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Por Escrito

Quero estar ao pé da cruz

Parceria Ultimato e Igreja Cristã Maranata 
História dos hinos
Por Henriqueta Rosa F. Braga
 
Ao contrário da maioria dos hinos, cuja música é composta para revestir um texto previamente escrito, “Ao pé da cruz” teve sua música pronta antes de receber qualquer letra. 
 
O autor da música foi Willian Howard Doane. Era amigo de Fanny Crosby (nome literário de Frances Jane Van Alstyne), a famosa hinóloga americana cega. Visitava-a frequentemente e, não raro, levava-lhe músicas prontas e pedia-lhe letras para as mesmas. Assim aconteceu certo dia, em que lhe apresentou uma música para a qual o futuro reservaria ampla difusão, solicitando-lhe que escrevesse a letra imediatamente, a tempo de poder cantá-la à noite, numa reunião de evangelização; e ficou aguardando. Fanny Crosby concordou, como sempre fazia. Depois de ouvir a melodia algumas vezes, ajoelhou-se, como era seu hábito antes de escrever qualquer hino, e pediu a Deus lhe desse a inspiração necessária para produzir algo capaz de ajudar espiritualmente a outros. O resultado foi o hino “Jesus keep me near the cross”, incluído por William Batchelder Bradbury na coleção Bright Jewels lançada pela editora Bigelow and Main em 1869. É de Júlio Ribeiro a tradução para o português – “Quero estar ao pé da cruz” – preparada em 1881 e hoje encontrada em Salmos e Hinos com Músicas Sacras (ed. 1975) nº 362; Cantor Cristão nº 289; Aleluias nº 51; Hinário Evangélico nº 354; Hinário Adventista nº 292
 
O compositor William Howard Doane nasceu em 3 de fevereiro de 1832, em Preston, Connecticut, Estados Unidos. Bem dotado para a música, estudou-a com afinco. Aos 6 anos cantou pela primeira vez em público; aos 10 ingressou num coro; aos 12 foi considerado excelente flautista; e, dos 15 em diante, tornou-se organista de igreja. Teve excelentes professores. Porém, preferiu seguir a carreira industrial e empregou-se na tecelagem do pai, em Norwick. Por alguns anos representou a firma em Chicago. Tornou-se depois um perito contador. Mudando-se para Cincinnati, aos 29 anos de idade assumiu a direção de uma importante fábrica, cargo que desempenhou com eficiência até o fim dos seus dias. Paralelamente continuou a cultivar a música. Cristão sincero, durante 25 anos exerceu o cargo de superintendente de uma Escola Dominical batista em Auburn, Ohio. Sua primeira composição musical foi produzida aos 14 anos de idade. Dedicou-a à prima Fannie Mary Treat, com quem se casou em 1857. Começou a escrever música para hinos em 1862, depois de grave enfermidade. Saudável depois disso, dedicou grande parte dos seus recursos à filantropia. Produziu aproximadamente duas mil composições vocais e instrumentais de vários gêneros, e editou cerca de quarenta hinários. Em 1875 a Universidade Dennison, em Ohio, conferiu-lhe o grau de doutor em Música. Morreu em 1915, com 83 anos de idade, em South Orange, Nova Jersey, durante a Primeira Guerra Mundial. 
 
A autora da letra foi Fanny Crosby, nascida em 24 de março de 1820, em South East, Putnam County, Nova York. Converteu-se em 1850 e nesse mesmo ano consagrou-se ao serviço do Senhor. Pertenceu à Igreja Metodista, mas por meio dos seus hinos colaborou com todas as denominações evangélicas. Iniciou sua produção hinológica aos 40 anos de idade, embora escrevesse poesias desde os 8 anos e já tivesse obtido certo renome como poetisa e escritora. O primeiro a incentivá-la a produzir hinos sacros foi William Batchelder Bradbury. E houve tempo em que, por contrato com determinada firma, devia escrever três cânticos por semana. O total de seus hinos aproxima-se dos seis mil, porém resta hoje em uso número bem menor. Durante muito tempo foi a mais conhecida autora de hinos evangelísticos. Sua morte ocorreu em 12 de fevereiro de 1915, em Bridgeport, Connecticut, aos 95 anos de idade. (Veja sua biografia em Ultimato, mai.-jun./1978, p. 21.)
 

