Opinião
07 de maio de 2025- Visualizações: 5542
comente!- +A
- -A
-
compartilhar
Um panorama da distribuição da Bíblia no Brasil nos últimos 70 anos
Vale a pena distribuir as Escrituras?
Por Erní Walter Seibert
Existem muitas pessoas que têm o hábito de distribuir Bíblias ou Novos Testamentos para amigos, colegas de trabalho, vizinhos e até mesmo para desconhecidos. Algumas Igrejas também têm o hábito de fazerem campanhas de distribuição de material bíblico uma ou mais vezes por ano. Muitos se perguntam se isso vale a pena, se não é um desperdício de recursos, se não há nada mais eficiente a fazer para alcançar as pessoas com a mensagem cristã.
A própria Bíblia incentiva a leitura das Escrituras. É claro que, quando o texto bíblico foi escrito, ainda não havia Bíblias como nós temos hoje. Mas o conceito de Escrituras está presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. A leitura, o exame, o estudo das Escrituras são incentivados e tidos como parte fundamental da atividade cristã.
Em Atos dos Apóstolos, o autor, Lucas, diz que “a palavra de Deus crescia” (At 6.7). Essa expressão se repete ao longo do livro em diversas vezes, mais ou menos da mesma forma. O que ele queria dizer com isso? O evangelho se espalhava e a igreja crescia. Não havia no tempo bíblico a impressão de Bíblias. As cópias eram feitas à mão. Mas as cópias manuscritas dos escritos bíblicos, as Escrituras, acompanhavam o avanço da igreja. Essa palavra era anunciada, ensinada, lida e propagada. Em consequência, a igreja crescia.
Com o advento da imprensa, as cópias da Bíblia ou de partes da Bíblia (como os Novos Testamentos) se tornaram mais fáceis de serem feitas. O avanço da tecnologia permitiu fazer mais cópias das Escrituras em menos tempo e com valores financeiros mais reduzidos. Mas distribuir cópias das Escrituras vale a pena em nossos dias?
No Brasil, não é tão difícil fazer um estudo de caso. Até o ano 2.000, majoritariamente, no meio evangélico, a publicação de Escrituras era feita pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB). As traduções utilizadas por todas as agências ligadas ao movimento evangélico, eram da Sociedade Bíblica do Brasil, especialmente as edições de Almeida. Embora não se tenha acesso a todas as estatísticas, a SBB anualmente publicou suas distribuições de Escrituras desde o seu princípio. O que aconteceu com essa distribuição, que, embora não seja a distribuição total, é a majoritária no meio evangélico?

Inicialmente, precisamos esclarecer os conceitos. Bíblias, nessa pesquisa que apresentamos a seguir, são Bíblias completas (Antigo e Novo Testamento). Escrituras incluem Novos Testamentos publicados separadamente, Porções Bíblicas (como, por exemplo, o Evangelho de João) e Seleções Bíblicas (folhetos cujo conteúdo é 80% de texto bíblico). Numa coluna são apresentados os números de Bíblias distribuídas no período de 10 anos. Em outra coluna, quando se somam Bíblias e Escrituras temos o número total de Bíblias + Novos Testamentos + Porções Bíblicas + Seleções Bíblicas.
A Sociedade Bíblica foi fundada pelas Igrejas cristãs (na Assembleia de fundação realizada estavam representantes das Igrejas Evangélicas que havia na época), em 10 de junho de 1948. Do ano de 1948 até 1950, a recém fundada organização conseguiu alcançar a distribuição de 248.857 Bíblias e 3.592.011 Bíblias + Escrituras. Esse foi o resultado de dois anos de trabalho. Vale lembrar que essa distribuição era feita pelas Igrejas, as fundadoras da organização.
Na tabela abaixo, temos a distribuição total de Bíblias e Escrituras, pela SBB, em períodos de 10 em 10 anos, de 1950 a 2020. Temos também o número de habitantes do Brasil e a porcentagem de evangélicos.

