Opinião
- 03 de abril de 2020
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Conselhos da Itália para florescer no isolamento
Por René Breuel
Essa semana o mundo percebeu que não enfrenta crises locais, mas uma pandemia global de coronavírus. O que está acontecendo na Itália, onde eu moro, se está rapidamente espalhando em outras partes do mundo. Os estudiosos projetam milhares de mortes e possivelmente uma espera de 18 meses até que a humanidade possa voltar à normalidade.
Como podemos florescer na calamidade? Entre os vários bons conselhos compartilhados, uma carta escrita muito tempo atrás me tocou em modo particular. O profeta Jeremias mostra que a vida no exílio pode ser produtiva e fértil.
UMA ESTAÇÃO PARA CONSTRUIR
Quando os judeus foram deportados à Babilônia, Jeremias os instruiu a não improvisar, mas a preparar-se para o longo prazo: “Construam casas e habitem nelas; plantem jardins e comam de seus frutos”.
Quando o isolamento de massa foi proclamado na Itália, eu o vi como uma breve interrupção. Mas depois que os dias viraram semanas e a vida no isolamento se tornou a nossa nova normalidade, decidi vê-lo como uma época de oportunidade.
A minha esposa está seguindo aulas online de violão com os nossos filhos e eu encomendei livros para crianças, para que aprendam o prazer da leitura nessa fase. Para mim, comprei dois livros grandes que queria ler há tempo – Guerra e Paz, do Leo Tolstoy, e Um Testamento de Esperança, do Martin Luther King –, agora que tenho mais tempo para a leitura.
Que lar você quer cultivar nessa fase? Que tipo de pessoa quer virar quando essa crise vai ter passado?
Não desperdicemos o nosso exílio. Pode ser uma estação para construir e para plantar.
UMA ESTAÇÃO PARA AMAR
A vida em isolamento pode ser um desafio para quem mora sozinho. Sentimos falta de conexões humanas; os nossos pensamentos podem virar sombrios e destrutivos.
Da mesma maneira, a companhia constante pode ser um fator de stress para os casais e as famílias. Se posso realizar uma piada infeliz, o primeiro grupo pode ser tentado ao suicídio enquanto que o segundo ao homicídio!
Estamos atravessando um desafio psicológico somado a uma calamidade sanitária e a uma crise econômica. A instrução de Jeremias é perspicaz aqui também: “Casem-se e tenham filhos e filhas; escolham mulheres para casar-se com seus filhos e dêem as suas filhas em casamento, para que também tenham filhos e filhas. Multipliquem-se e não diminuam.”
Agora não é uma estação para se voltar para dentro, mas para fora; não para diminuir mas para multiplicar o nosso afeto. Podemos aprofundar os nossos laços a casa e transmitir carinho a parentes e amigos.
UMA ESTAÇÃO PARA ORAR
O meu co-pastor na Igreja Hopera em Roma, a Mila Palozzi, comentou que na Terra Prometida Israel se compreendia como um agrupamento de tribos mas no exílio como uma única nação.
Em tempos de calamidade nós também somos chamados a abandonar o raciocínio tribal e a nos erguer como um só povo.
Para florescer nessa estação, Jeremias escreve: “Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela.”
Sim, as notícias são tristes e o sofrimento é global. Mas podemos transformar o nosso medo em confiança e a nossa preocupação em oração. Cristãos na Itália se uniram em oração pela nossa nação.
Intercedemos pelo país com fé, pois Jeremias adiciona, em voz profética: “Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor, ‘planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro. Então vocês clamarão a mim, virão orar a mim, e eu os ouvirei” (Jeremias 29:5-12 NVI).
É possível que a vida no isolamento dure meses. Mas o exílio pode ser frutífero se o vermos como uma estação para construir, para amar, e para orar.
• René Breuel é um missionário brasileiro, pastor fundador da Igreja Hopera em Roma, e autor de O Paradoxo da Felicidade.
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