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Opinião

Andando na luz em meio aos fios desencapados da política

Por Rubem Amorese

Eu votei em Lula para presidente. Também votei em Jair Bolsonaro. Nos dois casos, foram votos de segundo turno, quando havia apenas duas opções, além da anulação do voto ou do voto em branco. Espero que essas declarações sejam recebidas por “todos os lados” como quem diz: continue lendo, não vou agredir você.

Não sou um “isentão” político. Não é isso; tenho cá minhas preferências. E não escapo das armadilhas, já que ninguém enxerga bem sua própria ideologia; ou seja, aquela teia de ideias e opiniões que estão por trás de suas escolhas, gostos e preferências, enfim, de sua visão de mundo. Sei que há muito sobre minhas inclinações políticas que não conheço. Algumas surgem quando me pego indignado com algo que alguém diz ou faz. Tenho aprendido a me perguntar por que isso me incomodou tanto. Para ser bíblico, eu recito: “É razoável essa tua ira?” (Jn 4.4).

Vejo que minha indignação se torna mais clara quando, por mecanismos mentais que não compreendo bem, acho que alguém passou dos limites. Nem sempre me dou conta, mas tem algo lá dentro esbravejando: “Ou é má-fé, ou é interesse, ou é medo”. Daí, para colar uma etiqueta de cegueira, ignorância, mau-caratismo ou desconfiar que essa pessoa esteja sendo chantageada, é um passo. Um passo sutil, aliás.

Bem, esse sou eu. E muito mais. Talvez muitos que me leem se pareçam comigo. Talvez não. É a riqueza da “fauna do reino”, como dizia o bispo Robinson Cavalcanti.

Em meio a tantas dificuldades para buscar santidade e viver o melhor possível a vida política do meu país, surgem-me algumas linhas de ação. Uma delas é não conversar mais sobre política partidária. Melhor: sobre política nenhuma. E, se alguma conversa descambar para o “campo minado”, devo me calar e gentilmente deixar a cena. É um jeito. Mas tem a desvantagem de me conduzir a uma espécie de alienação.

Outra linha é só falar sobre assuntos tipo “fio desencapado” com quem eu tenha certeza de que pensa como eu. Mas posso estar criando uma “bolha” ideológica, ou “gueto” ideológico; um casulo de sobrevivência, em que o crescimento será quase nenhum.

Nas redes sociais tudo fica mais difícil ainda, porque são poucos os afetos e os espaços para diálogo. Seremos posicionados em “um dos dois lados” e execrados. E, se você disser que o filho pródigo fez um voto consciente (Lc 15.18), alguém dirá que você pregou sobre política.

Em meio a tantas sombras, de uma coisa estou certo: nenhuma dessas dificuldades justifica o abandono do conselho bíblico. Seja o de amar seus inimigos (Mt 5.44), seja o de respeitar as autoridades (Rm 13). Quem pode o mais, pode o menos: se formos capazes de orar pelos nossos adversários, seremos, também, capazes de respeitar um irmão (ou amigo virtual) que posta um pensamento que nos provoca indignação. Se formos obedientes à Palavra, e intercedermos por nossas autoridades, seremos capazes, no mínimo, de refrear palavras depreciativas como “cafajeste”, “canalha”, “idiota”, “estúpido”, tão frequentes, hoje em dia, nos lábios de filhos de Deus (Mt 12.36).

Artigo publicado originalmente na edição 391 (setembro/outubro de 2021) de Ultimato.

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» A idolatria política e a atuação cristã
Autor de, entre outros, Fábrica de Missionários, Louvor, Adoração e Liturgia, Meta-História, Icabode e Ponto Final, Rubem Martins Amorese é consultor legislativo (aposentado) no Senado Federal e presbítero emérito na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília. Foi professor na Faculdade Teológica Batista de Brasília (FTBB) por vinte anos e presidente do Diretório Regional – DF da Sociedade Bíblica do Brasil. Foi diretor de informática no Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal (Prodasen) e integrou a Comissão de Inquérito que desvendou a violação do painel eletrônico do Senado Federal.

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