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Opinião

A vergonha da educação

créditos da foto: Yasmin PinheiroO Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), cujos resultados saíram recentemente, mostram que mais de 70% dos municípios alcançaram a meta de melhoria na qualidade dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Quanto aos anos finais, 62,5% alcançaram a nota proposta para 2011. E o governo comemora. Mas será que as notas entre 3,4 e 5,1 na rede pública contra 5,8 e 6,5 na rede privada são dignas de comemoração? E será que essas provas “medem” o que em si não é mensurável, que é o aprendizado e formação do cidadão? 
 
Na medida em que se entenda por educação a formação do cidadão e da pessoa humana, ela não pode ser medida e muito menos classificada, como faz o governo. O IDEB não mostra a boa saúde da educação, mas apenas as suas doenças. O que esse índice mede antes é a antipedagogia e o descaso com a educação. Trata-se de apenas um sintoma de uma doença grave. A educação está doente e precisa de médico: a violência crescente, a concorrência com a tecnologia na busca do saber, a crise de valores e da ética, o interesse reduzido pelos cursos de pedagogia e normal, a falta de campo de atuação para os pedagogos, as drogas. Tudo isso nos leva a crer que se trata de indícios de algo muito mais profundo e que se encontra nas entrelinhas de cada um dos sintomas mencionados. Trata-se da política educacional. Por política eu não quero dizer o que fazem nas prefeituras e nas câmaras legislativas, mas aquilo que deriva de “polis”, o conceito grego de “cidade”, tão esquecido nos meios educacionais e junto às massas de hoje. Político é gari que varre a rua, políticas são as inúmeras mulheres que trabalham e dependem de creche para deixar os filhos, políticos são os caixas de banco e políticos são os cristãos que se encontram nesse meio do dia a dia. Pois política é equivalente a cidadania, que por sua vez, é incumbência do sistema de ensino.
 
Mas onde se está valorizando a cidadania nas escolas? Quem valoriza esse discurso, muito inspirado no mais citado brasileiro no exterior, mas completamente anônimo no Brasil, Paulo Freire, autor de “Pedagogia do Oprimido” e “Pedagogia dos Sonhos Possíveis”, e “Pedagogia da Autonomia”?
 
Quando eu estava na faculdade, me graduando em pedagogia, o discurso predominante era marxista e a doutrina, a teologia da libertação. Mas agora que esse discurso e a doutrina estão em crise, o que resta na educação? Um paradigma foi superado, mas nenhum outro foi posto no seu lugar. Então a educação é cada vez mais um não-lugar, uma propriedade desapropriada, uma terra de ninguém. Quem são os grandes educadores de hoje?
 
Dizia Paulo Freire que as escolas devem, sim, ensinar a ler e escrever, não apenas livros, mas o mundo a nossa volta. Quantas são as escolas que ensinam a cidadania, a autonomia e o sonho? Qual é o espaço dado nos currículos já inchados e conteudistas, que é um dos pontos políticos da escola? Melhor perguntar o que não está nos currículos, que propõe a educação sexual, conhecimentos sobre os povos africanos e indígenas, mas não a cidadania, paz, sabedoria, esperança e sonho. É claro que as iniciativas do governo são importantes, mas devemos combater a ideia de que a política é feita pelos políticos, e assumir que políticos somos todos nós, inclusive pais, professores e alunos. 
 
O que se faz depois que a porta da sala de aula é fechada? Quantos são os professores que ensinam cidadania, paz, sabedoria, esperança e sonho, e principalmente o amor, como ingredientes básicos para remediar e medicar a educação?
 
C. S. Lewis, já na sua época, exclamava: “Céus, o que é que estão ensinando nessas escolas?” Se os currículos se resumem a conteúdos, a concorrência com a tecnologia será desleal. Se a educação não for um espaço de qualidade de vida, de sonho e sabedoria, dificilmente ela sobreviverá aos novos tempos. Pois essas coisas nenhuma rede vai ensinar (antes pode ser uma anti-pedagogia). Ele também dizia que na educação “não importa derrubar árvores, mas regar desertos”. E a nossa educação é mais do que um deserto, é um deserto ermo, árido e devastado pelos modismos e perda de valores. 
 
Quem se habilita a implantar um sistema de irrigação?
É mestre e doutora em educação (USP) e doutora em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
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