Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Por Escrito

Em que a igreja brasileira em missão tem errado e como corrigir a rota?

Resumo de Re-encontrando o Caminho da Missão, de Paulo Feniman

Por Fernanda Schimenes

Em seu livro lançado em 2020, Paulo Feniman traz uma reflexão sobre o papel da igreja, especialmente a brasileira, no avanço da ação missionária. Já na introdução de Re-encontrando o Caminho da Missão (Betel Brasileiro Publicações), o autor lamenta o fato de que, “em alguns casos, a igreja deixou de ser agente missionário para se tornar uma instituição de consumo”.
 
Claro, há muito o que celebrar. Segundo pesquisa da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), instituição que o autor presidente (ele também é diretor executivo da Miaf/Aim South America – Missão para o Interior da África), de 1989 até 2017 houve um crescimento médio de 8,9% no número de missionários enviados pela igreja brasileira, mas isso é fruto do envolvimento de um número ainda reduzido de igrejas. Observou-se um enorme despertamento missionário no País na década de 1980: o número saltou de 800 missionários (década de 1980) para 2 mil (década de 1990), e hoje os obreiros brasileiros que atuam em contextos transculturais são cerca de 15 mil. Mas, por que não avançamos mais? O que precisa ser melhorado? Feniman elenca os seguintes pontos no Capítulo 1 que, em parte, respondem a essas perguntas (alguns deles já bem conhecidos, mas não solucionados):
 
  • “A igreja ainda tem dificuldade (…) de compreender a tarefa missionária como algo contínuo e simultâneo, dando preferência assim a trabalhos que estejam mais próximos da igreja local” – Por exemplo: congregações perto da sede monitoradas pela igreja mãe sem perspectiva de emancipação (dariam maior visibilidade e sensação de avanço).
     
  • Avalanche de programas e métodos nas últimas décadas, muitos deles valorizando resultados no curto prazo (ainda que não perdurem).
     
  • Adoção de modelos eclesiásticos locais em contextos transculturais, desconsiderando questões relacionadas à antropologia e à contextualização.
     
  • Envio de missionários com falta de preparo e de políticas adequadas, incluindo cuidado enquanto no campo. Lembremos que os chamados povos não alcançados (PNAs) estão nos lugares mais difíceis em termos geográficos, políticos e religiosos.
     
  • Falta de ética e transparência por parte de algumas estruturas de envio, contribuindo para o retorno prematuro de muitos obreiros transculturais.
     
  • Novos vocacionados – igrejas locais não têm intencionalmente despertado, identificado e preparado novos trabalhadores.
     
  • Adoção de uma teologia antissofrimento, que desconsidera qualquer possibilidade de que seus membros, em nome de e por amor a Cristo, possam/devam se sacrificar em prol da tarefa global.

Modelo missiológico cristocêntrico
O capítulo seguinte propõe um olhar sobre o ministério de Cristo aqui na terra como modelo missiológico. “A igreja precisa reler os evangelhos e reaprender o caminho da ação missionária pelos passos e ensinamentos de Jesus.” Dentre as características do ministério e vida de Cristo, uma das que mais se destacam é seu espírito de servo. “O ministério de Cristo priorizada as pessoas, seus problemas, suas dificuldades.” Citando Patrick Sookhdeo: “Se vamos ser discípulos de Jesus, temos de sentir as dores deste mundo”.
 
Com base em Lucas 10, texto em que Jesus escolhe e envia 72 discípulos, Feniman destaca 6 ensinamentos:
 
  1. Engajamento – Todo crente em Cristo é chamado a participar, de uma forma ou de outra, da missão de Deus. A mobilização deve ser uma constante ação da igreja para que não faltem trabalhadores.
     
  2. Trabalho em equipe – A combinação de dons aumenta o impacto ministerial e promove o cuidado mútuo.
     
  3. Oração – Deve ter protagonismo na vida daqueles que querem ver as nações alcançadas pelo evangelho, tanto por parte de quem vai como por parte da igreja que envia. Neste tópico, Feniman traz um lamento: “Sinto falta de movimentos de oração por adoção de povos”.
     
  4. Preço – Jesus diz: “Lembrem-se de que eu os envio como cordeiros no meio de lobos” (Lc 10.3). Em outras palavras, há riscos envolvidos, um preço a ser pago (às vezes, perder a própria vida).
     
