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De imprevistos, Natal e o “novo normal”

Por Silêda Silva Steuernagel
 
Eu gosto de começar o dia em silêncio. Preciso desse tempo de quietude, a sós com Deus e comigo mesma. Mas hoje está difícil. Lembro de T. S. Elliot em Ash Wednesday: “Onde encontrar a palavra? Onde a Palavra há de ressoar? Aqui, não. Não há silêncio suficiente.” 
 
É que o Natal se aproxima e, com ele, as memórias. Lembranças dos encontros festivos, das confraternizações de amigos, das liturgias de Advento na igreja, nas quais antecipávamos com hinos alegres a vinda iminente de Jesus ao mundo... Tempo de espera com expectativa, de planos e muitos sonhos.
 
Em nossa casa, a música estava em toda parte e a expectativa do encontro mesclava-se aos preparativos para o Natal, quando estaríamos todos reunidos, filhos e netos, cantando as “nossas músicas” em volta da mesa, entre risadas e contação de histórias... Mas agora, neste ano da pandemia, marcado pelo imprevisto e uma sequência de mudanças e incertezas intermináveis, nossos filhos estão longe e nada disso será possível; e agora, em vez de “Noite Feliz”, a música reinante no ar parece ser aquela do Lulu Santos: “Nada do que foi será daquele mesmo jeito que já foi um dia...” Nossos planos e sonhos foram abortados pelo coronavírus. 
 
Eu tento esquecer um pouco as frustrações da pandemia e concentrar-me na leitura bíblica indicada para hoje, o anúncio e o nascimento de Jesus. De súbito, um fragmento desse relato tão conhecido desde a infância salta diante dos meus olhos como se fosse a primeira vez: “Enquanto estavam lá, chegou o tempo de o bebê nascer... mas não havia lugar para eles na hospedaria.” 
 
E então me vem uma pergunta maluca: E se Deus tivesse mudado de ideia e Jesus não tivesse nascido, porque não havia lugar para eles na hospedaria? Por que José e Maria não planejaram essa viagem direito, se sabiam que o bebê estava para nascer? Aliás, se Deus é o Senhor Soberano da história, por que ele permitiu que os pais terrenos do seu Filho fossem surpreendidos pelo inesperado e que Jesus chegasse ao mundo em circunstâncias tão adversas? 
 
Aliás, a história do nascimento de Jesus, conforme narrada pelos evangelistas Mateus e Lucas, é cheia de surpresas bizarras, sobressaltos e imprevistos. (Que nem nós agora, nesta pandemia inimaginável.)
 
Primeiro, um anjo aparece a uma jovenzinha desconhecida, num povoado sem muita importância; e fala com ela! Um anjo?! Quer surpresa maior? Não admira que ela ficou perturbada! O anjo diz à jovem Maria que ela ficará grávida e dará à luz um filho. Agora, a reação é de espanto e incredulidade: Como assim, grávida, se sou virgem?! (Impossível! Agora mesmo é que eu não entendo mais nada!) Ele diz que ela foi agraciada por Deus e que essa criança será chamada Santo, Filho de Deus. Ou seja, de repente ela está numa fria: grávida, mãe solteira, virgem, mãe do Filho de Deus... Quando isso vier à tona, ela será rejeitada, descartada ou até apedrejada, pois ninguém, e muito menos o seu noivo, acreditará nela. Isso é ser agraciada?!
 
E então, o anjo, para comprovar que a ação de Deus não é limitada pela compreensão humana, revela a Maria mais um “fato impossível”: conta que Isabel, aquela sua prima estéril e já idosa, também está grávida, já há seis meses; pois, diz ele, nada é impossível para Deus.
 
