Opinião
- 18 de setembro de 2018
- Visualizações: 9489
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
C. S. Lewis em tempo eleição: A tentação de dizer “Assim diz o Senhor” quando conversamos sobre política
Por Paulo F. Ribeiro
Muitos cristãos acreditam que o cristianismo e suas preferencias politicas devem estar alinhadas. Esquecem que o cristianismo não se identifica com nenhuma ideologia política partidária.
Em 1951, C.S. Lewis recusou a oferta de Winston Churchill para receber o título de comandante do Império Britânico. Ele rejeitou e disse que não permitiria que visões políticas distorcidas questionassem seu testemunho público de verdadeiramente não ter um partido político.
Quando olhamos para os debates e opções eleitorais do momento no Brasil vemos muitos cristãos politicamente proeminentes (particularmente àqueles que se dizem pastores evangélicos) misturando cristianismo com política partidária.
Lewis via os assuntos públicos e toda a vida, através de uma perspectiva teológica – sua fé cristã teve importantes implicações públicas pois deu insights sobre a condição humana.
Lewis tinha uma visão do papel limitado do governo – era cético em relação à sua capacidade de incutir virtude e preocupado com tendências paternalistas. O dever do governo era restringir as ações erradas. Estava também preocupado com a concentração do poder político.
Lewis era cauteloso com a “legislação moral”. Por exemplo, durante um período em que a criminalização da homossexualidade era considerada por muitos como justificada, Lewis perguntava: “O que o Estado tem a ver com isso? ” Nem ele acreditava que era dever de governo promover o casamento cristão: “Muitas pessoas parecem pensar que, se você é um cristão, deve tentar tornar o divórcio difícil para todos – ficaria muito zangado se os maometanos tentassem me impedir de beber vinho. Minha opinião é que as Igrejas devem reconhecer francamente que a maioria do povo (britânico ou brasileiro) não é cristão e, portanto, não se pode esperar que vivam uma vida cristã”.
Lewis era comprometido com o liberalismo clássico – acreditava na igualdade perante a lei e uma esfera privada robusta. Lewis também lembrou que os cristãos são tentados a abusar do poder político, o que é ruim tanto para o cristianismo quanto para o Estado. E também detestava a ideia de um "partido cristão", pois arriscava a blasfemar o nome de Cristo.
"O perigo de confundir nossos entusiasmos políticos naturais, embora talvez legítimos, por zelo sagrado é sempre grande".
“O demônio inerente a todos os partidos está sempre pronto para se disfarçar como o Espírito Santo”.
Lewis sabia que uma consciência informada pela fé poderia promover a justiça e que o cristianismo desempenhava um papel enorme no estabelecimento do conceito de direitos naturais e da dignidade da pessoa humana. Mas ele também acreditava que a legislação não é uma ciência exata; que um cidadão cristão não tem autoridade para achar que sua posição era uma demanda inquestionável do cristianismo.
Não caiamos na tentação de dizer que nossa escolha política é a cristã: “Sobre aqueles que acrescentam 'Assim disse o Senhor' às suas declarações meramente humanas, desce a sentença de uma consciência que parece mais clara quanto mais é carregada de pecado".
• Leia Mais
» Fé Cristã e Ação Política – A Relevância Pública da Espiritualidade Cristã
» C. S. Lewis em tempo de eleição: Os cristãos e a moralidade
» C. S. Lewis em de tempo eleição: “O que é justo” versus “o que funciona”
» Quem é a primeira vítima das próximas eleições?
Muitos cristãos acreditam que o cristianismo e suas preferencias politicas devem estar alinhadas. Esquecem que o cristianismo não se identifica com nenhuma ideologia política partidária.
Em 1951, C.S. Lewis recusou a oferta de Winston Churchill para receber o título de comandante do Império Britânico. Ele rejeitou e disse que não permitiria que visões políticas distorcidas questionassem seu testemunho público de verdadeiramente não ter um partido político.
