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Opinião

Uma comemoração musical do bicentenário da independência do Brasil

Por Rolando de Nassau
 
“Sine scientia ars nihil est”
 
À noite de 7 de junho de 2022, no Auditório “Éber Vasconcelos”, realizou-se uma das comemorações do bicentenário da independência do Brasil (7/9/2022), contando com o apoio logístico de Esdras Alves Rocha Queiroz, vice-presidente da Igreja Memorial Batista e presidente da Faculdade Teológica Batista de Brasília. O intelectual polivalente maestro Malcolm Forest teve a iniciativa de promover este memorável evento cultural.
 
Em conformidade com a praxe protocolar, o público e a orquestra executaram o “Hino Nacional”, música de Francisco Manuel da Silva (1831) e letra de Joaquim Osório Duque Estrada (1922).
 
Considerando a precedência biográfica e artística, faremos alguns comentários a respeito dos protagonistas do concerto.
 
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
Talvez em nenhum período da história do Ocidente a música teve o desenvolvimento do estilo que concorria com a maturação de um compositor.
 
Beethoven foi um compositor que trabalhou quando a música erudita era menos ligada à aristocracia e à Igreja; ele procurava um público ainda maior. Humanista, acreditava na igualdade entre os homens e na força do caráter humano.
 
Compôs obras de grande envergadura, como os cinco concertos para piano. O de no. 5, em mi bemol maior, opus 73, composto em 1809, está entre as suas mais importantes obras.
 
Em 1987 um crítico escreveu que não precisava do Concerto no. 5 (“Imperador”) de Beethoven, se existia o Concerto no. 26 (“Coroação”, K-537) composto por Mozart em homenagem a Leopold II, na esperança de obter uma nomeação imperial.
 
Durante a invasão napoleônica de Viena, Beethoven elaborou este concerto, impropriamente chamado de “Imperador”, pois ele estava respondendo, como protesto, às conquistas de Napoleão; entretanto, era uma apoteose do conceito militar, conhecido e estimado desde essa época pelos vienenses.
 
Beethoven desejava descrever a ascensão vitoriosa de um herói, por isso a música caracteriza-se pelo ambiente heróico.
 
Em Viena, em 1812, este concerto encontrou pouca aprovação por causa da duração incomum (40 minutos).
 
Começa com uma imponente cadência do piano; é o mais difícil dos movimentos. No primeiro, o piano se alterna com a orquestra; o tema, “Imperador”, é apresentado pela orquestra; em seguida, o piano é acompanhado pela orquestra; aos 17 minutos da execução, surge a célebre “cadença pianística” (conclusão de uma frase, que define a tonalidade de um trecho ou aquele que virá a seguir).
 
No segundo, uma marcha fúnebre (Beethoven estava insinuando que a glória, era sucedida pela morte, inexorável, dos ditadores); essa marcha é quase um coral de J.S.Bach, pois os peregrinos são piedosos.
 
No terceiro, o movimento é muito vigoroso.
 
 
Coube ao pianista Álvaro Siviero e à Orquestra Sinfônica de Brasília, sob a regência do maestro Cláudio Cohen, a execução do Concerto de Beethoven. Depois de ouvir as interpretações de Rudolf Buchbinder, Maurizio Pollini, Alfred Brendel, Emil Gilels, Mitsuko Uchida e Cláudio Arrau, creio ser de inteira justiça incluir o nome de Álvaro Siviero entre os grandes intérpretes de Beethoven.
 
Em 10 de maio de 1958, pela primeira vez, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, observei o desempenho pianístico do jovem Friedrich Gulda (1930-2000), acompanhado pela Orquestra Sinfônica Brasileira e conduzido por Eleazar de Carvalho. Gulda era importante intérprete das sonatas de Beethoven.
 
Tendo mais de uma década de experiência na Orquestra fundada por Cláudio Santoro, e sido aluno do maestro Emílio de César, Cláudio Cohen vem realizando um notável trabalho de recuperação da Sinfônica do Teatro de Brasília.
 
Pedro I (1798-1834)
Príncipe regente (1821-1822), imperador do Brasil (1822-1831) e rei de Portugal (1826), foi compositor, clarinetista e executante de outros instrumentos musicais; recebeu em Lisboa as primeiras noções musicais de José Maurício Nunes Garcia e de Marcos Portugal, e de Sigismund Neukomm, no Rio de Janeiro.
 
Compôs um “Te Deum” (1821), o “Hino da Constituição” (1822), o “Hino da Independência” (1823), um “Credo” (1829) e a abertura orquestral “Independência” (1832).
 
Um coro misto cantou o “Te Deum laudamus” (primeira execução pública em Brasília) e o “Gloria in excelsis Deo”; este foi composto em homenagem ao papa (1823-1829) Leão XII; o coro era integrado por elementos do “Ad Infinitum” e do “Madrigal” dirigidos por Eldom Soares.
 
A orquestra executou “aberturas” para comemorar este evento cívico, de João de Deus Castro Lobo e Marcos Portugal.
 
 
Com o pianista Álvaro Siviero, coro e orquestra, de Pedro I ouvimos a “fantasia” (peça instrumental para evocar algum acontecimento) “Libertas, Brasil”.
 
O “Hino da Independência”, com letra do jornalista Evaristo da Veiga, foi cantado pelo coro.
 
De Malcolm Forest tivemos, em primeira audição, “Mater e Magistra”, talvez inspirada pelo documento pontifício homônimo publicado em 1961 pelo papa João XXIII, e “Terra de Santa Cruz”.
 
Também seria apropriado (embora nostálgico) cantar o “Hino Nacional Evangélico”, letra do pastor Guaracy Silveira acompanhada pela música de Francisco Manuel da Silva.
 
Comemorando o sesquicentenário da independência, em 3 de setembro de 1972 o pastor Éber Vasconcelos, em sua mensagem à Igreja Memorial, declarou: “Mais do que independência ou morte, estamos precisando de independência e vida.
 
Um povo, só se torna digno de suas tradições e de sua história, se for efetivamente livre. O Sete de Setembro é o clímax da independência em cujo bojo se encontra o amor pela liberdade. Nossos antepassados foram os heróis da história. Que desapareça aquilo que sempre foi uma chaga no organismo da nacionalidade, o desnível social não apenas a emancipação política e social. Precisamos alinhar ao desenvolvimento o sentido espiritual só em Cristo a liberdade atinge esse sentido. Tiradentes declarou: “Liberdade, ainda que tardia”.
 
Nessa ocasião, o pastor Éber segredou-me a respeito da realização do culto cívico no santuário do Templo; deveria haver no “campus” da Memorial um prédio especialmente dedicado a manifestações culturais (musicais, literárias e outras). (Ver: Vasconcelos, Éber. Mensagens memoráveis. Brasília, 2001).
  
Somente em julho de 1990 foi possível a inauguração do auditório sonhado por Éber Vasconcelos.
 
Ao final do programa, tivemos a boa notícia de que, 50 anos depois de suas candentes palavras proferidas em setembro de 1972, os brasileiros ainda desejam, poética e musicalmente, viver num país livre e independente.
 
 
 
  • Roberto Torres Hollanda, mais conhecido pelo pseudônimo Rolando de Nassau, é crítico musical d’“O Jornal Batista” desde dezembro de 1951, quando tinha acabado de completar seu 22° aniversário. Formado em direito e administração, Hollanda tem três livros publicados: “Introdução à Música Sacra” (1957), “Nassau -- dicionário de música evangélica” (1994) e “Bach -- vida e obra sacra”, além da tradução de “La Prière d"après les Catéchismes de la Reformation”, de Karl Barth.

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