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Opinião

Envelhecimento da população requer novas políticas públicas e atenção da igreja

É urgente que a igreja brasileira esteja atenta à realidade e atue, a partir de sua vocação e de seu chamado

Por Xênia Casséte

Cresce no Brasil e em todo o mundo a expectativa de vida, e isso é perceptível muito perto de nós e em nossa própria família. Os idosos já fazem parte do cotidiano das cidades. Vemos este grupo crescer, incluindo centenários. E a igreja brasileira já percebe a situação. Por diversos fatores, o envelhecimento populacional faz parte das preocupações previdenciárias e da necessidade de novas políticas públicas voltadas ao idoso no Brasil. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada em junho de 2023, a população de idosos com 60 anos ou mais no Brasil subiu para 15,1% no cômputo geral. Em 2012, o percentual era de 11.3%.

É estimado que até o ano de 2050 os idosos serão quase 30% da população brasileira, mantendo-se a atual tendência de crescimento. E a agência de saúde das Nações Unidas calcula que em 2050 o número de idosos no mundo deve chegar a 2 bilhões. A grande maioria deles estará vivendo em países de baixa e média rendas.

Junto a essa realidade estamos vendo acontecer profundas transformações sociais, políticas e econômicas na sociedade e novos “arranjos familiares estão em curso em quase todos os países do mundo”, de acordo com Ana Amélia Camarano e Maria Tereza Pasinato.1 Ainda segundo Ana Amélia e Maria Tereza, a Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento, realizada em Madri, em 2002, “resultou em um Segundo Plano de Ação para o Envelhecimento, que incentivou a maior participação da questão na agenda das políticas públicas dos países em desenvolvimento e uma mudança na percepção do envelhecimento populacional e do papel do idoso na sociedade”.

De acordo com artigo publicado no portal do Envelhecimento e LongeViver, “Envelhecer no Brasil significa enfrentar muitos desafios, principalmente para as pessoas com baixo poder aquisitivo que não conseguem suprir suas necessidades básicas, pois o país não está preparado para essa nova realidade que está posta, trabalhando com uma política pública que não consegue atender essa população com qualidade e atenção”.

Vários autores e pesquisadores do envelhecimento no Brasil afirmam que o país não está preparado de maneira adequada e suficiente para atender às demandas da população idosa. Segundo o Leonoia C.Bulla e Karin O.Kaefer, “Além dos serviços públicos serem precários, há dificuldade no acesso a recursos e carências na qualificação profissional nas diversas áreas que atendem a essa faixa etária. São necessários programas e propostas de trabalho mais direcionados à população idosa com distintos perfis socioeconômicos. Existem evidentes deficiências n atendimento. O idoso, nos estágios mais avançados de envelhecimento, especialmente quando é acometido de uma doença crônico-degenerativa, representa uma maior despesa no atendimento de saúde. Essa situação atinge o idoso e sua família, que buscam suporte social adequado. Requer-se, portanto, medidas mais efetivas do governo para que esse segmento da população, que já deu a sua parcela de contribuição à sociedade, tenha melhores condições de vida”.2

Dados preocupantes
Uma pesquisa feita pelo SESC em parceria com a Fundação Perseu Abramo mostrou que, em 2020, 69% dos idosos entrevistados ganhavam até dois salários mínimos; 13% ganhavam de dois a cinco salários mínimos; 3% ganhavam mais de cinco salários mínimos; 10% não quiseram ou não sabiam responder; e 6% dos entrevistados com 60 anos ou mais não tinham fonte de renda alguma. Quase 80% da população idosa do Brasil faz uso do Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo a pesquisa, 1% dos idosos recebia ajuda de parentes ou amigos em despesas e 0,1% recebia ajuda de instituição beneficente ou igreja. Foram entrevistados 2.369 idosos (60 anos ou mais) em 234 municípios brasileiros, entre janeiro e março de 2020.
“Estima-se que aproximadamente 70% dos idosos possuam alguma doença degenerativa-crônica e 25% tenham limitações em suas atividades diárias, diminuindo as chances de manter uma vida saudável”.3


A Organização Mundial de Saúde (OMS), afirma que um a cada seis idosos no mundo já sofreu algum tipo de violência, sendo o etarismo uma delas. De acordo com o relatório publicado na revista especializada Lancet Global Health, em junho de 2017, “16% das pessoas com mais de 60 anos sofreram algum tipo de abuso que vai desde o psicológico e financeiro até a negligência e abusos físicos e sexuais”. Com base nesses dados, coletados de 52 estudos realizados em 28 países, os especialistas concluíram que “a violência a idosos está aumentando”.