Quando olhamos para os debates e opções eleitorais do momento no Brasil vemos muitos cristãos politicamente proeminentes (particularmente àqueles que se dizem pastores evangélicos) misturando cristianismo com política partidária.
Lewis via os assuntos públicos e toda a vida, através de uma perspectiva teológica – sua fé cristã teve importantes implicações públicas pois deu insights sobre a condição humana.
Lewis tinha uma visão do papel limitado do governo – era cético em relação à sua capacidade de incutir virtude e preocupado com tendências paternalistas. O dever do governo era restringir as ações erradas. Estava também preocupado com a concentração do poder político.
Lewis era cauteloso com a “legislação moral”. Por exemplo, durante um período em que a criminalização da homossexualidade era considerada por muitos como justificada, Lewis perguntava: “O que o Estado tem a ver com isso? ” Nem ele acreditava que era dever de governo promover o casamento cristão: “Muitas pessoas parecem pensar que, se você é um cristão, deve tentar tornar o divórcio difícil para todos – ficaria muito zangado se os maometanos tentassem me impedir de beber vinho. Minha opinião é que as Igrejas devem reconhecer francamente que a maioria do povo (britânico ou brasileiro) não é cristão e, portanto, não se pode esperar que vivam uma vida cristã”.
Lewis era comprometido com o liberalismo clássico – acreditava na igualdade perante a lei e uma esfera privada robusta. Lewis também lembrou que os cristãos são tentados a abusar do poder político, o que é ruim tanto para o cristianismo quanto para o Estado. E também detestava a ideia de um "partido cristão", pois arriscava a blasfemar o nome de Cristo.
"O perigo de confundir nossos entusiasmos políticos naturais, embora talvez legítimos, por zelo sagrado é sempre grande".
“O demônio inerente a todos os partidos está sempre pronto para se disfarçar como o Espírito Santo”.
Lewis sabia que uma consciência informada pela fé poderia promover a justiça e que o cristianismo desempenhava um papel enorme no estabelecimento do conceito de direitos naturais e da dignidade da pessoa humana. Mas ele também acreditava que a legislação não é uma ciência exata; que um cidadão cristão não tem autoridade para achar que sua posição era uma demanda inquestionável do cristianismo.
Não caiamos na tentação de dizer que nossa escolha política é a cristã: “Sobre aqueles que acrescentam 'Assim disse o Senhor' às suas declarações meramente humanas, desce a sentença de uma consciência que parece mais clara quanto mais é carregada de pecado".
• Leia Mais
» Fé Cristã e Ação Política – A Relevância Pública da Espiritualidade Cristã
» C. S. Lewis em tempo de eleição: Os cristãos e a moralidade
» C. S. Lewis em de tempo eleição: “O que é justo” versus “o que funciona”
» Quem é a primeira vítima das próximas eleições?
Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, foi Professor em Universidades nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Holanda, e Pesquisador em Centros de Pesquisa (EPRI, NASA). Atualmente é Professor Titular Livre na Universidade Federal de Itajubá, MG. É originário do Vale do Pajeú e torcedor do Santa Cruz.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
- Textos publicados: 71 [ver]
- 18 de setembro de 2018
- Visualizações: 9489
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Brasileiros em Lausanne 4: a alegria, a irreverência e o potencial missionário verde-amarelo
- Queimadas devastadoras e a missão da igreja
- Oitava edição do Fórum Refugiados reflete sobre acolhimento e apoio a migrantes e refugiados no Brasil
- Dê licença, vou gritar!
- A oração de Estêvão e a conversão de Paulo: um fruto inesperado da Graça
- Filantropia como missão
- Vocare lança podcasts sobre vocação
- Vai começar o Congresso Lausanne 4
- O que você diria a um evangélico na hora de votar?
- Quatro modos em que o Congresso de Lausanne anterior moldou minha visão