Opinião
- 31 de agosto de 2015
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Por que o mundo precisa da fé cristã?
No filme “Superman: o retorno”, a jornalista do Planeta Diário, Lois Lane, provocou os leitores céticos do seu tempo com uma pergunta ressentida: “Por que o mundo não precisa do Superman?” Por trás desta indagação, existia um contexto existencial em que esta questão se tornava justificável. A fragilização da vida humana, que se traduzia na forma de um “senso de desamparo ontológico”,1 era, por assim dizer, uma commodity (social) que estava em alta. Como efeito colateral relacionado, avançava também a “dessensibilização coletiva” ao problema do sofrimento alheio (“cada um por si”). A causa de tudo isso parecia estar associada à ausência do Superman do Planeta Terra, por ocasião de sua viagem a Krypton. Entendia-se, naquela conjuntura, que o salvador havia abandonado o ser humano.
O momento era de um “pessimismo cosmológico”. A “incerteza ontológica” (Zygmunt Bauman) se tornara parte da “estrutura psíquico-funcional” da vida cotidiana dos cidadãos daquele contexto, e a vulnerabilidade (existencial) se transformara em uma espécie de componente fundacional de definição identitária da consciência coletiva. A pergunta de Lois Lane, portanto, sugere a preconização de um dilema ontossocial em seu substrato conjuntural: a liberdade (símbolo cultural mais emblemático da América), sem segurança, coloca em xeque o vicejar da esperança de um novo horizonte (psicológico) para os indivíduos. Ansiedade do não-destino (incerteza existencial) aumenta o capital do medo, o que pode redundar na “depressão coletiva” de uma geração, uma espécie de efeito cascata.
A destranscendentalização da esperança parece ser uma variável psíquica que indica a supressão ontológica do seu fundamento histórico-existencial: o Superman não estava mais à disposição de todos; ele não compartilhava mais do sofrimento humano (crenças matriciais). Agora, só restou a sua ausência. O mundo sem ele, contudo, se tornaria mais insalubre, haja vista que o “medo derivado” alteraria a percepção da vida em sociedade, tornando os indivíduos mais propensos a viverem desconfiados de tudo e de todos. Uma organização social que assume essas características acaba sendo compreendida como uma sociedade com forte “traço esquizofrênico”. A incapacidade de reconhecer e discernir o mundo que se vislumbra, revela, pois, uma configuração social de existência na qual se manifesta uma modalidade psíquica de “dementização” das consciências individuais.2 O medo socialmente compartilhado, em dimensões descomunais, obstrui a lucidez cognitiva da percepção antropológica de realidade-mundo.
Sem o mínimo necessário de “capital esperante”, estruturado na psicologia da coletividade, as confianças interindividuais se precarizam, e o “outro” passa a ser entendido como um “demônio” (Jean-Paul Sartre), uma projeção alucinógena do significado que ao “tu” se atribui no processo de interação nessas condições. Com a ausência daquilo que sustenta a ontologia da confiança, pessoas de bem podem ser facilmente confundidas com demônios.
O momento era de um “pessimismo cosmológico”. A “incerteza ontológica” (Zygmunt Bauman) se tornara parte da “estrutura psíquico-funcional” da vida cotidiana dos cidadãos daquele contexto, e a vulnerabilidade (existencial) se transformara em uma espécie de componente fundacional de definição identitária da consciência coletiva. A pergunta de Lois Lane, portanto, sugere a preconização de um dilema ontossocial em seu substrato conjuntural: a liberdade (símbolo cultural mais emblemático da América), sem segurança, coloca em xeque o vicejar da esperança de um novo horizonte (psicológico) para os indivíduos. Ansiedade do não-destino (incerteza existencial) aumenta o capital do medo, o que pode redundar na “depressão coletiva” de uma geração, uma espécie de efeito cascata.
A destranscendentalização da esperança parece ser uma variável psíquica que indica a supressão ontológica do seu fundamento histórico-existencial: o Superman não estava mais à disposição de todos; ele não compartilhava mais do sofrimento humano (crenças matriciais). Agora, só restou a sua ausência. O mundo sem ele, contudo, se tornaria mais insalubre, haja vista que o “medo derivado” alteraria a percepção da vida em sociedade, tornando os indivíduos mais propensos a viverem desconfiados de tudo e de todos. Uma organização social que assume essas características acaba sendo compreendida como uma sociedade com forte “traço esquizofrênico”. A incapacidade de reconhecer e discernir o mundo que se vislumbra, revela, pois, uma configuração social de existência na qual se manifesta uma modalidade psíquica de “dementização” das consciências individuais.2 O medo socialmente compartilhado, em dimensões descomunais, obstrui a lucidez cognitiva da percepção antropológica de realidade-mundo.
Sem o mínimo necessário de “capital esperante”, estruturado na psicologia da coletividade, as confianças interindividuais se precarizam, e o “outro” passa a ser entendido como um “demônio” (Jean-Paul Sartre), uma projeção alucinógena do significado que ao “tu” se atribui no processo de interação nessas condições. Com a ausência daquilo que sustenta a ontologia da confiança, pessoas de bem podem ser facilmente confundidas com demônios.
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