Por Escrito
07 de agosto de 2018- Visualizações: 4600
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Fica, Senhor!
Por Jonathan Simões Freitas
Lembro-me do meu pai cantando em casa:
Fica, Senhor, já se faz tarde
Tens meu coração para pousar
Faz em mim morada permanente
Fica, Senhor; fica, Senhor, meu Salvador!
Essa canção, intitulada “Divino Companheiro”, certamente alude ao episódio da caminhada para Emaús (Lc 24.13-35). Nessa passagem, dois dos discípulos tiveram a divina companhia do Senhor, ressuscitado – embora só o tenham reconhecido posteriormente. A certo ponto, relata-se que:
(…) chegaram à aldeia para onde iam, e ele [Jesus] fez como quem ia para mais longe. E eles [os dois discípulos] o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles (Lc 24.28-29).
Essa súplica dos discípulos – transformada em refrão que me traz boas lembranças – também me veio à mente quando li um dos textos do lecionário nesta manhã. A passagem de Gênesis 18.1-15, que compõe o tema de hoje da generosidade, conta o caso da generosa hospitalidade de Abraão para com três viajantes inusitados – que ele também reconheceu como sendo o próprio Senhor. Segundo o relato, ao vê-los, Abraão (…) inclinou-se à terra, e disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo (Gn 18.3)
Pelo contrário: Abraão entendeu que foi para serem acolhidos como Senhor que “chegastes até vosso servo” (Gn 18.5b). E, portanto, preparou uma refeição completa “para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante” (Gn 18.5a).
Como consequência desse tempo de comunhão, assim como aconteceu na casa em Emaús (Lc 24.30-35), o Senhor se manifestou com graça e poder, transformando o riso cínico em verdadeiro maravilhamento (Gn 18.9-15; compare com Gn 21.1-8).
De fato, esse convite a sermos hospitaleiros para com o Senhor, a fim de não perdermos a oportunidade de conhecê-lo mais profundamente, parece recorrente nas Escrituras. Eu me lembrei, por exemplo, de um texto que publiquei aqui há pouco mais de um ano que retrata exatamente a mesma dinâmica: o Senhor “fazendo como quem ia mais adiante” sobre as ondas, compelindo os discípulos a acolhê-lo no barco e, assim, a o conhecerem como aquele que é “verdadeiramente o Filho de Deus”.
O mesmo poderia ser dito sobre Jacó, na passagem – que muito me marca pessoalmente – em que ele agarra o Senhor para não deixá-lo ir antes que este o abençoe. Ou sobre Maria que, ao contrário de sua irmã, entendeu que acolher o Senhor é atender ao convite para deixar-se ser acolhida por Ele (como me ensinou o meu saudoso amigo Richard Platts com a sua pregação e com a sua própria vida).
Chegando de uma caminhada cansativa neste final de primeiro semestre, eu também me senti compelido nesta manhã a fechar a porta do quarto e abrir a do coração para, mais uma vez, hospedar o Senhor. Que saudade de ser acolhido pelo meu Salvador!
O coração aqueceu, o riso voltou. Fiquei com a convicção do poeta Stênio de que “ele passou por aqui”; com o canto rouco do meu pai; com a súplica que é para nós um convite: “Fica, Senhor!”.
Nota: Conteúdo publicado originalmente em mediu.com/@jonathansf.bra.
Imagem: Unterwegs nach Emmaus | © Janet Brooks Gerloff / DACS
• Jonathan Simões Freitas, belo-horizontino de 33 anos, é casado com Thalita e pai de Manuela. É professor na UFMG e atua na Igreja Esperança, na ABC², na Associação Kuyper para Estudos Transdisciplinares (AKET) e no L’Abri. Escreve no medium.com/@jonathansf.bra.
Leia mais
» A cura do orgulho e o sossego no Senhor
Lembro-me do meu pai cantando em casa:Fica, Senhor, já se faz tarde
Tens meu coração para pousar
Faz em mim morada permanente
Fica, Senhor; fica, Senhor, meu Salvador!
Essa canção, intitulada “Divino Companheiro”, certamente alude ao episódio da caminhada para Emaús (Lc 24.13-35). Nessa passagem, dois dos discípulos tiveram a divina companhia do Senhor, ressuscitado – embora só o tenham reconhecido posteriormente. A certo ponto, relata-se que:
(…) chegaram à aldeia para onde iam, e ele [Jesus] fez como quem ia para mais longe. E eles [os dois discípulos] o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles (Lc 24.28-29).
Essa súplica dos discípulos – transformada em refrão que me traz boas lembranças – também me veio à mente quando li um dos textos do lecionário nesta manhã. A passagem de Gênesis 18.1-15, que compõe o tema de hoje da generosidade, conta o caso da generosa hospitalidade de Abraão para com três viajantes inusitados – que ele também reconheceu como sendo o próprio Senhor. Segundo o relato, ao vê-los, Abraão (…) inclinou-se à terra, e disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo (Gn 18.3)
Pelo contrário: Abraão entendeu que foi para serem acolhidos como Senhor que “chegastes até vosso servo” (Gn 18.5b). E, portanto, preparou uma refeição completa “para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante” (Gn 18.5a).
Como consequência desse tempo de comunhão, assim como aconteceu na casa em Emaús (Lc 24.30-35), o Senhor se manifestou com graça e poder, transformando o riso cínico em verdadeiro maravilhamento (Gn 18.9-15; compare com Gn 21.1-8).
De fato, esse convite a sermos hospitaleiros para com o Senhor, a fim de não perdermos a oportunidade de conhecê-lo mais profundamente, parece recorrente nas Escrituras. Eu me lembrei, por exemplo, de um texto que publiquei aqui há pouco mais de um ano que retrata exatamente a mesma dinâmica: o Senhor “fazendo como quem ia mais adiante” sobre as ondas, compelindo os discípulos a acolhê-lo no barco e, assim, a o conhecerem como aquele que é “verdadeiramente o Filho de Deus”.
O mesmo poderia ser dito sobre Jacó, na passagem – que muito me marca pessoalmente – em que ele agarra o Senhor para não deixá-lo ir antes que este o abençoe. Ou sobre Maria que, ao contrário de sua irmã, entendeu que acolher o Senhor é atender ao convite para deixar-se ser acolhida por Ele (como me ensinou o meu saudoso amigo Richard Platts com a sua pregação e com a sua própria vida).
Chegando de uma caminhada cansativa neste final de primeiro semestre, eu também me senti compelido nesta manhã a fechar a porta do quarto e abrir a do coração para, mais uma vez, hospedar o Senhor. Que saudade de ser acolhido pelo meu Salvador!
O coração aqueceu, o riso voltou. Fiquei com a convicção do poeta Stênio de que “ele passou por aqui”; com o canto rouco do meu pai; com a súplica que é para nós um convite: “Fica, Senhor!”.
Nota: Conteúdo publicado originalmente em mediu.com/@jonathansf.bra.
Imagem: Unterwegs nach Emmaus | © Janet Brooks Gerloff / DACS
• Jonathan Simões Freitas, belo-horizontino de 33 anos, é casado com Thalita e pai de Manuela. É professor na UFMG e atua na Igreja Esperança, na ABC², na Associação Kuyper para Estudos Transdisciplinares (AKET) e no L’Abri. Escreve no medium.com/@jonathansf.bra.
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» A cura do orgulho e o sossego no Senhor
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