Ambiente”, fundada em 1983 em Portugal pelo pastor anglicano Peter Harris, que atualmente é uma organização internacional representada em vinte países. A Rocha integra a Climate Intercessors (Intercessores pelo Clima), uma rede de organizações cristãs evangélicas empenhadas na defesa do ambiente, que promove a oração por assuntos relacionados com as mudanças climáticas. Esta rede organiza reuniões regulares de oração em inglês, via Zoom, e disponibiliza recursos para intercessão, nomeadamente pela próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), que terá lugar em Glasgow, na Escócia, em novembro de 2021. Existe também o Movimento Renovar Nosso Mundo, do Brasil, que integra muitas organizações cristãs, incluindo a Aliança Evangélica Brasileira e A Rocha Brasil, e tem por objetivo promover iniciativas a favor da criação e combater a pobreza e a injustiça social.

Dez dicas em prol do ambiente
Terminamos esta reflexão com uma proposta de dez medidas que poderemos adotar, a nível individual, e que certamente contribuirão para um desenvolvimento humano mais sustentável e equilibrado, respeitando o ambiente e a biodiversidade que Deus criou.

1. Cultivar um estilo de vida mais simples, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, desfrutando dos recursos naturais que Deus coloca à nossa disposição, mas evitando o consumismo e o materialismo tão comuns na sociedade contemporânea. Vender ou doar roupas, livros e outros bens de que não necessitamos poderá ser um primeiro passo.

2. Aumentar a eficiência energética das casas, otimizando a iluminação e melhorando o isolamento e o conforto térmico das habitações.

3. Realizar as viagens apenas estritamente necessárias, utilizar transportes públicos e dar preferência a meios de transporte menos poluentes. O teletrabalho deve ser encorajado, sempre que for possível.

4. Evitar o desperdício alimentar e reduzir o consumo de carne na alimentação, que além dos efeitos positivos para o ambiente está associado a imensos benefícios para a saúde individual. Pondere cultivar alguns vegetais para consumo próprio.

5. Promover a reciclagem do lixo, separando-o e colocando-o nos respetivos contentores, evitando o desperdício e contribuindo para a poupança de água e energia.

6. Privilegiar o turismo nacional em vez de efetuar viagens de lazer para destinos distantes e exóticos utilizando meios de transporte altamente poluentes, como os aviões e navios de cruzeiro.

7. Participar em iniciativas que estejam de acordo com os valores cristãos e que contribuam para a preservação da natureza e do ambiente, como por exemplo a plantação de árvores.

8. Promover a consciência ambiental nas igrejas e o debate acerca da problemática das mudanças climáticas resultantes do aquecimento global.

9. Apoiar associações e grupos empenhados nesta área, nomeadamente A Rocha e o Movimento Renovar Nosso Mundo.

10. Divulgar e participar em encontros de oração acerca da crise ambiental como os organizados pela Tearfund e outras associações cristãs (http://www.climateintercessors.org).

Jorge Cruz é médico especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular, doutor em bioética, membro do Comitê de Países de Língua Portuguesa da International Christian Medical & Dental Association (ICMDA), membro honorário da Associação Cristã Evangélica de Profissionais de Saúde (ACEPS-Portugal), membro do Conselho Internacional da PRIME – Partnerships in International Medical Education. Mora em Porto, Portugal.

Bibliografia
Declaração Evangélica sobre o Cuidado com a Criação.
HORRELL, David G. Ecological Ethics. In GREEN, Joel B. (ed). Dictionary of Scripture and Ethics. Grand Rapids, Michigan: Baker Academic, 2011.
MOO, Douglas J. & MOO, Jonathan A. Creation Care: A Biblical Theology of the Natural World. Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 2018.
The Cape Town Commitment: A Confession of Faith and a Call to Action. Kairos - Evangelical Journal of Theology, 5 (1), pp. 165-224, 2011.


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