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Palavra do leitor

O paradoxo da Graça: Discipulado como uma opção

"E, passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. E, levantando-se, o seguiu."

Discipulado pode ser um constante aprendizado. O livro de discipulado de Bonhoeffer inicia em um ponto de grande interesse para os que querem entender o proceso. Apresenta a graça como palavra viva, a palavra de Deus.

Bonhoeffer trabalha o chamado de Pedro no livro e tece a idéia de uma intervenção tripla da graça no caminho de Pedro, a mesma graça proclamada em três ocasiões diferentes. E foi essa graça que venceu o discípulo, levando a largar tudo por amor do discipulado; foi essa graça quem o impeliu a uma confissão pública; foi ela que chamou o infiel Pedro a comunhão.

Sobre Lutero, o autor escreve dizendo que seu chamado para o convento custou-lhe a dedicação de sua vida. Mas, com o caminho escolhido, Lutero fracassou em relação ao próprio Deus. A auto-negação de Lutero revelou-se nele como a derradeira auto-afirmação espiritual típica dos piedosos. Mas esse não é o discipulado sugerido pelo evangelho. Da primeira vez que foi para o convento, Lutero abandonou muito, menos a si mesmo, menos o seu eu piedoso. Mas quando foi chamado pela ultima vez Deus o chamou. Ele não seguiu o mestre por mérito próprio, mas baseado na graça de Deus. Lutero teve que abandonar o convento e regressar ao mundo. O discipulado, o viver na graça, para ele agora era diferente. O discipulado de Jesus passaria a ser vivido no seio do mundo, diz Bonhoeffer, que completa: “A obediência perfeita ao mandamento de Cristo deveria acontecer na vida profissional de todos os dias.” Então a vocação secular do cristão recebe nova legitimidade a partir do Evangelho somente na medida em que é exercida no discipulado de Jesus. A graça era para Lutero um resultado, mas um resultado divino, não humano. Se, porém, a graça constituir premissa básica de minha vida cristã, então, tenho nela antecipadamente, a justificação dos pecados que cometer durante minha vida no mundo. O mundo inteiro tornou-se cristão à sombra dessa graça. Desapareceu o conflito entre a vida cristã e a vida profissional de cidadão mundano. É assustador o quanto depende da forma como uma verdade evangélica é exposta e posta em prática. É a mesma mensagem da justificação tão-somente pela graça; no entanto a má utilização dessa mensagem conduz à completa destruição da sua essência. Para Bonhoeffer, somente quem se encontra no discipulado de Jesus, renunciando a tudo quanto possuía, pode dizer que é justificado tão-somente pela graça.

O texto de Marcos 2:14 relata esse chamado, e dá ênfase à seqüência imediata de chamado e ação. Para essa seqüência e ação só existe uma razão válida: o próprio Jesus Cristo. É Ele quem chama, e por isso, o publicano o segue. Neste encontro é testemunhada a autoridade de Jesus, que é incondicional, imediata e sem explicações. O fato de Jesus ser o Cristo dá-lhe todo o poder para chamar e exigir obediência à sua palavra. Jesus chama ao discipulado não como ensinador, mas em sua qualidade de Filho de Deus. O que sabemos do conteúdo do discipulado? Segue-me. Vai andando atrás de mim. Eis tudo. O ser humano chamado larga tudo quanto tem, não para fazer algo específico, mas simplesmente por causa daquele chamado, porque de outro modo, não pode seguir os passos de Jesus. Ao lado de Jesus não há mais quaisquer outros conteúdos, pois ele próprio é o único conteúdo. O chamado ao discipulado é, portanto, comprometimento exclusivo com a pessoa de Jesus Cristo. É o chamado da graça. Cristo chama, o discípulo segue; isso é graça e mandamento ao mesmo tempo.

Ser discípulo significa dar determinados passos. O primeiro passo já separa o discípulo de sua situação anterior. Este primeiro passo, antes de mais nada consiste na troca de uma forma de existência por outra. O alcoolista que renuncia o álcool e o rico que distribui seu dinheiro libertam-se do álcool e do dinheiro, mas não de si próprios. Tal obra precisa ser realizada, mas por si própria não liberta da morte, da desobediência e do afastamento de Deus. Temos que dar o primeiro passo. Bonhoeffer trabalha a questão da obediência como um ponto chave do discipulado. Logo, o chamado ao discipulado de Bonhoeffer faz também uma análise de Marcos 8:31-38. Neste texto o discipulado está no contexto do anuncio da paixão de Jesus. E ao comunicar essa verdade Jesus começa por dar plena liberdade aos discípulos; “Se alguém quiser vir após mim...”. Ninguém pode ser forçado. Depende de decisão individual. Jesus continua dizendo “... “...negue-se a si mesmo...”. A autonegação consiste em conhecer a apenas a Cristo, e não mais a si próprio. “...Tome a sua cruz...” O chamado de Jesus ao discipulado faz do discípulo um indivíduo. Querendo ou não, ele tem que se decidir, tem que tomar uma decisão sozinho. Cada qual é chamado individualmente e tem que ser individuo sozinho. E desculpe-me a redundância.

Fonte
BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado.Tradução Ilson Kayser. 8 ed. São Leopoldo: Sinodal, 2004
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