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Opinião

Conversa com um fariseu

Eu não sabia que hoje existem fariseus como nos tempos de Jesus. Conhecedores da Bíblia, vida dedicada para o trabalho no reino de Deus e com o prestígio do povo. E como diz João Alexandre: “Por fora um heróis, por dentro um ladrão.” Então pude conversar com Patropi (pseudônimo para preservar sua identidade) e conhecer um pouco de sua história. 

Ainda estudante de missões, Patropi pregava, dava aulas, fazia discipulado, fazia trabalhos sociais; nem tinha se formado e já era reconhecido como missionário. Por isso era cobrado das igrejas, pastores, irmãos e amigos não-cristãos. Sua preocupação e motivação para o trabalho missionário era mostrar resultados práticos, números, conversões, discipulados. Afinal de contas, Patropi estudou para isso, recebia das igrejas e tinha o título de missionário que usava para sua legitimação.
Isso é muito parecido com a lei da profissão. O profissional recebe para mostrar resultados e acaba fazendo pela pressão e não pela motivação. 

Antes da “santa profissão”, Patropi trabalhou como operador de telemarketing e, na época, ganhava comissão sobre os cartões vendidos. Por isso achou até que poderia ganhar comissão sobre cada alma que ganhasse para Deus, ou melhor, cada pessoa que ele conseguisse colocar na igreja. 

Era muito claro o orgulho nos olhos de Patropi quando dizia ser chamado por Deus para ser missionário. Isso o colocava num pedestal espiritual acima dos demais da igreja e até mesmo do seu pai, um homem de oração e temente a Deus. Mas Patropi se sentia “o” missionário, capaz de ensinar sobre implantação de igrejas e missões transculturais. Porém, o que ninguém sabia é que ele era um analfabeto espiritual.
Assim como o filho mais velho da parábola do filho pródigo, Patropi tinha certeza de sua filiação com o Pai, morava com ele, mas não usufruía desse privilégio. Fazia as vontades do Pai, conhecia seus ensinamentos, mas não tinha o relacionamento íntimo e amoroso de Pai e filho. 

A palavra que Patropi mais gostava de usar para se destacar dentre os demais da igreja era “chamado”. Para ele, o missionário deveria ter o chamado específico, um chamado integral, um chamado que só missionários recebem. E diante da “santa arrogância” de Patropi, fui procurar na Bíblia saber sobre “o chamado”. E as únicas definições de chamado que encontrei no Novo Testamento foram de Jesus quando disse: “Segue-me” (Mc 10.21); “Zaqueu, desce depressa” (Lc 19.5); “Vinde a mim” (Mt 11.28); “Deixai vir a mim” (Mc 10.14); “Vem a mim e beba” ( Jo 7.37). E na conversa disse a Patropi que ele se achava exclusivo em seu chamado, mas o chamado primeiro de Cristo é de vir e não de ir. O chamado é para a identidade cristã e não para missão, o chamado é de ser e não de fazer. Se o chamado é exclusivo de missionários, então todos que são cristãos são missionários. 

Ele contra-argumentou com o versículo base de missões em At 1.8 dizendo que só era missionário quem recebia o poder do Espírito Santo. “Mas o poder do Espírito Santo é recebido na vida de todo aquele que se entrega a Jesus e recebe o (dunamis) de onde veio a palavra dínamo, o poder que faz o carro andar”, disse eu. A condição de fazer missões não é estudar ou viver integralmente nisso, mas é entregar-se a Cristo e inevitável e conseqüentemente transmitir a outros o evangelho de salvação. “Saiba você Patropi, que exitem pessoas que não estudaram quatro anos de teologia, não recebem sustento de igrejas para isso, e são muito mais missionários que você.”
Essa conversa, eu tive com o Patropi de manhã no banheiro enquanto eu escovava os dentes olhando-o frente a frente. Hoje, ele tem a noção do que é um verdadeiro missionário, não que o seja, mas já é um começo para se esforçar.

Wesley C. Zinek (Mindu)
Missionário da Igreja Presbiteriana Idependente em Gravataí, RS


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