Palavra do leitor
25 de julho de 2025- Visualizações: 1118
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Quando a graça me encontrou
Tudo durou poucos segundos. Ela entrou no ônibus, caminhou até onde eu estava, me entregou um folheto e desceu — sem dizer uma única palavra. Um gesto rápido, quase invisível. Mas foi assim que a graça me encontrou: em silêncio, pelas mãos de uma mulher desconhecida.
Uma semana antes disso, eu estava no meu pior momento. Tinha dezoito anos, e tudo em mim parecia afundar. Não era exatamente desejo de morrer — era cansaço. Um tipo de esgotamento da alma, uma vontade de desaparecer, de dormir e não acordar mais. A vida tinha perdido o gosto, o rumo, a cor.
Sentei na calçada, na sarjeta mesmo, como quem já não espera mais nada. Chorei. Não por drama, mas porque não havia mais nada a fazer. E ali, entre o concreto e as lágrimas, dois pensamentos me atravessaram. O primeiro: é impossível que tudo no mundo exista por acaso. O segundo: se Deus realmente existe, então Ele precisa me dizer por que ainda me mantém aqui.
Foi nesse estado que abri e li o folheto. Havia ali um convite para um curso bíblico por correspondência. Não existia internet naquela época, só cartas. Curioso, ou talvez carente demais, aceitei. Preenchi meus dados e mandei pelo correio. E esperei.
Dias depois, chegaram quatro livretos: um amarelo, um vermelho, um azul e um verde. Simples, quase infantis. Falavam sobre o básico: pecado, cruz, arrependimento, nova vida. Eu os deixei de lado por um tempo, como quem teme o que vai descobrir. Mas eles pareciam me chamar. Ninguém na minha casa se interessou, então comecei a ler.
E cada página lida era como abrir uma janela. Algo em mim despertava. Não era apenas informação — era revelação. Era como se alguém soubesse exatamente o que eu estava sentindo. Como se, finalmente, alguém estivesse falando comigo sem julgar, sem exigir, só oferecendo verdade e graça.
Aos poucos, o que eu conhecia da infância — as histórias da igreja, os hinos, as orações — começaram a fazer sentido. Não era religião, era encontro. Não era doutrina, era presença. Eu entendi, pela primeira vez, que Jesus não queria que eu o entendesse como um conceito, mas que o conhecesse como Senhor.
Foi nesse ponto que me lembrei do chamado que ouvia quando criança: aceitar Jesus publicamente, entregar a vida, nascer de novo. E foi isso que fiz. Declarei minha fé, Gui batizado e me tornei aquilo que as Escrituras chamam de "nova criatura". E não era exagero — algo em mim realmente tinha mudado.
A jovem do ônibus nunca soube o que aquele gesto causou. Talvez tenha achado que o folheto foi ignorado, ou jogado fora. Mas Deus tem esse jeito discreto de agir: transforma destinos através de detalhes. Pequenos gestos que, aos olhos humanos, não valem nada — mas, aos olhos do céu, carregam a eternidade.
Hoje, quando olho para trás, entendo: não foi o folheto. Não foram os livretos. Não foi o curso. Foi Deus — que usou tudo isso como estrada para me alcançar. E Ele me alcançou bem ali, no fundo do poço, onde já não restava nem esperança.
Se tem algo que aprendi, é que a graça nos alcança justamente quando paramos de correr. Quando as forças se vão, quando não conseguem mais subir, é ali — nesse lugar de rendição e silêncio — que Deus desce e nos encontra.
Uma semana antes disso, eu estava no meu pior momento. Tinha dezoito anos, e tudo em mim parecia afundar. Não era exatamente desejo de morrer — era cansaço. Um tipo de esgotamento da alma, uma vontade de desaparecer, de dormir e não acordar mais. A vida tinha perdido o gosto, o rumo, a cor.
Sentei na calçada, na sarjeta mesmo, como quem já não espera mais nada. Chorei. Não por drama, mas porque não havia mais nada a fazer. E ali, entre o concreto e as lágrimas, dois pensamentos me atravessaram. O primeiro: é impossível que tudo no mundo exista por acaso. O segundo: se Deus realmente existe, então Ele precisa me dizer por que ainda me mantém aqui.
Foi nesse estado que abri e li o folheto. Havia ali um convite para um curso bíblico por correspondência. Não existia internet naquela época, só cartas. Curioso, ou talvez carente demais, aceitei. Preenchi meus dados e mandei pelo correio. E esperei.
Dias depois, chegaram quatro livretos: um amarelo, um vermelho, um azul e um verde. Simples, quase infantis. Falavam sobre o básico: pecado, cruz, arrependimento, nova vida. Eu os deixei de lado por um tempo, como quem teme o que vai descobrir. Mas eles pareciam me chamar. Ninguém na minha casa se interessou, então comecei a ler.
E cada página lida era como abrir uma janela. Algo em mim despertava. Não era apenas informação — era revelação. Era como se alguém soubesse exatamente o que eu estava sentindo. Como se, finalmente, alguém estivesse falando comigo sem julgar, sem exigir, só oferecendo verdade e graça.
Aos poucos, o que eu conhecia da infância — as histórias da igreja, os hinos, as orações — começaram a fazer sentido. Não era religião, era encontro. Não era doutrina, era presença. Eu entendi, pela primeira vez, que Jesus não queria que eu o entendesse como um conceito, mas que o conhecesse como Senhor.
Foi nesse ponto que me lembrei do chamado que ouvia quando criança: aceitar Jesus publicamente, entregar a vida, nascer de novo. E foi isso que fiz. Declarei minha fé, Gui batizado e me tornei aquilo que as Escrituras chamam de "nova criatura". E não era exagero — algo em mim realmente tinha mudado.
A jovem do ônibus nunca soube o que aquele gesto causou. Talvez tenha achado que o folheto foi ignorado, ou jogado fora. Mas Deus tem esse jeito discreto de agir: transforma destinos através de detalhes. Pequenos gestos que, aos olhos humanos, não valem nada — mas, aos olhos do céu, carregam a eternidade.
Hoje, quando olho para trás, entendo: não foi o folheto. Não foram os livretos. Não foi o curso. Foi Deus — que usou tudo isso como estrada para me alcançar. E Ele me alcançou bem ali, no fundo do poço, onde já não restava nem esperança.
Se tem algo que aprendi, é que a graça nos alcança justamente quando paramos de correr. Quando as forças se vão, quando não conseguem mais subir, é ali — nesse lugar de rendição e silêncio — que Deus desce e nos encontra.
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