Opinião
- 27 de novembro de 2013
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Ruídos estereofônicos
“Vida de igreja”. Este é o nome desta nova série aqui no portal Ultimato. Nela, o jornalista Cláudio Marra mostra, de forma bem prática, como andam as igrejas locais: contradições, modismos, além de boas dicas para o funcionamento da igreja no dia a dia. O colunista, casado com Sandra, é pastor presbiteriano e editor da Cultura Cristã. Leia a seguir o primeiro artigo da série.
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Ruídos estereofônicos
Ruído é tudo o que atrapalha a comunicação. Pode ser produzido pela fonte, pelos meios, pelo receptor e pelo ambiente. Mas a maioria de nós não tem sequer consciência do processo de comunicação, quero dizer, vamos multiplicando sons, imagens e ações de forma desordenada, sem planejamento de objetivos, de métodos e sem avaliação. É claro que, nesse caso, não estaremos também atentos para os ruídos e essa bagunça geral será o primeiro grande ruído.
Para uma comunidade responsável pela proclamação do evangelho e pelo ensino dos convertidos, isso é fatal. O ruído abafa o som da nossa proclamação e do nosso ensino. Estão nos ouvindo, mas sabe-se lá o que estão entendendo.
Como escrevi acima, o ruído pode ser produzido pela fonte, pelos meios, pelo receptor e pelo ambiente. Ruído produzido pela fonte é tudo o que o próprio comunicador faz e que atrapalha o processo. Pode ser despreparo, linguagem errada ou rebuscada demais. Pode ser descuido na apresentação pessoal, mas também modelitos muito “fashion”. Ruído produzido pelos meios ocorre quando o recurso de comunicação empregado chama a atenção no lugar da mensagem. Em certos ambientes, um datashow vai causar mais sensação do que a aula dada. Mas pode ser também o contrário. O comunicador quer usar um projetor às três da tarde com o sol batendo direto na mesma parede. A palestra vai para o espaço. Já ruído produzido pelo receptor ocorre quando quem deve receber a mensagem está disposto a não fazê-lo, por antipatia com o assunto (dízimo, por exemplo) ou com o comunicador. Outras vezes, o receptor não passa bem ou se distrai. Finalmente, ruído produzido pelo ambiente pode ser calor ou frio excessivos, um ventilador incômodo, a proximidade do aeroporto, o cachorro do vizinho, os bancos sempre desconfortáveis, o entra e sai para beber água, a piscina que nos convida para um banho quando o pastor insiste em fazer um sermão no piquenique, ou – no primeiro mundo – o excesso de conforto das poltronas, a meia-luz e a voz soporífera do pregador que não deseja sacudir ninguém.
Esses ruídos todos podem ocorrer aqui e ali, mas alguns já fazem parte da nossa identidade. Querem ver?
Como são as nossas comunicações? Lembremos que onde há objetividade, uma mensagem é comunicada. Nesse caso haverá oportunidade de uma apresentação cuidadosa, de escolha de meios apropriados, a linguagem (oral ou não) será trabalhada, bem como o ambiente. Você supõe que eu esteja me referindo a um programa de culto para um domingo à noite? Pode ser, mas a preocupação da direção da comunidade deve começar com o planejamento de um programa geral de educação cristã para a igreja, o que incluirá as oportunidades formais (culto, escola dominical e outras reuniões) e as informais (passeios, brincadeiras, intercâmbios). A igreja terá um alvo geral e, para cada oportunidade, objetivos específicos. Isso lhe dará critérios para a programação de atividades, para incluir o que conduz ao objetivo e para deixar de fora o que não faz isso, por melhor e mais atraente que seja a proposta.
E agora, com um objetivo para a nossa comunicação, sabendo o que desejamos ensinar, podemos abordar mais especificamente o programa para um culto em particular. Teremos o cuidado de informar antecipadamente o tema e o objetivo para todos que terão alguma participação específica. O regente do coro e os líderes de conjuntos vocais evitarão o ruído de participações que são “uma bênção”, mas fogem do tema do culto. Conversaremos cuidadosamente com os irmãos e irmãs que irão orar durante o programa para que tenham oportunidade de preparar-se. Assim, as orações deixarão de ser metralhadoras giratórias atirando para todos os lados. Instruiremos os condutores do programa a eliminar os pequenos sermões antes de hinos, cânticos ou outras partes do culto. Os discursos do pessoal do “louvor”, nem pensar. Sermõezinhos depois do sermão serão banidos. Avisos ficarão fora do programa. Esse excesso de mensagens é um ruído que impede os adoradores de captar a mensagem que desejamos transmitir, por meio do sermão, mas também através de cada parte do culto.
É importante lembrar que alguma mensagem sempre será transmitida. O ruído vai atrapalhar a mensagem programada. Mas outra toma o lugar. Qual? Sabe-se lá! Poderá ser boa ou não. Poderá ser até bíblica. Ou quem sabe os crentes vão aprender que culto é isso mesmo: cada um pega o que lhe agrada e todos saem satisfeitos. Uma bênção.
