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Opinião

Apesar do cansaço, não desista!

Por Christian Gillis

*Artigo originalmente publicado na edição 380 da revista Ultimato.

Jesus ficou cansado. Jesus precisou descansar. Muitas vezes ele se retirou em solitude para se refazer, se reencontrar com o Pai e com a sua vocação. Numa ocasião, ele precisou repousar num canto sozinho. Noutra, ele ficou cansado da jornada sob o sol escaldante da Palestina e sentou-se à beira de um poço aguardando que alguém o ajudasse a conseguir um gole de água fresca. Em diversos momentos do seu ministério, Jesus percebeu o esgotamento dos seus discípulos, envolvidos em tantos serviços e atendimentos a demandas – e a urgente necessidade que tinham de descanso. Outras vezes, ele teve compaixão das multidões exaustas da lida diária, privadas do devido cuidado que deveriam receber dos governantes.

Já perto da sua extenuante Paixão, Jesus confirmou aos seus seguidores que eles experimentariam aflições, mas que deveriam cultivar o bom ânimo pelo fato de que ele mesmo havia trilhado um roteiro de resistência e vitória sobre os sofrimentos que se poderiam experimentar num mundo repleto de poderes antagônicos ao governo divino. Ligados a Cristo, como ramos de uma videira, os discípulos também poderiam enfrentar as forças mundanas que produzem aflições.

Uma das declarações mais conhecidas de Jesus é o terno convite feito para gente que andava com o tanque vazio de esperança, a todos que se percebiam cansados e sobrecarregados com as lutas pela sobrevivência, com as expectativas que não se cumpriam, com o peso enorme imposto pelo ordenamento religioso, para que andassem junto dele e descobrissem como viver na esfera da graça e da liberdade.

Descansar é preciso. Desde a antiguidade, o descanso foi visto como legítimo e sagrado, e as normas religiosas relativas ao descanso estipulavam pausas sabáticas e limitavam a ambição por ganho e acumulação. Deus, que ordena o descanso, espera que cada pessoa (e o conjunto social) viva de maneira responsável, sábia, cuidadosa e adequada aos seus limites.

O assunto é complexo. O cansaço pode ser de muitos tipos (físico, mental, existencial, espiritual, ou uma combinação desses) e ter diferentes origens (fisiológicas, mentais, circunstanciais, ou multifatorial). O cansaço é uma circunstância de fadiga, em que a pessoa fica sem forças físicas e/ou emocionais para o trabalho e/ou para a realização das tarefas cotidianas.

É preciso discernir: o cansaço é resultado do trabalho árduo dentro de limites éticos e legais, ou é produto de esforços exagerados que extrapolam o legítimo? Deriva do ativismo e do envolvimento em demasiadas frentes de atuação? Ou é desdobramento de esforços frenéticos por aprovação social ou tentativa de ascensão econômica?

Um cansaço nocivo é o cansaço do sistema religioso, do pesado conjunto de normas exigidas para que Deus, em sua santidade, aceite o pecador. São leis, cobranças, críticas, julgamentos e condenações que provocam ou acarretam verdadeiros fardos, anseios de aprovação e neuroses nos círculos dos praticantes de diversas religiões.

Uma geração submetida a metas de produção cada vez maiores, medida por desempenho e performance, está física e mentalmente exaurida e existencialmente estafada, especialmente diante da constante ameaça à legislação trabalhista e às condições de trabalho, ao emprego e aos recursos para a aposentadoria.

Por outro lado, a atual geração classifica muita coisa como cansaço por ser uma geração hedonista, que tem como medida de tudo a satisfação pessoal e subjetiva – de modo que o que não comunica sensações de gozo ao sistema de terminais receptores do prazer é posto de lado como fardo e canseira. Há muito gasto de energia no que representa nada, afinal: “O trabalho do tolo o deixa tão exausto que ele nem consegue achar o caminho de casa” (Ec 10.15).

Portanto, é importante analisar se todas as atividades e compromissos são realmente uma agenda estabelecida por Deus. Trabalhar é bom, e o trabalho realizado deve produzir o bem, ser eticamente bom (Ef 4.28). O ideal popular, talvez muito celebrado no contexto brasileiro, do tipo “descansar-comer-beber-folgar” é considerado loucura (Lc 12.15-21). Trabalhar, cultivar e produzir fazem parte de uma vida satisfatória, mas é possível que estejamos fazendo mais do que deveríamos e, por isso, estejamos cansados. Ou que estejamos desempenhando muitas tarefas, mas que não foram pautadas pelo Céu, e, por isso, estejamos exaustos. Nos dois casos é preciso esvaziar a agenda do que é fútil. Também é possível que se esteja cansado por fazer exatamente o que o Senhor determinou. Esse cansaço é bem-aventurado e gratificante, mas igualmente exige da pessoa descanso regular.

Em situações excepcionais, haverá momentos em que, para salvar alguém, faremos esforços extenuantes, gastando o tempo do descanso. Ocorre que, eventualmente, a nós é confiada uma missão que exige trabalho especial e será preciso perseverar corajosamente, recobrar o ânimo, renovar as forças, gastar-se e deixar-se gastar para cumprir um mandato específico extraordinário.

O chamado para vir a Jesus e descansar nele não é um chamado para o quietismo, a inércia ou o passivismo. Jesus nos chama para que tomemos o seu jugo, instrumento que nos manterá alinhados a ele na caminhada missional. Seguir em frente, ao lado de Cristo, é preciso.

De vez em quando, a canseira é tanta que o apetite para viver desaparece; os dias parecem arrastados, e os músculos e tendões não correspondem ao senso de dever e às tarefas por realizar. Não há energia nem disposição. Exaustão, cansaço que não passa e sobrecarga são sintomas manifestos em muitas histórias que têm nome e rosto. A alma enfadada pergunta pelo sentido do labor, de trabalhar até que o corpo sinta e emita sinais de alerta indicando que o limite chegou: o corpo e a mente não dão mais conta, não é possível aguentar mais. O estresse consome o que resta de energia vital.

A Escritura reconhece a realidade do cansaço humano, e Deus age para trazer qualidade de vida integral à humanidade: “Ele fortalece ao cansado e dá grande vigor ao que está sem forças” (Is 40.29). Muitas promessas têm relação com a vinda do Messias e do seu já inaugurado reino. O chamado ao arrependimento, a uma nova maneira de pensar, ver e viver representa um convite para experimentar o renovo e o refrigério que Deus graciosamente oferece por meio de Cristo: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados, para que venham tempos de descanso da parte do Senhor, e ele mande o Cristo, o qual lhes foi designado, Jesus. É necessário que ele permaneça no céu até que chegue o tempo em que Deus restaurará todas as coisas, como falou há muito tempo, por meio dos seus santos profetas” (At 3.19-21).

Christian Gillis é pastor da Igreja Batista da Redenção em Belo Horizonte, MG.
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