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Palavra do leitor

Artigo publicado em resposta a Passando por aquele inferno

Pensando a doença mental e o fundamentalismo religioso

O Pastor Rodrigo de Lima Ferreira, autor do artigo "Passando por aquele inferno", recebeu uma quantidade razoável de comentários a respeito do seu texto, alguns endossando sua preocupada pena, outros a rechaçando com requintes de ironia.

Ontem, durante o culto bíblico semanal que tenho na minha residência, estávamos conversando sobre um caso deveras infeliz de afastamento de um membro da sua Igreja, enquanto pensávamos no que Deus tem a nos ensinar com situações como essas.

O irmão em questão, cujo proceder não é objeto destas reflexões, está sendo acompanhado por profissionais da psicologia. Todavia, chegamos à conclusão leiga de que o ideal seria a supervisão de algum médico psiquiatra, tendo em vista o tipo de atos por ele cometidos, os quais caracterizam uma evidente questão mental grave associada à depressão e que precisa de tratamento adequado.

Contudo, ranço da nossa própria história, temos verdadeiro pavor à ideia de uma consulta com o psiquiatra. Psiquiatra significa remédios de causam dependência e culminam em sanatórios mentais - sanatório, um vocábulo que deveria ter uma conotação positiva, posto que deriva de sanar, curar, tem a pecha de local sujo, escuro e cheio de gente louca.

Susan Sontag, uma filósofa e crítica literária americana, no seu livro "Doença como Metáfora", faz uma leitura de como a sociedade, através das suas artes, acabou transformando o câncer em uma doença inexorável, mortal, tão terrível que seu nome se liga automaticamente à qualquer situação catastrófica e de difícil resolução que se queira destruir (quem já não ouviu que políticos são um câncer?).

Caso Susan Sontag tivesse vivido mais tempo e caso Michel Foucault já não tivesse feito o trabalho com maestria em seu "História da Loucura", chegaríamos à mesma conclusão a respeito das doenças mentais de todo jaez.

Ninguém quer ser taxado de doente mental, porque a metáfora da doença mental é a incapacidade de controle de esfincteres, a falta de coordenação da fala e da marcha, o fluxo de pensamento desconexo, acessos de fúria imanejável, enfim, é a exposição do "ridículo" e do "incontrolável" do qual todos nós queremos distância.

Quando chegamos à Igreja com essa metáfora encronhada na mente, nada mais óbvio que usemos da fé para nos livrarmos deste "demônio", mesmo que ele nos assombre o suficiente para, como bem disse o Pastor Rodrigo, roubar nosso sono. Como o Cristo realmente É o médico dos médicos, em questões que afetam a mente é melhor deixar que Ele nos cure diretamente, querendo Ele ou não, porque, afinal, eu não quero acabar em um sanatório babando em roupões que mostram algumas das minhas partes íntimas.

Com isso, as bênçãos de Deus têm deixado de ser aproveitadas por pessoas que realmente poderiam ter acesso a tratamentos que não comprometem o controle dos esfíncteres, que não serão tomados por toda a vida, que não desconetam o fluxo do pensamento e nem que culminam em internações compulsórias, mas que reequilibram uma condição fisiológica que tem grandes impactos na qualidade de vida diária das pessoas, inclusive na sua relação com a Igreja.

Não foi à toa que o Senhor fez questão de falar entre os judeus farisaicos, os melhores observadores da Lei Mosaica da época, que a letra mata, mas o Espírito vivifica.
Quando o Senhor não cura alguma enfermidade de modo direto, Ele ainda assim pode curá-la.

A questão que nos fica para reflexão é: até que ponto eu quero cura? Até que ponto eu quero deixar de ser adorado pelos meus irmãos em Cristo por ser uma pessoa em permanente "batalha espiritual" e que está conseguindo se livrar dos "dardos inflamados do diabo" porque o Senhor é comigo?

O Senhor está comigo invariavelmente, esteja eu sã do corpo e da mente ou não. Ele é fiel. Sou eu que preciso renovar a cada momento minha decisão de estar com Ele e, nessa decisão, eu me comprometo a ser o melhor vaso para Sua serventia na vida das pessoas que não O conhecem.

Que vaso serei eu, se minha vida está permanentemente conturbada, porque a depressão - que não é uma doença inexoravelmente prostrativa, esta é outra metáfora! - não me permite o contato adequado com as pessoas para falar da Palavra como convém que ela seja abordada?

Se a cura da doença mental não vier diretamente do Cristo, cabe a nós agradecer a Ele pela oportunidade que hoje temos de tantos milagres estarem sendo realizados pelos médicos, que funcionam para o doente como o canal das misericórdias de Deus se renovando a cada manhã, tudo para que não sejamos consumidos pelas agruras inevitáveis da nossa passagem pelo mundo.

Seremos agradecidos a Ele por tantas bênçãos ou continuaremos a fingir que Ele não está ouvindo o nosso clamor por cura?
Niterói - RJ
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