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Palavra do leitor

Eucaristia

Eu estava na igreja da Sagrada Família na cidade de Nova Iguaçu. A missa conduzida por D. Luciano era especialmente emocionante, no dia trinta e um de março de dois mil e cinco vinte e nove jovens adolescentes e crianças foram assassinados no que ficou conhecido como a "Chacina da Baixada". A diocese de Nova Iguaçu não só amparou os familiares das vítimas como se envolveu, nestes quatros anos, na busca por justiça uma vez que dois Policiais Militares estão presos e todos os outros envolvidos seguem com suas vidas. A missa transcorria em meio aos cartazes com palavras de ordem e fotos das vítimas, então o diácono leu o texto bíblico que antecede a homilia. A leitura termina em uma saudação da congregação em honra a palavra de deus, todos estavam de pé enquanto o diácono lidera um canto que faz lembrar os famosos e conhecidos cantos gregorianos a resposta da congregação era responsiva. Em um momento estavam em perfeita harmonia o ritualismo diocesano e as causas da justiça. Pessoas emocionadas um ambiente de tristeza e saudade pelos entes queridos tirados do convívio familiar, uma congregação católica e seu roxo litúrgico da quaresma esperando pelo domingo da ressurreição.

Nossos irmãos católicos a muito aprenderam a conciliar seus rituais e o povo que neles encontram deus. Muito disso se deve a mais de um milênio de trabalho das ordens católicas que espalhadas pelos quatro cantos da Terra se dedicaram ao povo. Pelo povo iniciaram e desenvolveram atividades das quais muitas repercutem ainda hoje. Da educação a ciência, da agronomia a arquitetura e a influenciar governos em todas as suas instancias, o sonho da democracia.

A diocese não é apenas secular, mas sim popular o que naturalmente nos remete a figura do pastor e suas ovelhas. Hoje na Baixada Fluminense há lobos famintos, violentos caçam em plena luz do dia, quatro anos depois choramos a perda de vinte e nove de nossas ovelhas enquanto os lobos travestidos de “segurança pública” ainda rondam o rebanho.

Depois da missa partimos em caminhada pelas ruas do bairro da Posse, paramos em frente ao bar onde houve o maior número de vítimas e seguimos até a curva da morte onde as duas últimas ovelhinhas partiram. Neste momento chovia muito, uma chuva gelada de outono a fome nos atingia a todos, uma vez que a muito passara do meio dia.

Com chuva e com fome poucos éramos os que restaram até o fim. “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça” o texto do evangelho me veio à mente. Por fim a caminhada acabou.

Ainda me lembro do canto entoado pelo diácono, a resposta igualmente cantada pela congregação, o desejo e a esperança por justiça, da dor das famílias, as ovelhas perdidas.

Todos os dias morre alguém na baixada, todos os dias uma mãe chora, uma vela é acesa uma missa é encomendada. Todos os dias a baixada chora por suas ovelhas mortas.

Eu choro por eles, choro pelo João Hélio, pelo João Roberto, por eles chora o Cristo igualmente assassinado.

Voltei para casa encharcado pela chuva fria, mas de alma lavada a final, eu me importo.

Só para constar! Os evangélicos, estes, não quiseram se molhar.
Duque De Caxias - RJ
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