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Opinião

Os dias maus. Ataques nas escolas: apenas mais um número terrível?

Por Lucas Meloni

Escrevo as palavras que você lê com muita dor no coração no mesmo dia em que um adolescente invadiu a Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, e, a tiros, matou uma colega, de 17 anos, e feriu outros três estudantes. Alguns pontos fizeram com que este caso, especificamente, me abalasse tanto dentre os vários registros recentes do mesmo tipo no Brasil. Aquela foi a minha escola por sete anos (entre os anos dos ensinos fundamental e médio). Eu cresci entre aqueles corredores, subi aquelas escadas, aprendi com muitos daqueles professores e tive grandes momentos ali.

O terrível ataque à Escola Estadual Sapopemba na manhã de 23 de outubro de 2023 podia ser apenas mais um número na terrível estatística de ataques em ambientes escolares no Brasil (até maio, segundo levantamento do Instituto Sou da Paz, tinham sido 24 ocorrências do tipo em quatro anos), mas, para mim, foi mais pessoal. Como vizinho da unidade escolar, sinto que todos perdem: alunos, professores, funcionários, familiares e sociedade em geral.

Algumas perguntas vêm à mente: como é possível haver tanta maldade assim? Como deixam chegar a algo tão extremo assim? São perguntas difíceis de serem respondidas, sobretudo, porque ainda é prematuro compreender o caso pelo panorama completo.
Durante a manhã, refletindo sobre o caso, não parei de pensar na exortação do apóstolo Paulo à igreja de Éfeso. No capítulo 5, Paulo diz para aqueles irmãos para que tenham cuidado. “Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus” (Ef 5.15-16).

Como conhecedores da Verdade (Cristo), sabemos que o mundo já é do maligno. Quando Paulo nos alerta que “os dias são maus”, ele não quer dizer que coisas ruins podem acontecer aqui ou ali. A ideia é que o mal trabalha em todo o tempo. Há maldade em todo o mundo, em todo o tempo. A cada respiração sua, há alguém no mundo maquinando o mal. Tudo isso é fruto da natureza corrompida que carregamos conosco.

É difícil assimilar tragédias como essas, que envolvem crianças e adolescentes. Ambientes escolares deveriam ser referência de segurança, inserção social e apoio psicopedagógico. A sociedade não entende mais sobre valores. Essa é uma discussão, por vezes, circunstancial e rasa para o público em geral.

Como cristãos, qual é a função que nos cabe dentro deste desafio? Orar pelos familiares e pedir que o Senhor console os corações enlutados, claro, é algo basilar, porém, ao longo dos últimos anos, temos visto correntes de cristãos que esbravejam contra a escola e dizem que ela está “tomada por uma ideologia”. Sequer me dou ao trabalho de entrar neste mérito. A minha preocupação não é discutir isso, mas sim de dizer que, como cristãos, devemos amar a vida e nos preocupar com a marca que tragédias do tipo podem trazer a milhares (ou milhões) de crianças pelo Brasil e pelo mundo.

Sabendo respeitar a divisão que há, no Brasil, entre igreja e Estado, é possível, com competência, elaborar ações que gerem apoio psicológico, atendimento pós-traumático, acolhimento a alunos e familiares, entre outras ações. O fundamental, contudo, é pensar na prevenção. Cada mente é um enigma a parte. A adolescência e a juventude são fases de muitos questionamentos, insatisfações, medos e dores. Mais do que apresentar conteúdo e preparar jovens para o futuro, a escola deve pensar no valor das relações.


Cristo nos ensina tanto sobre relacionamento como quando apoia e faz questão de estar na companhia de Lázaro, Marta e Maria (João 11 e 12) e quando ressuscita o filho da viúva de Naim (Lucas 7), uma mulher que, para a sociedade da época, estava fadada a viver à margem sem nenhuma figura masculina em sua família.

A sociedade vê, muitas vezes, as pessoas como seres descartáveis. Deus, no entanto, deixa claro que não são. Devemos amar a vida e pensar ações, que envolvam a comunidade escolar, para evitar que cenas como essas se repitam. Alunos, professores e profissionais da educação lidam com pressões de todos os lados e, quase sempre, sem condições de estudo e de trabalho. É quase redundância dizer isso, mas a educação precisa ser mais humanizada. O diálogo possibilita conhecer corações. Lutar pela vida é agir com sabedoria. A orientação do apóstolo Paulo é mais atual do que nunca. Tenhamos cuidado, sejamos sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade (de refletir o amor de Cristo, que cura traumas, feridas e que traz paz) porque os dias são maus.

Enquanto há gente que maquina o mal, sejamos os semeadores do bem, da esperança e da vida. Oremos, sim, por nossas escolas, adolescentes, jovens e professores, mas incentivemos nossos pais, tios, primos, vizinhos e nós mesmos a participarmos da realidade da escola do nosso bairro. Busquemos encabeçar e apoiar ações de aproximação entre famílias e escola, de valorização da vida, de combate ao bullying. Os dias são maus. Não fomos chamados para sermos espectadores da barbárie. A paz que o mundo precisa nos alcançou. É nosso dever anunciar em palavras e em atitudes como ela é transformadora.
  • Lucas Meloni é jornalista e estudante de Teologia. Mora em São Paulo, SP. É membro da Primeira Igreja Batista de São Caetano do Sul.

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» Ataques nas escolas e o papel da igreja

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