  5. Dependência – A missão é feita na total dependência de Cristo: recebemos dele o que precisamos para cumprir a tarefa por ele dada. “O materialismo que vivemos nos dias de hoje e o inchaço de nossas estruturas organizacionais têm causado uma paralisia na obra missionária”, ele alerta.
     
  6. Humildade – Cuidar para a alegria de ver pessoas se entregando aos pés do Cordeiro não se transformar em orgulho.
     
Exemplos dos primeiros séculos
Após extrair ensinamentos das palavras de Cristo, o capítulo 3 propõe olhar para os exemplos missionários da igreja primitiva. A partir do Pentecostes, a igreja começa a se expandir. Com a morte de Estêvão (e de outros mártires), houve grande avanço, pois muitos cristãos que estavam em Jerusalém se dispersaram, e cidades como Cesareia, Antioquia e Damasco começaram a receber a mensagem do evangelho. Em seguida, Pedro é levado para começar um ministério entre os não-judeus, tornando-se um missionário entre as comunidades helenísticas do Império Romano.
 
Vemos, então, toda a ação missionária de Paulo, que, logo após sua conversão, segue para a Arábia. Mas é na igreja de Antioquia, por meio também de Paulo, que se desencadeia toda a história missionária até os dias de hoje: a igreja como base de lançamento para o ministério, de forma que os missionários, além de contar com o apoio necessário para o cumprimento da missão, também prestem contas sobre o trabalho realizado. “Há quem diga que o modelo descrito em Atos 13 não é mais viável nos nossos dias. Particularmente, tenho dificuldade em crer nisso”, diz o autor. “A igreja em seus primórdios teve um papel fundamental no desenvolvimento e avanço do evangelho. Não só sendo agente de proclamação do evangelho, mas enviando missionários e os sustentando em suas viagens e ministérios.”
 
Feniman finaliza esse capítulo chamando a atenção para algo importantíssimo: as igrejas plantadas ao longo do caminho pelos discípulos se tornaram igrejas que reproduziram o modelo e trabalho missionários. A triste realidade hoje é que muitas igrejas plantadas por missionários não se tornaram igrejas missionárias, nasceram defeituosas.

 

 
A identidade missionária para nossos dias
Cerca de 2 mil anos depois, “é preciso redescobrir nossa vocação missionária a partir da vida de Jesus e de sua igreja”. Temos de resgatar o conceito de Missio Dei (Missão de Deus), bem como esclarecer definições básicas como as de missões e de missão. Para isso, Feniman toma emprestadas as palavras de Christopher J. H. Wright, que define como missão: “Tudo o que Deus está fazendo em seu grande propósito para toda criação e em tudo o que ele nos chama a fazer para cooperar com esse propósito”. Já missões são definidas por Wright como: “As inúmeras tentativas em que o povo de Deus pode se engajar, participante da missão. Manfred Hohl complementa: “A missão é, de fato, o ponto focal da igreja. É o coração da teologia”. Na verdade, a missão de resgatar o ser humano e trazê-lo de volta ao convívio com Deus é algo que surge após a queda descrita em Gênesis.
 
Após esclarecer brevemente essas bases, Feniman chama a atenção para o fato de a igreja atual ter perdido a visão, a intencionalidade de servir os outros.
 
É preciso romper com nosso individualismo e com nossa espiritualidade barata. (…) Perdemos o foco de uma comunidade de serviço para nos tornarmos uma organização com regras e metas. (…) A igreja (corpo de Cristo) foi escolhida por Cristo para dar continuidade à sua pregação e proclamação de cura aos enfermos, acolhida aos necessitados e salvação aos perdidos. (…) É necessário buscar um engajamento por parte da igreja para que ela, pela Palavra de Deus, possa exercer uma influência na nossa sociedade.
 
E finaliza com um tópico a respeito da identidade de igreja, repetindo que uma das características mais marcantes da vida de Cristo é o fato dele mesmo se definir como servo.
 
Nosso trabalho é extensão do que Cristo começou na terra. (…) Nosso evangelho deve deixar de contemplar nosso próprio bem-estar para se preocupar com o bem-estar dos que estão à nossa volta. (…) Um dos grandes passos para a igreja atual é romper com o evangelho apenas falado e começar a viver um evangelho prático que caminha em direção aos perdidos, baseado em uma missiologia cristocêntrica.
 
Artigo originalmente publicado por Martureo.com. Reproduzido com permissão.
 

Leia mais:

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Leia mais em Por Escrito

Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.