A resposta de Maria é acolher a palavra recebida com surpreendente atitude de entrega obediente e confiar que Deus a carregará nesse inesperado “salto no escuro”: “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra.” Reconhecer e aceitar que ela é serva e não dona da sua própria vida faz toda a diferença neste momento tão fora do normal na vida de Maria. A partir de agora, “nada mais será do mesmo jeito que já foi um dia”. Não será nada fácil vivenciar o “novo normal” que se apresenta diante dela. Mas, ao dispor-se a abraçar o caminho da obediência (que aconteça!), Maria é fortalecida para ser protagonista na história de Deus com ela e com o seu povo. Justamente quando a “normalidade” dos seus planos é subitamente desmontada pelo incompreensível e inexplicável, é aí que Maria vislumbra além de si mesma e vê “o meu Salvador”, aquele que contemplou a humildade da sua serva e que realiza poderosos feitos em favor do seu povo. Então ela canta: “Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”
 
E então, quando a jovem Maria está se preparando para o pior (ser rejeitada pela família, pela sociedade e pelo noivo, que nunca iria acreditar nessa história de anjo), o próprio José é surpreendido por... um anjo! E, ainda mais surpreendente, ele coloca-se ao lado dela (Mateus 1:18-25) e a aceita, disposto a fazer parte desse incrível “novo normal” que Deus estava preparando.
 
Mas não foram só Maria e José que foram surpreendidos pelo desconhecido, naquele primeiro Advento. Havia um grupo de pastores que estavam nos campos próximos fazendo o seu trabalho costumeiro (Lucas 2:8-20). Cuidar das ovelhas era o seu normal, a sua rotina, aquilo que eles conheciam e sempre tinham feito “no automático”. Então, de repente, no meio da noite, lhes aparece um anjo! E uma luz intensa brilha no lugar onde eles estavam. Que susto! Pegos de surpresa pelo desconhecido e inusitado, eles ficaram aterrorizados
 
Depois, quando eles finalmente conseguem ouvir, o seu medo é acalmado pelo próprio anjo que os havia assustado. Mas agora, ao escutarem, percebem que o anjo lhes está anunciando uma coisa boa: “Estou lhes trazendo boas novas, novas de grande alegria. E esta boa notícia é para todo o povo!"
 
A reação dos pastores é: nós queremos ver! Queremos ver o que Deus está fazendo! E foi o que eles fizeram. O susto não os paralisou: Eles correram para lá e viram... contaram a todos.... e voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido. E assim estes simples homens do campo se tornaram as primeiras testemunhas e os primeiros noticiadores do nascimento do Filho de Deus. 
 
Hoje, pensando no Natal neste período de Advento, em que lembramos e antecipamos a chegada de Jesus ao mundo (lembre-se, Advento significa chegar), Deus me convidou a lembrar. Não tomada pelo lamento, mas pela confiança e gratidão. Ele me despertou e desafia a não esquecer que, apesar do Covid-19, apesar da pandemia que continua e embora ainda não tenha se concretizado “a boa notícia” da vacina, que esperamos ansiosamente, aquela notícia boa e alegre que foi trazida pelos anjos já se tornou realidade há muito tempo, e continua sendo real hoje: Jesus Cristo, o Filho de Deus, já está entre nós! Ele veio a este mundo para nos salvar, e ele é o motivo maior da nossa alegria e celebração. Mesmo que a pandemia tenha invadido e alterado a nossa vida e os nossos planos, este “velho normal” nunca mudou: Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre! Mesmo ainda atônitos e desafiados pelo “novo normal” que nos surpreendeu, nós ainda podemos celebrar a vida e a vinda de Jesus, por amor, para mudar a nossa história. Esta é a “notícia boa de grande alegria” que nos sustenta, que temos experimentado e que precisamos contar “para todo o povo”. Nós também, como os pastores de Belém, somos convidados a correr até o lugar improvisado onde nasceu Jesus, o filho de Deus, e fazer das nossas “manjedouras” e hospedarias improvisadas, em meio às limitações impostas pela pandemia, o nosso “altar improvisado” – lugar de adoração, celebração e encontro com uma nova realidade trazida por Deus a todos nós. Ontem, hoje e para sempre!
 
E, assim como Maria que enxergou muito além de si mesma e irrompeu em adoração a Deus, nós também podemos cantar neste Natal:
 
Minha alma engrandece ao SENHOR 
e o meu espírito se alegra em DEUS, MEU SALVADOR!
 
Escrito com base nos textos de Lucas 1:26ss, 2:1-7, 8-20; Mateus 1:18-24.
 
• Silêda Silva Steuernagel é escritora, tradutora, palestrante e um coração que ouve.

 

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