Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Opinião

Por quem os sinos dobram: os cristãos e a crise de refugiados

Por Cláudio Marra
 
Em tempos passados, ouvia-se o repicar de sinos por ocasião de serviços fúnebres. Eles “dobravam”, como se dizia.
 
John Donne (1572-1631), poeta puritano, viveu num tempo em que os sinos dobravam pelos mortos. Em seu texto Meditações aparece a frase título desta página, tema mais tarde desenvolvido por Ernest Hemingway em seu romance homônimo (1940), que levou ao filme também do mesmo nome, estrelado por Gary Cooper (1943).
 
Donne cria que ninguém é isolado, ao contrário, somos solidários em nossa humanidade. Foi o que escreveu iniciando sua Meditação XVII:
 
“Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado, todo homem é um pedaço de um continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa fica diminuída (...); a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntai: Por quem os sinos dobram; eles dobram por vós.”
 
Para Donne, quando alguém morre, a humanidade morre um pouco. Eu morro também. Os sinos dobram por mim. Donne foi orientado pela ideia de solidariedade que aprendeu da Escritura e que a Reforma resgatou.
 
Os herdeiros da Reforma valorizam esse ensinamento bíblico. Porém, com a desculpa de que devemos fazer o bem principalmente aos da fé, muitas vezes nos restringimos a eles. Nossas juntas diaconais – diferentemente do ocorrido na Genebra de Calvino – limitam-se a socorrer carentes arrolados na comunidade local.
 
A Escritura nos ensina a fazer mais do que isso.
 
O cuidado com pobres, órfãos e viúvas de Israel foi ensinado na lei de Moisés, mas incluía também o modo de tratar o forasteiro: “Não afligirás o forasteiro, nem o oprimirás; pois forasteiros fostes na terra do Egito”; “(...) vós conheceis o coração do forasteiro, visto que fostes forasteiros na terra do Egito” (Êx 22.21; 23.9). A lei é clara. Sabemos o que é ser forasteiro, porque tivemos essa experiência. Sabemos como se sente um forasteiro. Segundo ensina a Bíblia, “(...) estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa (...). Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. (...) Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus” (Ef 2.12-13,19).
 
A lei vai além, eliminando toda a discriminação e trazendo o forasteiro para o coração do povo de Deus: “Se o estrangeiro peregrinar na vossa terra, não o oprimireis. Como o natural, será entre vós o estrangeiro (...); amá‑lo‑eis como a vós mesmos, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 19.33-34).
 
Coerente com a sua própria lei, Deus nos fornece o exemplo: “(...) o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando‑lhe pão e vestes. Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito” (Dt 10.17-19).
 
A ocupação do planeta ocorreu até aqui, em muitos momentos, como efeito de ondas migratórias. Algumas avançaram conquistando e oprimindo. Outras chegaram carentes e desprezadas. Odiadas até. Nestes tempos, lemos todos os dias sobre forasteiros buscando proteção em países que, em vários casos, os discriminarão e oprimirão.
 
O Brasil tem recebido levas de refugiados que chegam em estado de profunda carência. Diversas igrejas têm se mobilizado para socorrê-los, oferecendo ao país um modelo de solidariedade.
 
Quando o império soviético tratava os berlinenses como estrangeiros em sua própria cidade, John Kennedy os visitou em 26 de junho de 1963 e expressou sua solidariedade a eles com a frase que passou para a História: “Ich bin ein Berliner” (Eu sou berlinense). Mas temos um exemplo superior. Jesus “tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si (...) foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades” (Is 53.4-5). O Senhor olhou para nós, fez-se humano e morreu a nossa morte. Os sinos que deviam dobrar por nós, dobraram por ele.
 
Há carentes em torno da igreja. A igreja chora com eles e os socorre. 

 
Casado com Sandra, é jornalista, pastor presbiteriano e editor da Cultura Cristã.
  • Textos publicados: 25 [ver]

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Leia mais em Opinião

Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.