Opinião
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A Bíblia e a missão. Parece óbvio?
Por Willian Lane
Pode parecer óbvio ao leitor contemporâneo que a Bíblia e a missão de Deus ou a missão da igreja estejam intimamente interligadas, pois, afinal, a Bíblia fala da missão e a missão é o importante tema da Bíblia. Para muitos isso é tão claro e evidente que não há como separar as duas ideias e nem imaginar que um dia isso não fosse tão evidente. Contudo, essa clareza nem sempre existiu. Ela é o resultado, em grande parte, de estudos, discussões e diversas publicações significativas que tiveram o objetivo de mostrar como a missão tem fundamentação bíblica e, portanto, é um mandato divino.Isso ocorreu porque em meados do século passado a obra missionária estava em crise e a sua razão de ser era colocada em dúvida. Houve o sentimento de que a evangelização de povos estrangeiro foi o reflexo do expansionismo e imperialismo das nações cristãs sobre os povos asiáticos, africanos e latino-americanos. Portanto, uma vez que as colônias das nações ocidentais se esforçavam por sua independência, a obra missionária foi vista como um projeto de cristianização das nações que tinha se esgotado historicamente.
Diante desse sentimento geral, a obra missionária entrou em crise. Essa crise, por sua vez, fez surgir uma preocupação de legitimar a obra missionária com um fundamento bíblico e teológico. Assim, a partir da segunda metade do século passado, começam a surgir obras defendendo o fundamento bíblico da missão. Desde então, houve intensa discussão sobre a relação entre a Bíblia e a missão, porém, no decorrer dos anos ela foi descrita por diferentes nomes. Ultimamente essa discussão tem sido chamada de Bíblia e missão, hermenêutica missional, leitura missional da Bíblia etc. Apesar do neologismo e da introdução de algumas novas categorias na discussão, a hermenêutica missional é o termo usado para um modo recente de uma antiga conversa sobre o relacionamento entre a Bíblia e a missão. Ela basicamente busca responder como se prossegue da Bíblia para os temas missiológicos ou como sustentar a natureza e mandato bíblico da missão sem impor sobre a Bíblia o que se deseja encontrar nela a respeito dos temas missionários.


O missiólogos sul-africano David Bosch retratou muito bem a problemática quando declarou (1996, p. 538):
No fim a igreja fica com a incômoda pergunta se suas ações missionárias hoje preservam alguma semelhança se quer com o que os estudiosos bíblicos chamam de ‘missão’ e também se e como é possível apelar às Escrituras para defender o ministério missionário.
O problema é tão desafiador que já naquela época Bosch cogitava que “Talvez precisemos de um livro escrito por um teólogo que seja tanto missiólogo quanto biblista – se é que existe essa criatura.”
Felizmente diversos missiólogos e biblistas têm se levantado para tratar seriamente de como a Bíblia fala de missão e como a missão pode ser entendida na Bíblia. Nesse sentido, a obra O propósito bíblico da missão, de minha autoria, explora ainda que brevemente o desenvolvimento dessa discussão e procura apresentar o propósito da missão.
Além de situar a discussão sobre a relação entre a Bíblia e a missão, esta obra também percorre toda a Bíblia para mostrar como cada parte contribui para o entendimento não só da base da missão, mas do propósito da missão.
REVISTA ULTIMATO | MAMOM VERSUS DEUS
REVISTA ULTIMATO | MAMOM VERSUS DEUSAo todo, Jesus contou 38 parábolas. Mais de um terço delas trata de assuntos ligados a posses e riquezas. Há cerca de quinhentos versículos sobre oração na Bíblia. Sobre dinheiro e posses são mais de 2.300.
As Escrituras se ocupam desse assunto porque ele é crucial para a fé. Trata-se de onde colocamos nossos afetos e a quem seguimos. Jesus adverte: “Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (Mt 6.21).
Pastor presbiteriano e doutor em Antigo Testamento, é professor e capelão no Seminário Presbiteriano do Sul, e tradutor de obras teológicas. É autor do livro O propósito bíblico da missão.
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