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Opinião

Pentecostes e pandemia: o velho e o novo normal

Por Luiz Fernando do Santos

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2.4).
 
Há uma antiquíssima antífona cristã que suplica: “Ó Senhor, envia o Teu Espírito e renova a face da terra”. Penso que este seja um excelente pedido para esse tempo pandêmico, tempo esse que a terra está ferida pela manifestação letal do coronavírus, que de uma hora para outra revelou não só as nossas frágeis capacidades imunológicas, mas também a nossa ilusória e insustentável sensação de poder. 
 
Fala-se muito em ‘novo normal’, mas, para falar a verdade, não estávamos vivendo o normal antes. Longe disso, estávamos vivendo sob a lógica do comum, do vulgar, do todo mundo faz e do, digamos, politicamente correto. Estávamos e ainda estamos distorcendo o normal em todas as áreas da vida, subvertendo valores, distorcendo a verdade, criando narrativas descoladas da realidade e das evidências mais óbvias e ululantes, e o fizemos (fazemos) conscientes, apenas para justificar o nosso estilo de vida, sem lei, sem entraves éticos, sem contornos morais. 
 
Tudo o que queríamos, nos dias daquela ‘velha normalidade’ era dar vazão e razão às nossas paixões carnais desgovernadas, à nossa ambição desmedida e ao desejo de plena autonomia em relação a Deus. Tudo era comum, mas nem tudo era normal. Para os cristãos, o normal tem a ver com aquilo que é a norma, isto é, a lei de Deus expressa em mandamentos e a vida nova criada em Deus pela graça de Cristo e pelo poder vivificante do Espírito Santo. 
 
Agora, estamos todos igualmente doentes nessa pandemia. Uns, infelizmente estão doentes e morrendo devido a ação infecciosa sistêmica da Covid-19. Outros, estão enfermos psicologicamente quer pelos efeitos da quarentena, do afastamento social ou pelo temor doentio de ficar doente. Ainda há os que perderam a sua saúde financeira, perderam o seu ganha pão, o seu emprego e amargam as dificuldades de manter a dinâmica da vida e a paz no lar. 
 
Os homens religiosos, de maneira especial os cristãos, também sentem os sintomas espirituais, que são tão reais quanto os outros, por não poderem se ajuntar, adorar, conviver e desfrutar da abençoada companhia dos irmãos. Por último, temos os que estão sofrendo com as perdas, com as partidas repentinas de seus entes queridos e agora padecem de saudades dessas partidas que nem mesmo puderam ter a chance do último adeus. Estão doentes de um luto incompleto. 
 
 
Estamos todos agora desejando que chegue logo o ‘novo normal’. Confesso sinceramente que se como ‘novo’ entendermos apenas o uso de máscaras, o distanciamento regulamentar de um metro e meio ou dois entre as pessoas e as ‘bolhas’ de convivência social em espaços públicos – como nos restaurantes para separar e isolar os clientes ou as capacidades reduzidas nos locais de ajuntamento, como teatros, cinemas e igrejas –, não teremos aprendido nada com essa tribulação momentânea. Estou convicto de que o normal de antes não era tão bom assim, por isso, esse período de desaceleração, de introspecção, de reflexão e de resoluções quanto ao que deve ser os ‘essenciais’ de nossa vida. 
 
Evidentemente que uma parcela significativa das pessoas não encara assim esse momento histórico. Muitos apenas entendem esse momento à luz do naturalismo, do cientificismo, do pragmatismo e até de um certo cinismo. Não encontram nenhum propósito moral na pandemia e alguns demostram inclusive uma certa dose de desumanidade frente aos sofrimentos da hora presente. 
 
Claro, isto porque lhes falta o senso de transcendência, a consciência da existência de um Deus pessoal, livre, soberano e moralmente santíssimo. Um Deus que nada faz de maneira arbitrária ou que permita que as coisas aconteçam em um vácuo de absurdidade. Para esses tais, niilistas no final das contas, a pandemia não passa de um fatalismo sem propósito. Para nós, entretanto, em meio às muitas lágrimas e gemidos desse mundo em desencanto e triste, podemos ouvir o murmúrio do Espírito Santo. 
 
É possível ver os sinais da sua ação doce e graciosa confortando a uns, consolando a outros, guiando a ciência para a verdade, aguilhoando consciências adormecidas, despertando a fé dos crentes e produzindo esperança e bondade em muitos corações. É possível reconhecer o impulso missionário do Espírito Santo nas milhões de ‘lives’, vídeos, conferências ‘onlines’ e pregações do Evangelho inundando as redes sociais, numa renhida batalha contra as ‘fake news’, os espalhadores de ódio e pornografia. 
 
De repente, estamos avançando também nessa ‘terra’ inóspita para o Evangelho, que é a internet. Por isso, é nosso dever fazer da antífona que abre essa pastoral a nossa oração, durante esta pandemia,  na solenidade de Pentecostes: “Envia, Senhor, o Teu Espírito e renova a face da terra”. Faz novas todas as coisas, devolve-nos o senso do que é normal e o normal é fazer a tua vontade. Cura-nos de todas as nossas enfermidades, físicas (que desesperadamente precisamos), morais e espirituais e que o ‘novo normal’ seja o viver para a tua glória.

Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
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