REVISTA ULTIMATO – LIVRA-NOS DO MAL
O mal e o Maligno existem. E precisamos recorrer a Deus, o nosso Pai, por proteção.
O que sabemos sobre o mal? A que textos bíblicos recorremos para refletir e falar do assunto? Como o mal nos afeta [e como afetamos outros com o mal] e porque pedimos para sermos livres dele? Por que os cristãos e a igreja precisam levar esse assunto a sério?
É disso que trata a matéria de capa da edição 413 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» A Bíblia, a polarização e a reconciliação, por Erní Walter Seibert
» A Bíblia Toda o Ano Todo – Meditações Diárias de Gênesis a Apocalipse, John Stott
Por Erní Walter Seibert
Existem muitas pessoas que têm o hábito de distribuir Bíblias ou Novos Testamentos para amigos, colegas de trabalho, vizinhos e até mesmo para desconhecidos. Algumas Igrejas também têm o hábito de fazerem campanhas de distribuição de material bíblico uma ou mais vezes por ano. Muitos se perguntam se isso vale a pena, se não é um desperdício de recursos, se não há nada mais eficiente a fazer para alcançar as pessoas com a mensagem cristã. A própria Bíblia incentiva a leitura das Escrituras. É claro que, quando o texto bíblico foi escrito, ainda não havia Bíblias como nós temos hoje. Mas o conceito de Escrituras está presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. A leitura, o exame, o estudo das Escrituras são incentivados e tidos como parte fundamental da atividade cristã.
Em Atos dos Apóstolos, o autor, Lucas, diz que “a palavra de Deus crescia” (At 6.7). Essa expressão se repete ao longo do livro em diversas vezes, mais ou menos da mesma forma. O que ele queria dizer com isso? O evangelho se espalhava e a igreja crescia. Não havia no tempo bíblico a impressão de Bíblias. As cópias eram feitas à mão. Mas as cópias manuscritas dos escritos bíblicos, as Escrituras, acompanhavam o avanço da igreja. Essa palavra era anunciada, ensinada, lida e propagada. Em consequência, a igreja crescia.
Com o advento da imprensa, as cópias da Bíblia ou de partes da Bíblia (como os Novos Testamentos) se tornaram mais fáceis de serem feitas. O avanço da tecnologia permitiu fazer mais cópias das Escrituras em menos tempo e com valores financeiros mais reduzidos. Mas distribuir cópias das Escrituras vale a pena em nossos dias?
No Brasil, não é tão difícil fazer um estudo de caso. Até o ano 2.000, majoritariamente, no meio evangélico, a publicação de Escrituras era feita pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB). As traduções utilizadas por todas as agências ligadas ao movimento evangélico, eram da Sociedade Bíblica do Brasil, especialmente as edições de Almeida. Embora não se tenha acesso a todas as estatísticas, a SBB anualmente publicou suas distribuições de Escrituras desde o seu princípio. O que aconteceu com essa distribuição, que, embora não seja a distribuição total, é a majoritária no meio evangélico?

