Opinião
- 29 de julho de 2022
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Hoje é dia de Marta e Maria
Por Lidice Meyer
Foi apenas há cerca de um ano que um grande equívoco de mais de quinze séculos da Igreja Católica Ocidental foi revisto e a história de três mulheres foi resgatada. Estou falando das irmãs Marta e Maria de Betânia e de Maria de Magdala, cujas histórias estão registadas nos Evangelhos. Desde o século III que popularmente as histórias de Maria de Betânia e Maria de Magdala se confundiam. Sendo a população na sua grande maioria iletrada, somando-se ao fato de existirem muitas mulheres na Bíblia com o nome Maria, a confusão acabou por começar a se difundir. Mas foi o Papa Gregório Magno quem, no séc. VI, oficializou a confusão entre as Marias quando em sua homilia de Páscoa disse: “Aquela que Lucas diz ser pecadora, a que João nomeia como Maria, são a mesma, cremos nós, que aquela de quem, segundo Marcos, foram retirados sete demônios.” Desta forma estava estabelecido o equívoco! Muitos artistas perpetuaram o engano pintando Maria Madalena a ungir os pés de Jesus.
Somente em janeiro de 2021 que o Papa Francisco emitiu o decreto que instituiu a data de 29 de julho para a celebração dos Santos Marta, Maria e Lázaro, separando Maria de Betânia de Maria de Magdala, cuja festa religiosa continuaria a ser celebrada em 22 de julho. Até então, na data de 29 de julho era celebrada a festa apenas de Marta de Betânia, associando a data de 22 de julho à Maria Madalena e Maria de Betânia como uma única pessoa. Diz o documento: “A tradicional dúvida na Igreja latina acerca da identidade de Maria – a Madalena a quem Cristo apareceu depois da ressurreição, a irmã de Marta e a pecadora a quem o Senhor perdoou os pecados – determinou a inscrição, no Calendário Romano, unicamente de Marta no dia 29 de julho. A solução encontrou-se em estudos de tempos recentes ….”
A história das irmãs, Marta e Maria de Betânia, é desvendada através da leitura dos textos de dois evangelistas: Lucas e João (Lucas 10. 38–42; João 11. 1–44; 12. 1-2). Duas irmãs, duas formas de discipulado. A disposição de servir de Marta se completa com a disposição de ouvir, aprender de Maria. Marta e Maria se transformam no decorrer das três histórias em que aparecem na Bíblia. Marta que servia passa também a ouvir e aprender e Maria, que ouvia e aprendia, passa também a servir. Nas duas irmãs, a totalidade do discípulo de Cristo.
SONETO - Machado de Assis (1839-1908)
Dai à obra de Marta um pouco de Maria,
dai um beijo de sol ao descuidado arbusto;
vereis neste florir o tronco erecto e adusto,
e mais gosto achareis naquela e mais valia.
A doce mãe não perde o seu papel augusto,
nem o lar conjugal a perfeita harmonia.
Viverão dous aonde um até ‘qui vivia,
e o trabalho haverá menos difícil custo.
Urge a vida a encarar sem a mole apatia,
ó mulher! Urge pôr no gracioso busto,
Sob o tépido seio, um coração robusto.
Nem erma escuridão, nem mal aceso dia.
Basta um jorro de sol ao descuidado arbusto,
basta à obra de Marta um pouco de Maria.
- Lidice Meyer Pinto Ribeiro é doutora em Antropologia, Docente do Mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, Portugal (www.lidicemeyer.pro)
JESUS – SINGULAR, SUPERIOR, SUFICIENTE | REVISTA ULTIMATO
Jesus – tal como revelado nas Escrituras – está sendo deixado de lado em muitas igrejas. É necessário um esforço para chamar atenção sobre isso. A fé e a vida cristã autênticas têm como base a centralidade de Jesus Cristo. Não existe cristianismo sem Cristo. Na intenção louvável de ser relevante, podemos cair na tentação de fazer concessões desfigurando o evangelho, por exemplo. Somos também tentados a diminuir as exigências éticas e morais do evangelho, desobrigando-nos das decorrências naturais da mensagem e da obra de Cristo.
Saiba mais:
» A Mulher que dividiu o Cristianismo, por Lidice Meyer
» Mulheres, Revista Ultimato 376
» Marta e Maria: duas irmãs, duas atitudes - Estudo Bíblico
» A boa parte, por Samara Monteiro de Andrade
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