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Opinião

Identidade, unidade e missão

A identidade evangélica tem suas raízes na Reforma do século 16, quando foram levantadas as questões sobre o caminho da salvação. Durante os mil anos anteriores a doutrina da justificação pela fé ficara escondida. A Igreja Católica Romana se arrogava o direito de determinar quem seria aceito por Deus ou condenado eternamente. A Bíblia foi silenciada para a maioria dos fieis. Somente com a tradução do texto sagrado para o vernáculo é que foi possível para o homem comum confirmar sua esperança de receber a vida eterna. O resultado desse debate foi a criação das igrejas que, separadas da Romana, se identificaram como evangélicas.

Essa identidade estabelece claramente as seguintes marcas: 1) A Bíblia é a fonte última de autoridade divina. 2) A salvação é recebida unicamente pela fé no Senhor Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para encabeçar sua igreja invisível, isto é, somente Deus conhece quem são os que lhe pertencem. 3) Igrejas locais são identificáveis pelo seu compromisso com a pregação, o ensino da Palavra de Deus e a participação nas ordenanças que Jesus estabeleceu: o batismo e a Santa Ceia.

Se a unidade espiritual tem caracterizado os evangélicos, há, no entanto, pouco compromisso com a unidade visível. Mas quem lê o Novo Testamento não pode negar que a unidade é um dos temas mais destacados, pois o Corpo de Cristo é um só. “Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos que é sobre todos” (Ef 4.3-6). Desta maneira Paulo escreve para conclamar os seguidores de Cristo a reconhecerem a unidade que eles têm. Não há no Novo Testamento a sugestão de um centro de controle humano, um governo autoritário, mas sim o chamado a uma verdadeira unidade de amor entre irmãos e irmãs que pertençam à família de Deus. Os agrupamentos nas diversas denominações não devem negar essa unidade básica. Como pode haver rivalidade numa família madura que confessa que Jesus Cristo é seu Senhor? Há diversidade evangélica nas interpretações de alguns trechos bíblicos; há práticas denominacionais distintas; mas as doutrinas centrais da fé devem ser sempre mantidas e defendidas no pertencimento à identidade evangélica.

A missão das igrejas evangélicas é glorificar a Deus por meio de adoração bíblica, evangelizar os que não professam uma fé genuína no Senhor Jesus e discipular as nações ensinando-as a obedecer a todas as coisas que Jesus ordenou (Mt 28.19, 20). E organizar comunidades locais onde essa missão seja claramente estabelecida.

Cristo ordena aos seus seguidores que, como “a luz do mundo”, não escondam essa luz debaixo duma vasilha. “Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês” (Mt 5.14-16). É pelas boas obras que o povo de Deus mostra o amor dele pelos seus filhos e por aqueles que são marcados pela sua imagem.

Nota:
Artigo publicado originalmente pela Aliança Evangélica com o título Carta Mensal de Outubro. “Identidade, Unidade e Missão” será o tema do 1º Fórum da Aliança Evangélica que acontece de 24 a 26 de novembro, em Brasília (DF).

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Russel Shedd é Ph.D. em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo, Escócia. Em 2012 ele irá completar 50 anos de ministério no Brasil.

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