Inicialmente, precisamos esclarecer os conceitos. Bíblias, nessa pesquisa que apresentamos a seguir, são Bíblias completas (Antigo e Novo Testamento). Escrituras incluem Novos Testamentos publicados separadamente, Porções Bíblicas (como, por exemplo, o Evangelho de João) e Seleções Bíblicas (folhetos cujo conteúdo é 80% de texto bíblico). Numa coluna são apresentados os números de Bíblias distribuídas no período de 10 anos. Em outra coluna, quando se somam Bíblias e Escrituras temos o número total de Bíblias + Novos Testamentos + Porções Bíblicas + Seleções Bíblicas.
A Sociedade Bíblica foi fundada pelas Igrejas cristãs (na Assembleia de fundação realizada estavam representantes das Igrejas Evangélicas que havia na época), em 10 de junho de 1948. Do ano de 1948 até 1950, a recém fundada organização conseguiu alcançar a distribuição de 248.857 Bíblias e 3.592.011 Bíblias + Escrituras. Esse foi o resultado de dois anos de trabalho. Vale lembrar que essa distribuição era feita pelas Igrejas, as fundadoras da organização.
Na tabela abaixo, temos a distribuição total de Bíblias e Escrituras, pela SBB, em períodos de 10 em 10 anos, de 1950 a 2020. Temos também o número de habitantes do Brasil e a porcentagem de evangélicos.
| ANO | BÍBLIAS | BÍBLIAS + ESCRITURAS | POPULAÇÃO DO PAÍS | EVANGÉLICOS | PORCENTAGEM DE EVANGÉLICOS |
| 1948-1950 | 264.857 | 3.592.011 | |||
| 1951-1960 | 1.594.913 | 18.381.260 | 70.992.343 | 3.077.926 | 4,3% |
| 1961-1970 | 2.599.221 | 51.995.728 | 93.139.037 | 4.833.106 | 5.0% |
| 1971-1980 | 2.980.885 | 236.962.401 | 119.002.706 | 7.885.650 | 6,6% |
| 1981-1990 | 7.389.425 | 977.165.087 | 146.825.475 | 13.157.094 | 9.0% |
| 1991-2000 | 22.452.066 | 1.637.418.679 | 169.799.170 | 26,2 Milhões | 15,4% |
| 2001-2010 | 45.524.596 | 1.578.628.265 | 190.755.799 | 42,3 Milhões | 22,2% |
| 2011-2020 | 58.106.251 | 2.261.665.816 | 211.755.692 | 65,4 Milhões | 31,0% |
A relação entre a distribuição de Escrituras no período e o crescimento da Igreja não é difícil de ser reconhecida. Claro que a distribuição da Palavra de Deus nunca se limita somente a distribuição dela de forma impressa. Mas é notório que a distribuição das Escrituras impressas impulsionou o crescimento da Igreja.
Os estudiosos de missiologia afirmam que o crescimento da Igreja em nossos dias se dá especialmente no Sul Global. A América Latina, a África e a Ásia são as regiões em que o cristianismo mais cresce. As estatísticas mostram que, nessas regiões, a distribuição de Escrituras é mais forte. Os Estados Unidos, embora não estejam geograficamente no Sul Global, ainda são muito fortes na distribuição de Escrituras e mantém uma Igreja bastante forte e atuante.
Agora voltamos à pergunta inicial. Vale a pena distribuir a Bíblia? A resposta que a história dos últimos 70 anos de nosso país diz: Sim, vale a pena. Quando a Bíblia é distribuída, as pessoas passam a ler seu conteúdo. Quando o conteúdo da Bíblia é lido, a vida das pessoas se transforma. Aí está um ponto que, talvez, precise de maior atenção. A distribuição da Bíblia deve estar acompanhada de campanhas de incentivo à leitura da Bíblia. É importante ter a Bíblia, mas isso não basta. É importante ler a Bíblia. Mas isso também não basta. Acompanhando a leitura da Bíblia devem estar a confiança no Deus que as Escrituras apresentam e acompanhando a fé deve estar a vida em conformidade com o ensino. A pergunta inicialmente feita, transformamos em afirmação: Vale a pena distribuir a Bíblia!
Os estudiosos de missiologia afirmam que o crescimento da Igreja em nossos dias se dá especialmente no Sul Global. A América Latina, a África e a Ásia são as regiões em que o cristianismo mais cresce. As estatísticas mostram que, nessas regiões, a distribuição de Escrituras é mais forte. Os Estados Unidos, embora não estejam geograficamente no Sul Global, ainda são muito fortes na distribuição de Escrituras e mantém uma Igreja bastante forte e atuante.
Agora voltamos à pergunta inicial. Vale a pena distribuir a Bíblia? A resposta que a história dos últimos 70 anos de nosso país diz: Sim, vale a pena. Quando a Bíblia é distribuída, as pessoas passam a ler seu conteúdo. Quando o conteúdo da Bíblia é lido, a vida das pessoas se transforma. Aí está um ponto que, talvez, precise de maior atenção. A distribuição da Bíblia deve estar acompanhada de campanhas de incentivo à leitura da Bíblia. É importante ter a Bíblia, mas isso não basta. É importante ler a Bíblia. Mas isso também não basta. Acompanhando a leitura da Bíblia devem estar a confiança no Deus que as Escrituras apresentam e acompanhando a fé deve estar a vida em conformidade com o ensino. A pergunta inicialmente feita, transformamos em afirmação: Vale a pena distribuir a Bíblia!
- Erní Walter Seibert é diretor executivo da Sociedade Bíblica do Brasil e Vice-Presidente das Sociedades Bíblicas Unidas.

REVISTA ULTIMATO – LIVRA-NOS DO MAL O mal e o Maligno existem. E precisamos recorrer a Deus, o nosso Pai, por proteção.
O que sabemos sobre o mal? A que textos bíblicos recorremos para refletir e falar do assunto? Como o mal nos afeta [e como afetamos outros com o mal] e porque pedimos para sermos livres dele? Por que os cristãos e a igreja precisam levar esse assunto a sério?
É disso que trata a matéria de capa da edição 413 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» A Bíblia, a polarização e a reconciliação, por Erní Walter Seibert
» A Bíblia Toda o Ano Todo – Meditações Diárias de Gênesis a Apocalipse, John Stott
é diretor executivo da Sociedade Bíblica do Brasil e Vice-Presidente das Sociedades Bíblicas Unidas.
- Textos publicados: 5 [ver]
07 de maio de 2025- Visualizações: 5542
comente!- +A
- -A
-
compartilhar

Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Quem são e o que querem os evangélicos na COP30
- Dicas para uma aula de EBD (parte 1): Planeje a aula e o seu preparo pessoal
- Homenagem – Márcio Schmidel (1968–2025)
- Ultimato na COP30
- Vaticano limita a devoção a Maria na Igreja Católica
- Com Jesus à mesa: partilha que gera o milagre
- Acessibilidade no Congresso Brasileiro de Missões (CBM) 2025
- Sociedade Bíblica do Brasil dá início ao Mês da Bíblia 2025
- Geração Z – o retorno da fé?
- Dicas para uma aula de EBD (parte 2): Mostre o que há de melhor no conteúdo
(31)3611 8500
(31)99437 0043
Reflexões sobre a morte
A ditadura e os pobres
Geração de órfãos
Melvin Banks tinha um sonho





 copiar.jpg&largura=49&altura=65&opt=adaptativa)


