Prateleira
12 de agosto de 2010- Visualizações: 12839
12 comentário(s)- +A
- -A
-
compartilhar
Quem disse que política e religião não se discute?
Imagine que a sua casa está com problemas, digamos, hidráulicos. Para ser mais específico, imagine que o seu vaso sanitário entupiu. Um desespero, uma correria.Todos à caça de um bombeiro hidráulico, um marido de aluguel, um quebra-galho, qualquer um que nos livre dessa enrascada. Surge o milagreiro, o santo. Pronto, todos podem, literalmente, respirar aliviados. Cafezinho, um acerto de contas fácil e uma troca de cartões de visita com aquele desconhecido que, a partir de agora, passa a ocupar um lugar nobre na nossa agenda de endereços.
Ninguém perguntou a religião do nosso “convidado”. Não sabemos se ele é contra ou a favor do aborto. Nem se é espírita, macumbeiro ou frequenta as noites de descarrego. Na verdade, nossa procura era “objetiva”: competência, habilidades com escoamento de fluidos e com as mais avançadas tecnologias hidráulicas. E, claro, acima de tudo, experiência.
Por que não fazemos o mesmo quando vamos “à caça” de um deputado, um governador ou um presidente? Nesse caso, saem os critérios hidráulicos e entram os critérios políticos. Simples assim. Nem sempre. Nesses tempos eleitorais, começa a esquizofrenia dos evangélicos: “Ele foi coroinha na infância, andou frequentando terreiros de umbanda e, na semana passada, comungou em Aparecida”. Quase uma autópsia da peregrinação espiritual do candidato de plantão.
No próximo dia 3 de outubro, não vamos escolher pastores ou diáconos para as nossas igrejas. Claro, seria ótimo aliar habilidade e gestão política com espiritualidade. E, aqui, volto ao título da Prateleira. Sim, religião e política se misturam. A nossa prática devocional, as verdades bíblicas, podem e devem nos levar à participação política. Neemias, entre outros, é um exemplo bastante didático: “Quando fui nomeado governador, durante doze anos, nem eu nem meus irmãos comemos a comida destinada ao governador. Mas os governantes anteriores, aqueles que me precederam, puseram um peso sobre o povo [...]. Mas, por temer a Deus, não agi dessa maneira. Ao contrário [...], pois eram demasiadas as exigências que pesavam sobre o povo” (Ne 5.14-18).
É interessante perceber que Neemias sabia que a solução para a má política (dos seus antecessores) é a boa política. No entanto, não precisamos fugir do campo político para buscar o Deus bíblico. Ele está em todas as áreas da vida e, talvez, o nosso desafio seja juntar a ação política com a piedade, a participação no espaço público com o cultivo da espiritualidade, o engajamento com a devoção pessoal.
Se religião e política se misturam, Igreja e Estado, não. Não é papel do Estado promover uma determinada igreja ou religião — o estado deve ser não-confessional —, algo de que os evangélicos se lembram sempre que a Igreja Católica se arvora em ditar usos e costumes para a plebe. Mais, sabemos que amor ao próximo ou castidade não são matérias de governo. Ao mesmo tempo, a ética bíblica e a esperança dos novos céus e nova terra, “onde habita a justiça”, devem nos inspirar naquilo que fazemos hoje.
12 de agosto de 2010- Visualizações: 12839
12 comentário(s)- +A
- -A
-
compartilhar

Leia mais em Prateleira
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Quem são e o que querem os evangélicos na COP30
- Dicas para uma aula de EBD (parte 1): Planeje a aula e o seu preparo pessoal
- Homenagem – Márcio Schmidel (1968–2025)
- Ultimato na COP30
- Vaticano limita a devoção a Maria na Igreja Católica
- Com Jesus à mesa: partilha que gera o milagre
- Acessibilidade no Congresso Brasileiro de Missões (CBM) 2025
- Sociedade Bíblica do Brasil dá início ao Mês da Bíblia 2025
- Geração Z – o retorno da fé?
- Dicas para uma aula de EBD (parte 2): Mostre o que há de melhor no conteúdo
(31)3611 8500
(31)99437 0043
Talvez: palavra fora de moda
Nosso long seller
Pra quê celebrar a Páscoa?
Espiritualidade sem ética é balela 





 copiar.jpg&largura=49&altura=65&opt=adaptativa)


