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Opinião

Triste constatação, aviso e lamento

Por Ageu Heringer Lisboa1
 
Colhe-se hoje, em grande parte do Ocidente, o niilismo semeado por filósofos e teólogos da morte de Deus. Pretendendo libertar a humanidade do “tirano cósmico”, matando o Grande Pai, acabaram acertando os pobres humanos. Não havendo Deus, não existirá no humano a dignidade e a glória da imago Dei. Seremos tão somente fruto do acaso impessoal onde moléculas se chocam ou se aglutinam. O efeito disto? Descartando-se Deus, descarta-se facilmente os humanos. Não é tão fácil hoje a defesa do abortamento pelo simples desejo da mulher? O negacionismo do homem e da mulher como seres-de-relação-com-Deus aprofunda o mal-estar na civilização ocidental.
 
Nessa cultura pós-cristã, pós-moderna, pós-tudo, perde-se a sensatez, a esperança e a fecundidade. A afluência material possibilita um epicurismo neoliberal estilo Las Vegas e BBB. Até no campo religioso esse vírus se instalou. Viaja-se e muda-se de trabalho e residência facilmente. Milhões de jovens e adultos residem só num casulo conectado ao mundo pela internet. Temor a compromissos e responsabilidades da conjugalidade e da pater-maternidade? Quantos vivem à exaustão a troca de parceiros/as? Orgulham-se de suas identidades fluídas e relacionamentos flácidos. Sintoma de estranhamento de si e do outro. Ou imaturidade psicossexual e afetiva somada à simples rebeldia contra o “sistema patriarcal opressivo”?
 
No Oriente, no Ocidente, no norte e sul do planeta, famílias tradicionais (constituídas a partir da conjugação do homem com a mulher) sobrevivem a milênios, com seus problemas, desafios, disfuncionalidades e benefícios. Cumprem indispensável papel no recebimento, acolhimento e formação dos novos humanos, ligando-os à cultura. Neste contexto não há como negar a contínua desvantagem das mulheres na relação de gêneros, desde a Queda. O pecado gerou o machismo e o patriarcalismo que se naturalizaram em todas as culturas. Mas é necessário lembrar a orientação original, no Éden, da parceria conjugal fecundante do macho com a fêmea, feitos à imagem do Criador. 
 
Elizabeth Roudinesco em A Família em Desordem (2002) relaciona as formas do poder político às formas do poder nas famílias. Se reis absolutistas impõem seu desejo aos súditos, nas famílias o pater familiae atua com direito de vida e morte sobre a mulher e a prole. Já em sistemas democráticos o poder do homem é um pouco limitado e tende, lentamente, a ser compartilhado.
 
Hoje, teóricos queer sobre questões de gênero propõem a subversão de identidades (Butler). Vão muito além da justa crítica contra a subjugação e violência contra a mulher na história. Promovem uma cisão do feminino/masculino. Uma questão tornada política e que alimenta debates acalorados dentro e fora de grupos feministas de distintos matizes. Lésbicas lideram a sigla LGBTTQI. O macho outrora poderoso se encontra encurralado.
 
Demograficamente, o pai ausente em grande número de casas correlaciona-se com crescente número de famílias monoparentais e visível feminização do universo familiar. Mulher sobrecarregada, menor renda, crianças crescendo sem referências paternas e desprotegidas. Um alto número de divórcios, casamentos tardios e redução do número de filhos já impactam as expectativas de vida de muitos países. No caso europeu, surge o temor e ressentimento contra etnias mais prolíferas que ganham espaços.
 
Lembrando Roudinesco, os sempre excluídos da conjugalidade constituidora de famílias, homossexuais e transexuais conquistam, no Ocidente, direitos legais ao casamento e à adoção de filhos. Em meio a contestações de monta quanto à precisão diagnóstica que autoriza cirurgias de redesignação do sexo, elas se tornam rotineiras. Novas subjetividades e sujeitos sociais estão em construção trazendo o desafio de acomodação no campo jurídico e no conjunto das instituições sociais como escolas e igrejas. Constituições familiares distintas do modelo hegemônico heterossexual se multiplicam. Famílias heterossexuais poderão ser, em breve, minoritárias em algumas localidades e igrejas europeias.
 
Constata-se uma aceleração no ritmo de mudanças nas culturas de todo o mundo dada a interconexão pela web. Isso as expõem a novidades e demandas antes impensáveis. Instituições religiosas não estão blindadas, mas igualmente impactadas e desafiadas. Neste contexto, cristãos estão convocados a pensar e operar com categorias bíblicas, do Reino de Cristo, reafirmando o evangelho eterno e suas prescrições sobre a vida familiar. Estejamos atentos ao rogo do apóstolo Paulo para que não nos deixemos ser moldados pelo espírito deste século (Rm 12.1, 2).
 
Nota
1. Ressonância ao texto Tendência esterilidade, de Enzo Bianchi.

• Ageu Heringer Lisboa, psicólogo clínico de adultos e família; mestre em ciências da religião; membro fundador do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC) e da Associação Brasileira de Assessoramento e Pastoral da Família (EIRENE).

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