 
O tradutor de “Quero estar ao pé da cruz”, Júlio Cesar Ribeiro Vaughan (literariamente conhecido como Júlio Ribeiro), nasceu em 10 de abril de 1845, em Sabará, MG, e morreu em Santos, SP, em 1890. Depois de matricular-se na Escola Militar, optou pelo magistério em São Paulo, SP, onde foi professor de Latim do curso anexo à Faculdade de Direito. Abolicionista e republicano, redator da Gazeta do Povo e de O Debate, foi amigo de Rui Barbosa, que muito o respeitava como gramático e filólogo, baseando-se nos seus escritos para demonstrar diversas questões de linguagem. Ganhou renome como profundo conhecedor do vernáculo, ainda antes de ter lançado sua famosa Gramática Portuguesa, em 1881, seguida, em 1887, de Questão Gramatical, obra resultante da polêmica mantida com Augusto Freire da Silva, autor de uma gramática. Conhecia grego e latim a fundo, tendo escrito Nova Gramática da Língua Latina, que foi publicada em 1896, depois da sua morte. Já em 1880 publicara Trechos Gerais de Linguística e, em 1885, Cartas Sertanejas
 
Sua estreia literária foi com o romance Padre Belchior de Pontes (1876/1877), por ele chamado de “romance histórico original”. Enveredou mais tarde pelo naturalismo, produzindo o romance A Carne (1888), que provocou acaloradas discussões e foi três vezes levado à tela (1924, 1926 e 1952). Aliás, igual celeuma levantou-se dois anos depois, em 1890, a propósito da execução no Rio de Janeiro, nos chamados “Concertos Populares de Carlos de Mesquita”, do último movimento – samba – da Suíte brasileira para orquestra, do compositor paulista Alexandre Levy. Nunca alguém tivera tamanha audácia – a de elevar ao plano erudito uma dança popular dessa qualidade. 
 
O historiador evangélico Vicente Temudo Lessa, ao estabelecer comparação entre esses dois romances de Júlio Ribeiro, assinalou a descida vertical do autor – de espiritualista a materialista. Ele converteu-se aos 25 anos de idade, sendo batizado pelo reverendo Chamberlaim em 17 de abril de 1870, na Igreja Presbiteriana de São Paulo. Cristão atuante, auxiliou o reverendo Boyle na revisão da coletânea Hinos Evangélicos e Cânticos Sagrados, publicada por este último, em 1888. Traduziu o volume I da História da Reforma, de D" Aubigné, o Dies irae, o hino de Zuínglio, e alguns outros cânticos sacros, como “Quero estar ao pé da cruz”, aqui focalizado e muito estimado pelos evangélicos brasileiros. Dificuldades de vários tipos levaram-no a fraquejar na fé. Tornou-se livre-pensador; a seguir, racionalista; depois, ateu. 
 
Nos arquivos da Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, existem cartas trocadas entre Júlio Ribeiro e o grande jurisconsulto (1889/1890), mediante as quais pode-se perceber não só o bom relacionamento entre ambos, mas também o ardor republicano daquele e a sua grande esperança na forma de governo que então se iniciara. Datam do último período da vida dele. Vivia como mestre-escola em Sorocaba, SP, e já se achava minado pela tuberculose que iria vitimá-lo com apenas 45 anos de idade. Foi nomeado pelo Governo Provisório lente de Retórica do Instituto Nacional de Instrução Secundária (nome dado ao Colégio Pedro II, por ato do ministro Aristides Lobo, nos primeiros dias da República), em substituição ao Barão de Loreto. Não pôde assumir. De Sorocaba mudou-se para Santos, onde morreu. 
 
Ao final dos seus dias, pela misericórdia divina, a fé adormecida repontou em lampejos revelados nas orações que fazia em voz alta e na confissão a Deus dos seus pecados; e certamente esteve presente no seu espírito o estribilho do hino que traduzira: 
 
Sim, na cruz, sim, na cruz, 
Nela me glorio, 
Pois, enfim, vou descansar, 
Salvo, além do rio. 
 
Foi casado duas vezes: a primeira esposa era crente evangélica; a segunda converteu-se ao evangelho depois da morte dele. Teve um casal de filhos, sendo sua neta a escritora Elsie Lessa.
Segue toda a letra do hino:
 
Quero estar ao pé da cruz,
Que tão rica fonte
Corre franca, salutar,
De Sião no monte.

Sim, na cruz, sim, na cruz,
Nela me glorio,
Pois, enfim, vou descansar,
Salvo, além do rio.

A tremer, ao pé da cruz,
Graça, amor achou-me;
Matutina estrela, ali,
Raios seus mandou-me.

Desta cruz desejo aqui
Sempre recordar-me;
Dela à sombra, Salvador,
Queiras abrigar-me!

Junto à cruz, ardendo em fé,
Sem temor vigio,
Para a terra um dia eu ver
Santa, além do rio.


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