Leia mais
Pastor & Igreja: uma relação (conjugal) em crise
A Comunidade do Rei
Dê outra chance à igreja
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Ruídos estereofônicos
Ruído é tudo o que atrapalha a comunicação. Pode ser produzido pela fonte, pelos meios, pelo receptor e pelo ambiente. Mas a maioria de nós não tem sequer consciência do processo de comunicação, quero dizer, vamos multiplicando sons, imagens e ações de forma desordenada, sem planejamento de objetivos, de métodos e sem avaliação. É claro que, nesse caso, não estaremos também atentos para os ruídos e essa bagunça geral será o primeiro grande ruído.
Para uma comunidade responsável pela proclamação do evangelho e pelo ensino dos convertidos, isso é fatal. O ruído abafa o som da nossa proclamação e do nosso ensino. Estão nos ouvindo, mas sabe-se lá o que estão entendendo.
Como escrevi acima, o ruído pode ser produzido pela fonte, pelos meios, pelo receptor e pelo ambiente. Ruído produzido pela fonte é tudo o que o próprio comunicador faz e que atrapalha o processo. Pode ser despreparo, linguagem errada ou rebuscada demais. Pode ser descuido na apresentação pessoal, mas também modelitos muito “fashion”. Ruído produzido pelos meios ocorre quando o recurso de comunicação empregado chama a atenção no lugar da mensagem. Em certos ambientes, um datashow vai causar mais sensação do que a aula dada. Mas pode ser também o contrário. O comunicador quer usar um projetor às três da tarde com o sol batendo direto na mesma parede. A palestra vai para o espaço. Já ruído produzido pelo receptor ocorre quando quem deve receber a mensagem está disposto a não fazê-lo, por antipatia com o assunto (dízimo, por exemplo) ou com o comunicador. Outras vezes, o receptor não passa bem ou se distrai. Finalmente, ruído produzido pelo ambiente pode ser calor ou frio excessivos, um ventilador incômodo, a proximidade do aeroporto, o cachorro do vizinho, os bancos sempre desconfortáveis, o entra e sai para beber água, a piscina que nos convida para um banho quando o pastor insiste em fazer um sermão no piquenique, ou – no primeiro mundo – o excesso de conforto das poltronas, a meia-luz e a voz soporífera do pregador que não deseja sacudir ninguém.
Esses ruídos todos podem ocorrer aqui e ali, mas alguns já fazem parte da nossa identidade. Querem ver?
Como são as nossas comunicações? Lembremos que onde há objetividade, uma mensagem é comunicada. Nesse caso haverá oportunidade de uma apresentação cuidadosa, de escolha de meios apropriados, a linguagem (oral ou não) será trabalhada, bem como o ambiente. Você supõe que eu esteja me referindo a um programa de culto para um domingo à noite? Pode ser, mas a preocupação da direção da comunidade deve começar com o planejamento de um programa geral de educação cristã para a igreja, o que incluirá as oportunidades formais (culto, escola dominical e outras reuniões) e as informais (passeios, brincadeiras, intercâmbios). A igreja terá um alvo geral e, para cada oportunidade, objetivos específicos. Isso lhe dará critérios para a programação de atividades, para incluir o que conduz ao objetivo e para deixar de fora o que não faz isso, por melhor e mais atraente que seja a proposta.
E agora, com um objetivo para a nossa comunicação, sabendo o que desejamos ensinar, podemos abordar mais especificamente o programa para um culto em particular. Teremos o cuidado de informar antecipadamente o tema e o objetivo para todos que terão alguma participação específica. O regente do coro e os líderes de conjuntos vocais evitarão o ruído de participações que são “uma bênção”, mas fogem do tema do culto. Conversaremos cuidadosamente com os irmãos e irmãs que irão orar durante o programa para que tenham oportunidade de preparar-se. Assim, as orações deixarão de ser metralhadoras giratórias atirando para todos os lados. Instruiremos os condutores do programa a eliminar os pequenos sermões antes de hinos, cânticos ou outras partes do culto. Os discursos do pessoal do “louvor”, nem pensar. Sermõezinhos depois do sermão serão banidos. Avisos ficarão fora do programa. Esse excesso de mensagens é um ruído que impede os adoradores de captar a mensagem que desejamos transmitir, por meio do sermão, mas também através de cada parte do culto.
É importante lembrar que alguma mensagem sempre será transmitida. O ruído vai atrapalhar a mensagem programada. Mas outra toma o lugar. Qual? Sabe-se lá! Poderá ser boa ou não. Poderá ser até bíblica. Ou quem sabe os crentes vão aprender que culto é isso mesmo: cada um pega o que lhe agrada e todos saem satisfeitos. Uma bênção.
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