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Palavra do leitor

Um "outro" conto de natal

Vi-o descer pela minha lareira... sim eu tinha lareira. Atrás de um pinheirinho de meio metro que mal podia esconder-me, vi aquele velho gordo e vestido de vermelho e branco com sua barba coberta de fuligem, exalando suor por cada póro, óculos torto no rosto. Praguejava alguma coisa que não pude entender, alguma coisa com "calor" e "apertado", mas meu medo e fascinação não me deixaram compreender. Ele não vinha com um saco vermelho esparramando presentes pelo ladrão. Trazia um remendo de linhagem roto e encardido com algo no fundo que deduzi ser meu. Olhou pela sala com cara de nojo, e tive medo. Não me notou, e nem poderia... a sujeira em seus óculos não deixava. Sua pança saliente teimava em sair de seu casaco, um umbigo ameaçador me espreitava, esse estava me vendo. Por um momento pensei comigo em meu frágil esconderijo. Esse senhor não condiz com a imagem do "bom velhinho" que povoava minha mente infantil, havia algo que não se encaixava nessa noite de vinte e quatro de dezembro. Lá fora um vento morno soprava, talvez anunciando mais uma chuva de verão. Em meu pijama tinha calafrios de medo e frio, como se o verdadeiro noel tivesse trazido o Polo Norte dentro do bolso.

Abriu seu nem tão generoso saco de presente e retirou algo confuso, uma coisa preta, retangular com uma fita vermelha amarrando-o. Mas eu não havia pedido isso! Estava bem claro para aquele projeto de noel o que eu queria. Será que ele não havia lido minha carta, deveras fosse até analfabeto, velho idiota. Eu havia pedido um mini-game. A não ser que agora eles estivessem vindo em tamanho gigante, ele errara meu presente. Não faltava mais nada. Era tão simples... um minigame que não deveria medir mais que uns vinte cm quadrados. Com direito a relógio e a despertador inclusos. Mas ele me veio com uma coisa preta de uns quarenta cm e pelo estrondo que fez quando atirou-o sobre o pé do pinheiro parecia pesar uns cem quilos. Velho idiota! Tinha que ser analfabeto, não leu minha carta. E mesmo estando tão próximo a mim não me viu, além de burro era cego. Fedia a vinho e suor... talvez até estivesse de fralda. Eca! Quanta decepção, será que os filmes, desenhos, quadrinhos, nossos pais, o mundo todo haviam me enganado?? Uma criança pode ficar traumatizada com uma visão dessas sabiam?

Preferia ficar sem presente do que ter um encontro como aquele. Chega, não me contive. Na verdade nem vi acontecer. Foi uma torrente de emoções que explodiram dentro de mim derrepente, saltei detrás do pinheiro artificial, e põe artificial nisso. Ele me olhou sem muito espanto, gelei. Fiz aquilo que toda criança era ensinada em hipótese nenhuma a fazer, se mostrar ao Noel. Olhou-me com desdém, esperei que entrassem pela janela suas renas enfurecidas soltando fogo pelos olhos, numa expressão mortal vindo a me devorar. Ainda que pelo naipe do velho, ele deveria ter vindo com uns pangarés caolhos.

Apontou-me com um movimento de cabeça meu presente. Olhou para o alto como se fosse soltar uma gargalhada maligna, ou um desavergonhado arroto. “Está feito” disse ele, enquanto olhava para o forro. Sem entender nada, voltei a olhar para o objeto preto ao pé do pinheiro, e quando voltei a fitá-lo, havia sumido.

Está feito? Que velho arrogante, onde estava o Ho, Ho, Ho e Feliz Natal? Um ano inteiro esperando por isso?? Um projeto de Papai Noel?? Sorte dele sermos contemporâneos da extinta e ineficaz Sunab.

Bom, fui ver o que ele havia me trazido. Sentei-me ao pé daquele pinheiro com suas meia dúzias de bolinhas e enfeites. Mas que surpresa para acabar com minha noite, eu havia ganho um livro. Um livro? Não, uma Bíblia. Desatei a fita e abri-a desanimadamente.

Suas palavras saltaram em minhas vistas, rasgaram minha mente. O que vi e li não eram deste mundo... meu Natal desabou. Encontrei naquelas páginas um “outro” conto de Natal... e isto mudou todos os outros.

Continua...
Araranguá - SC
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