Fé cristã e democracia são assuntos da próxima live de Diálogos de Esperança

Por Ana Luz

“A capacidade do homem de agir com justiça faz a democracia ser possível; mas a inclinação do homem para a injustiça faz a democracia ser necessária”. (Reinhold Niebuhr)

Ainda que a democracia não seja uma entidade do Panteão e o mais apropriado talvez seja pensar em "democracias", o modelo de sistema democrático desenvolvido no Ocidente nos últimos séculos é o que apresenta sólidos vínculos com uma visão que emana da Bíblia quanto ao ser humano e sua vivência em sociedade. Segundo John Sttot, "[a democracia] é a mais sensata e segura forma de governo já inventada, porque ela reflete o paradoxo de nossa humanidade. Ela leva a sério a criação, isto é, a dignidade humana, porque se recusa a governar os seres humanos sem seu consentimento. Em vez disso, insiste em dar a eles uma parte responsável no processo de tomar decisões. Ela leva a sério também a queda, isto é, a depravação humana, porque se recusa a concentrar o poder nas mãos de uma ou de poucas pessoas; ao contrário, insiste em distribuí-lo, protegendo assim o homem de seu próprio orgulho e insensatez.”

O sistema democrático contrasta com outras formas de governo em que o poder é exercido por uma única pessoa, como na monarquia absoluta, ou em formas em que poder é mantido por um pequeno número de indivíduos, como as oligarquias. Não à toa que, ao escapar de uma das maiores tiranias do século 20, o cientista judeu Albert Einstein declara que seu "ideal político" é a democracia, "para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado".

Como a maioria dos países ocidentais, o Brasil caminhou para uma forma de governo ou estrutura política em que o bem comum deve estar acima de interesses particulares, de classes, grupos, corporações ou famílias, que é o Estado Republicano. Modelo em que o chefe de Estado permanece no poder por tempo limitado, escolhido pelo povo, viabilizado pelas instituições e protegido pela independência dos poderes. Um regime, portanto, onde o Estado é soberano e o governo passageiro.

Que contribuições a fé cristã pode trazer para a democracia brasileira em um momento em que testemunhamos um recrudescimento da polarização? Como a fé cristã pode contribuir para a manutenção da democracia no Brasil e fazer evoluir as instituições que a viabilizam?

Com o tema "Fé cristã e valores democráticos",a live de Diálogos de Esperança da próxima terça-feira, 31 de agosto, refletirá sobre o assunto, contando com a participação de Marina Silva, professora, ambientalista e política brasileira, juntamente com Davi Lago, coordenador de pesquisa no Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da PUC/SP.

Diálogos de Esperança é ancorado por Valdir Steuernagel e é um projeto da parceria entre quatro organizações cristãs: Visão Mundial, Tearfund, Aliança Evangélica Brasileira e Editora Ultimato.

Serviço
Diálogos de Esperança
Tema: Fé cristã e valores democráticos
Data: 31 de agosto de 2021
Hora: 18h (Horário de Brasília)
Local: Canal da Editora Ultimato no Youtube e Facebook, simultaneamente.

Participantes
Marina Silva, professora, ambientalista e política brasileira. Formada em história, especializada em psicopedagogia e teoria psicanalítica. Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pela Academia Chinesa de Silvicultura. Em trinta anos de vida pública, ganhou reconhecimento internacional pela defesa do desenvolvimento sustentável. Premiada nacional e internacionalmente. Foi vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do meio ambiente. Como ministra, liderou a criação do Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia, reduzindo as taxas de desmatamento (80%) e criando 25 milhões de hectares de áreas naturais protegidas. Disputou as eleições presidenciais de 2010, 2014 e 2018. Fundadora do partido Rede Sustentabilidade e professora associada da Fundação Dom Cabral.

Davi Lago, pastor batista, mestre em Teoria do Direito (2013) e graduado em Direito (2009) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pesquisa sobre Teoria da Democracia na interface com Ciência da Religião e Filosofia do Direito. Estudos em Teoria do Estado, Protestantismo e Política, Teoria da Argumentação Jurídica, Direito e Literatura. Autor de "Brasil polifônico: os evangélicos e as estruturas do poder" (2018, MC). Professor e Coordenador no Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundasp/PUC-SP. Membro do Grupo Linguagens da Religião vinculado ao CNPq.

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