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Opinião

A “subcriação“ de Tolkien e a criação de Deus

Muitos que ouvem falar de J.R.R. Tolkien ou de “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”, que já saíram no cinema, não compreendem como e com que finalidade uma pessoa é capaz de criar um mundo paralelo. Enquanto centenas se fascinam com esse mundo, milhares não têm a menor compreensão para ele, achando-o excessivamente fantasioso e sem nexo. Acreditam até que esse tipo de mitologia seja contrário às Escrituras e até que contenha mensagens demoníacas.

O que essa grande maioria não sabe é que o que está por trás de Terra Média é uma visão de mundo cristã. Como se sabe, J.R.R. Tolkien era católico apostólico romano praticante devoto e que, portanto, tinha na ideia de criação um norte importante para se guiar.

Segundo Tomás de Aquino - o doutor angélico da Igreja Católica, mas que é da igreja ainda não dividida e, portanto, pertence a todos os cristãos - a criação é a chave para entendermos toda a cosmovisão cristã. Ela serve inclusive para decifrarmos o sentido mais profundo da história do mundo e da humanidade, cujo fato central e mais importante é a paixão de Cristo.

Tolkien bebeu muito dessa fonte. Para ele, o mundo foi criado com um propósito e está repleto de marcas e pistas dele, tanto, que é possível se refletir sobre Deus, a partir da natureza, que assume um papel central também em Terra Média e suas histórias.
Mas a criação divina que tem as maiores marcas desse sentido misterioso impresso por Deus é o próprio ser humano (por isso sua visão também pode ser chamada de uma antropologia) que, além de refletir o Criador como todo o restante da criação, ainda é feito “à imagem e semelhança dele”.

Por essa perspectiva, uma das marcas registradas dessa imagem de Deus no homem é a sua própria capacidade de criação. Ou seja, o traço mais característico do reflexo de Deus na humanidade é a sua capacidade criadora, o que está ligado a um órgão especial que caracteriza o homem diante dos animais, por exemplo, que é a sua imaginação, a sua habilidade criativa.

Desde que a humanidade se enxerga como tal, ela cria, e nesse processo criativo, acaba dando expressão à verdades que não têm como fonte a própria habilidade ou capacidade humana, mas, sim, Deus.

A mitologia é um exemplo supremo do potencial criativo do inconsciente coletivo (como destacaram Freud e Jung) para dizer verdades intangíveis a respeito do cosmo, do próprio homem, sua origem e dos deuses e de Deus (a arte é outro, mas que demandaria outro artigo). A pretensão de Tolkien com Terra Média era criar uma mitologia para a Inglaterra.

O conceito de subcriação, cunhado por Tolkien, nada mais é do que a arte de imitar o poder criativo de Deus na criação do mundo. Exercê-la tem o sentido de glorificar a Deus e o seu poder supremo. Assim, toda pessoa que investe seu tempo na criação do que quer que seja, está, consciente ou inconscientemente, glorificando a Deus.
Para quê aquela prostituta despejou óleo sobre a cabeça de Jesus? Não foi um desperdício? Não. Foi um ato extremamente significativo, cuja finalidade foi a glorificação do Pai. Com isso, ela estava fazendo precisamente aquilo para que o ser humano foi criado em primeira e última instância.

Eis aí o significado e sentido por trás de “O Senhor dos Anéis” e de todo legendário da Terra Média. Ele não é uma Bíblia e não tem poder salvador, como tem o Autor Original da mesma, pois o mito só se casou com o fato uma única vez na história, realizando-se plenamente: na encarnação, morte e ressurreição de Cristo. Mas o legendário pode muito bem remeter àquela História. E para quem tem ouvidos bem abertos, ele o faz muito bem.

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Ilustração: http://wallpapertvs.com

É mestre e doutora em educação (USP) e doutora em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
  • Textos publicados: 68 [ver]

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