Opinião
01 de dezembro de 2017- Visualizações: 35633
comente!- +A
- -A
-
compartilhar
A espiritualidade cristã
O Caminho do Coração – o sentido da espiritualidade cristã, tornou-se um clássico e também um guia precioso para a redescoberta da espiritualidade cristã na igreja brasileira.
Ultimato apresenta a sua edição da obra original, com novo projeto gráfico e identidade visual, dando a palavra para autor do livro.
Por Ricardo Barbosa
Tenho, nos últimos anos, refletido sobre a espiritualidade cristã. Minha preocupação está voltada para a apatia espiritual, a falta de integridade e coerência entre nossas convicções e a vida, a distância entre a teologia e a oração, e o chamado de Cristo para amar a Deus com a mente e o coração. Embora este tema tenha tomado outros rumos e provocado outros interesses, nem sempre fundamentados na Bíblia ou na longa tradição cristã, ele segue sendo um grande desafio para os cristãos do século 21.
Para manter o foco numa espiritualidade cristã e bíblica, é preciso reconhecer a centralidade da cruz. A cruz de Cristo foi única no sentido de que representou uma escolha, um caminho que Jesus decidiu trilhar: o caminho da obediência ao Pai. A espiritualidade cristã requer obediência. Sabemos que no tempo de Jesus existiram muitas outras cruzes e muitos que foram crucificados nelas; alguns culpados, outros martirizados. No entanto, nenhuma delas pode ser comparada com a cruz de nosso Senhor em virtude daquilo que ela representou.
Podemos considerar que a cruz de Cristo começa a ser carregada no episódio da tentação. Ali, o diabo propõe um caminho para Jesus ser o Messias. Um caminho que representou uma forma tentadora de ser o Messias. Transformar pedras em pães, saltar do alto do templo e ser amparado por anjos, e receber a autoridade política e financeira sobre os reinos e as nações. Se Jesus aceitasse a oferta do diabo, rapidamente teria uma multidão de admiradores, de gente faminta encontrando pão nas ruas e estradas, encantada com seu poder sobre os anjos e os seres celestiais e com seu governo mundial estabelecendo as novas regras políticas e econômicas. Seria o caminho mais rápido para implantar seu reino entre os homens.
Porém, o caminho de Deus não era este. O reino que ele oferece precisa nascer primeiro dentro de cada um. As mudanças não acontecem de cima para baixo nem de fora para dentro. É um reino que vem como uma pequena semente e leva tempo para crescer. Não é imposto, é aceito. Não se estabelece pela força do poder, mas pelo coração e mente transformados. O rei deste reino não permanece assentado no seu trono, mas desce e se torna um servo.
A cruz de Jesus não significou apenas o sofrimento final do seu ministério público. Ela representou uma escolha que o acompanhou por toda a sua vida e que culminou em seu sofrimento e morte. Quando Jesus nos chama para segui-lo, ele afirma que, se não tomarmos nossa cruz, não será possível ser seu discípulo. A razão para isto é clara. Se o caminho dele é o caminho do servo obediente, o nosso não pode ser diferente. Por isto, precisamos tomar nossa cruz, e ela deve representar também nossa escolha, que é a mesma que ele fez -- uma escolha pela renúncia e pela obediência ao Pai.
O apóstolo Paulo entende o chamado de Jesus para tomar a cruz e segui-lo quando afirma: “Eu estou crucificado para o mundo e o mundo está crucificado para mim”. O caminho do mundo ensina: “Ame seus amigos e seja indiferente com os outros”. O caminho de Jesus diz: “Ame os inimigos e ore por eles”. No caminho do mundo ser o maior e o melhor é o mais importante. No caminho de Jesus o melhor é ser o menor e o servo de todos.
Podemos achar que o caminho de Cristo é muito difícil, que amar os inimigos, orar pelos caluniadores, ser manso num mundo competitivo, humilde numa sociedade ambiciosa, não é só difícil -- é impossível. Concordo, por isto o chamado é para tomar a cruz. A cruz significa renúncia, sofrimento e morte.
As opções estão diante de nós diariamente. Todos os dias somos levados ao monte da tentação. Todos os dias o diabo nos oferece suas ofertas e seu caminho, e Deus, pela sua palavra, nos revela seu caminho. Todos os dias temos de fazer nossas escolhas. Tomar nossa cruz é aceitar o caminho de Cristo, e neste caminho experimentamos uma espiritualidade verdadeira.
> Artigo publicado originalmente na edição 318 da revista Ultimato.
> Conheça o lançamento: O Caminho do Coração – o sentido da espiritualidade cristã
Ultimato apresenta a sua edição da obra original, com novo projeto gráfico e identidade visual, dando a palavra para autor do livro.
Por Ricardo Barbosa
Tenho, nos últimos anos, refletido sobre a espiritualidade cristã. Minha preocupação está voltada para a apatia espiritual, a falta de integridade e coerência entre nossas convicções e a vida, a distância entre a teologia e a oração, e o chamado de Cristo para amar a Deus com a mente e o coração. Embora este tema tenha tomado outros rumos e provocado outros interesses, nem sempre fundamentados na Bíblia ou na longa tradição cristã, ele segue sendo um grande desafio para os cristãos do século 21.