Uma pesquisa do Projeto SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), que ouviu pessoas com mais de sessenta anos residentes em centros urbanos, concluiu ser preocupante o estado de saúde nos níveis encontrados pela pesquisa e que essa realidade deve alertar os planejadores de saúde com vistas a oferecer serviço adequado à demanda dos idosos hoje e dos que virão.

Os resultados de uma pesquisa que ouviu idosos que moram em centros urbanos mostram que grande parcela desta população depende de remuneração do trabalho e de patrimônio que conseguiu obter. Mas, com o aumento do desemprego como um dado real na economia mundial, “é de se esperar que os idosos futuros, aqueles que em dez ou vinte anos estarão acima dos 60 anos, não terão essas duas principais fontes de renda para complementar ¬ – e mesmo garantir – a sua sobrevivência e, assim, o aumento da expectativa de vida alcançado graças aos avanços da medicina não estarão associados a maior bem-estar social”.

A situação aponta ser urgente que a igreja brasileira esteja atenta à realidade e atue, a partir de sua vocação e de seu chamado. Quem sabe, seguindo a sugestão do psicólogo e um dos fundadores do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos Ageu Lisboa, criar a “pastoral da pessoa idosa”, a partir da qual se desenvolvam programas de valorização, inserção, acolhimento, defesa de direitos, cuidado, assistência espiritual, orientação para a saúde etc.


Notas
1. CAMARANO, Ana Amélia e Pasinato, Maria Tereza. Os Novos Idosos Brasileiros, Muito Além dos 60. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2002.
2. BULLA, Leonia C.; KAEFER, Carin "O. Trabalho e aposentadoria: as repercussões sociais na vida do idoso aposentado" . Revista Virtual Textos & Contextos, nº 2, dez. 2003. Disponível aqui. https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/view/957/737
3. LEBRÃO, M. L.; DUARTE, Y. A. O. (org.). O projeto SABE no município de São Paulo: uma abordagem inicial. Brasília: OPAS/MS, 2003.

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Referência bíbliográfica
BULLA, Leonia C.; KAEFER, Carin O.”
Trabalho e aposentadoria: as repercussões sociais na vida do idoso aposentado”. Revista Virtual Textos & Contextos, nº 2, dez. 2003.
BRASIL. Constituição (1988) da República Federativa do Brasil. Disponível
aqui.
CAMARANO, Ana Amélia (org.) Os Novos Idosos Brasileiros: Muito Além dos 60?. Rio de Janeiro: IPEA, 2004. Disponível
aqui.
BRASIL ESCOLA. Idosos no Brasil. Disponível
aqui.
G1 Economia. População idosa sobe ara 15,1% em 2022, diz IBGE. Acesso em 16/06/2023. Disponível
aqui.
LEBRÃO, Maria Lúcia Lebrão e Laurenti, Rui. "Saúde, bem-estar e envelhecimento: o estudo SABE no município de São Paulo". Revista Brasileira de Epidemiologia. Junho de 2005. Disponível
aqui.
ONU News. OMS alerta que 1 a cada 6 idosos sofre algum tipo de violência. Disponível
aqui.
PORTAL STF. "Artigo 230 – A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”. Constituição (1988) da República Federativa do Brasil. Disponível
aqui.
SESC. Pesquisa Idosos no Brasil – Segunda Edição 2020. Disponível
aqui.
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  • Xênia Casséte, jornalista, aposentada, faz parte da equipe do Coletivo Bereia de informação e checagem de notícias.
Versão ampliada do artigo Os desafios socioeconômicos para grande parcela dos idosos no Brasil, publicado na edição 404 da Ultimato.
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