Para manter o foco numa espiritualidade cristã e bíblica, é preciso reconhecer a centralidade da cruz. A cruz de Cristo foi única no sentido de que representou uma escolha, um caminho que Jesus decidiu trilhar: o caminho da obediência ao Pai. A espiritualidade cristã requer obediência. Sabemos que no tempo de Jesus existiram muitas outras cruzes e muitos que foram crucificados nelas; alguns culpados, outros martirizados. No entanto, nenhuma delas pode ser comparada com a cruz de nosso Senhor em virtude daquilo que ela representou.
Podemos considerar que a cruz de Cristo começa a ser carregada no episódio da tentação. Ali, o diabo propõe um caminho para Jesus ser o Messias. Um caminho que representou uma forma tentadora de ser o Messias. Transformar pedras em pães, saltar do alto do templo e ser amparado por anjos, e receber a autoridade política e financeira sobre os reinos e as nações. Se Jesus aceitasse a oferta do diabo, rapidamente teria uma multidão de admiradores, de gente faminta encontrando pão nas ruas e estradas, encantada com seu poder sobre os anjos e os seres celestiais e com seu governo mundial estabelecendo as novas regras políticas e econômicas. Seria o caminho mais rápido para implantar seu reino entre os homens.
Porém, o caminho de Deus não era este. O reino que ele oferece precisa nascer primeiro dentro de cada um. As mudanças não acontecem de cima para baixo nem de fora para dentro. É um reino que vem como uma pequena semente e leva tempo para crescer. Não é imposto, é aceito. Não se estabelece pela força do poder, mas pelo coração e mente transformados. O rei deste reino não permanece assentado no seu trono, mas desce e se torna um servo.
A cruz de Jesus não significou apenas o sofrimento final do seu ministério público. Ela representou uma escolha que o acompanhou por toda a sua vida e que culminou em seu sofrimento e morte. Quando Jesus nos chama para segui-lo, ele afirma que, se não tomarmos nossa cruz, não será possível ser seu discípulo. A razão para isto é clara. Se o caminho dele é o caminho do servo obediente, o nosso não pode ser diferente. Por isto, precisamos tomar nossa cruz, e ela deve representar também nossa escolha, que é a mesma que ele fez -- uma escolha pela renúncia e pela obediência ao Pai.
O apóstolo Paulo entende o chamado de Jesus para tomar a cruz e segui-lo quando afirma: “Eu estou crucificado para o mundo e o mundo está crucificado para mim”. O caminho do mundo ensina: “Ame seus amigos e seja indiferente com os outros”. O caminho de Jesus diz: “Ame os inimigos e ore por eles”. No caminho do mundo ser o maior e o melhor é o mais importante. No caminho de Jesus o melhor é ser o menor e o servo de todos.
Podemos achar que o caminho de Cristo é muito difícil, que amar os inimigos, orar pelos caluniadores, ser manso num mundo competitivo, humilde numa sociedade ambiciosa, não é só difícil -- é impossível. Concordo, por isto o chamado é para tomar a cruz. A cruz significa renúncia, sofrimento e morte.
As opções estão diante de nós diariamente. Todos os dias somos levados ao monte da tentação. Todos os dias o diabo nos oferece suas ofertas e seu caminho, e Deus, pela sua palavra, nos revela seu caminho. Todos os dias temos de fazer nossas escolhas. Tomar nossa cruz é aceitar o caminho de Cristo, e neste caminho experimentamos uma espiritualidade verdadeira.
> Artigo publicado originalmente na edição 318 da revista Ultimato.
> Conheça o lançamento: O Caminho do Coração – o sentido da espiritualidade cristã
Pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília (DF). É colunista da revista Ultimato e autor de A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja, Pensamentos Transformados, Emoções Redimidas e O Caminho do Coração.
- Textos publicados: 55 [ver]
01 de dezembro de 2017- Visualizações: 35633
comente!- +A
- -A
-
compartilhar

Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Quem são e o que querem os evangélicos na COP30
- Dicas para uma aula de EBD (parte 1): Planeje a aula e o seu preparo pessoal
- Homenagem – Márcio Schmidel (1968–2025)
- Ultimato na COP30
- Vaticano limita a devoção a Maria na Igreja Católica
- Com Jesus à mesa: partilha que gera o milagre
- Acessibilidade no Congresso Brasileiro de Missões (CBM) 2025
- Sociedade Bíblica do Brasil dá início ao Mês da Bíblia 2025
- Geração Z – o retorno da fé?
- Dicas para uma aula de EBD (parte 2): Mostre o que há de melhor no conteúdo
(31)3611 8500
(31)99437 0043
Doutor Estranho
Dez conselhos para se preparar para as próximas eleições
Israel versus Hamas
LIQUIDAÇÃO -- Vende-se um Natal bem baratinho, por Derval Dasilio





 copiar.jpg&largura=49&altura=65&opt=adaptativa)
