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Opinião

Orar ininterruptamente – aprendendo com Paulo

Por Santareno Augusto Miranda

*Versão ampliada de artigo publicado na edição 381 da revista Ultimato.

Em 2017, fiz uma série de estudos na reunião de oração em nossa igreja. A liturgia da reunião envolve um momento de meditação nas Escrituras, como forma de exortar, encorajar e fortalecer a fé dos irmãos. Quem está envolvido com reuniões de oração em igrejas sabe como elas são pouco frequentadas pelos membros. Nas nossas meditações, temos o intuito de levar os irmãos a perseverarem na oração individual ou coletivamente.  
 
Creio que, em muitas igrejas, as reuniões de oração são frequentadas por três tipos de públicos. 
 
Primeiro, aqueles assíduos, comprometidos ou perseverantes. Esses priorizam a oração em sua vida e em comunidade. Vão à reunião de oração com toda naturalidade. A oração individual e coletiva faz parte de sua prática cristã.
 
Segundo, aqueles que são regulares, que estão buscando uma vida de oração e, quando dá, aparecem nas reuniões. Para esses, a oração ainda não se tornou uma prioridade, por isso, sua agenda de oração pessoal e comunitária conflita com outros interesses.
 
Terceiro, os que oram quando têm problemas ou enfrentam algumas adversidades. Esse é o público que faz orações intencionais e pessoais quando a situação está difícil. Em tempo de dificuldades, conseguem orar sozinhos e buscam ajuda de outros fiéis para orarem por eles. Esforçam-se para aparecer em reuniões de oração comunitária. A Bíblia nos manda orar, mas nem todos nós oramos como convém. A prática da oração exige perseverança. 
 
Não é fácil orar com perseverança de forma ininterrupta. São poucos os cristãos que têm essa prática. Orar sempre não é apenas um hábito para enquanto se está dirigindo, um costume sempre que tomamos uma refeição ou quando vamos dormir. Orar com perseverança e sem cessar não é isso.
 
Então de que forma podemos aprender a orar continuamente? No Novo Testamento encontramos o apóstolo Paulo exortando a igreja a perseverar na oração. Paulo diz: “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças” (Cl 4.2).
 
As cartas de Paulo deixam claro que ele orava o tempo todo, agradecendo ou intercedendo pela vida dos fiéis, louvando a Deus pela obra de Cristo, fazendo súplicas específicas. É dele a recomendação “orai sem cessar” (1 Ts 5.17). E são frequentes as referências à oração ininterrupta ou “assídua” quando ele fala de suas orações [Rm 1.10; 1 Ts 1.2; 2.3; 2 Ts 1.11; Fp 1.3; Cl 1.3; 2 Tm 1.3 e outros] e em suas recomendações aos leitores das cartas [Ef 6.18; Rm 12.12; 1 Ts 5.17 e outros].
 
Podemos aprender a orar continuamente com o apóstolo Paulo. 
 
1. Quando oramos com gratidão e incessantemente pelos convertidos
 
Como pregador do evangelho, Paulo orava incessantemente por aqueles que se convertiam. “Não deixo de dar graças por vocês, mencionando-os em minhas orações” (Ef 1.16); “Sempre agradecemos a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vocês” (Cl 1.3); “Sempre damos graças a Deus por todos vocês, mencionando-os em nossas orações” (1Ts 1.2); “Dou graças a Deus, a quem sirvo com a consciência limpa, como o serviram os meus antepassados, ao lembrar-me constantemente de você noite e dia em minhas orações” (2 Tm 1.3); “Sempre dou graças a meu Deus, lembrando-me de você nas minhas orações” (Fp 1.4).
 
Essas orações eram precedidas pelo entendimento de que foi a graça de Deus que alcançou os pecadores e não sua pregação. Dar graças a Deus por aqueles que se converteram é um bom sinal do reconhecimento do favor de Deus em prol não só dos pecadores, mas do agir de Deus na vida do pregador. Era de se esperar que Paulo orasse metodicamente pelos que se convertiam por seu trabalho, mas algumas passagens evidenciam que suas orações ultrapassavam o círculo imediato de suas relações pessoais e de sua responsabilidade. 
 
O fato de Paulo agradecer a Deus pela fé dos convertidos, que é firme e crescente, pode ser também uma chamada para eles permanecerem leais à mensagem do evangelho1. “Antes de tudo, sou grato a meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vocês, porque em todo o mundo está sendo anunciada a fé que vocês têm. Deus, a quem sirvo de todo o coração pregando o evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como sempre me lembro de vocês em minhas orações; e peço que agora, finalmente, pela vontade de Deus, seja-me aberto o caminho para que eu possa visitá-los” (Rm 1.8-10). A gratidão a Deus pelos convertidos é uma das marcas da oração incessante de Paulo. Ele, mesmo não conhecendo pessoalmente a igreja de Roma, orava sem cessar pelos crentes. Não apenas ensinava sobre a importância da oração, mas também orava. A teologia e a prática da oração andam de mãos dadas na vida de Paulo2. Sua oração tinha a marca da gratidão, perseverança e reconhecimento de que Deus é soberano, além do desejo de ser canal da graça de Deus para os outros.
 
2. Paulo orava sem cessar pelo crescimento espiritual dos convertidos a fé cristã
 
As orações de Paulo eram focadas na obra de Cristo e no poder transformador do evangelho. Em suas orações é fácil perceber a preocupação com aqueles que se convertiam, para que crescessem no conhecimento e sabedoria de Deus. “Por essa razão, desde o dia em que o ouvimos, não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus e sendo fortalecidos com todo o poder, de acordo com a força da sua glória, para que tenham toda a perseverança e paciência com alegria, dando graças ao Pai, que nos tornou dignos de participar da herança dos santos no reino da luz” (Cl 1.9-12). 
 
Desde que lhe chegou a notícia da conversão dos irmãos em Colossos, Paulo usa essas notícias como oportunidade de orações contínuas pelo crescimento espiritual desses novos convertidos. Eles precisavam crescer. O apóstolo reconhecia que o crescimento espiritual não é fruto do esforço humano, mas do poder de Deus. Somente Deus pode assegurar a salvação que ele mesmo deu aos homens. Para isso, Paulo dirigia sua oração a Deus pelo desenvolvimento deles no conhecimento e na compreensão da vontade de Deus, “com toda a sabedoria e entendimento espiritual”. Orava por uma mente instruída na verdade espiritual que conseguisse captar a aplicação dos princípios bíblicos aos problemas da vida, com vistas a uma conduta diária honrosa que agradasse a Deus3. 
 
Paulo entendia que depois da conversão vinha o crescimento espiritual, o cuidado pastoral, por isso orava incessantemente pelo amadurecimento do caráter dos novos convertidos e para que crescessem na prática das boas obras por meio do conhecimento de Deus. Raras vezes ouvimos esse tipo de oração. Nossas orações estão focadas em coisas materiais. Expressam mais uma demasiada ansiedade “pelo que comer e vestir” e menos um desejo ardente de crescimento “em toda a sabedoria e entendimento de Deus”. Paulo nos ensina que devemos orar incessantemente para que os novos convertidos cresçam em conhecimento que promova um serviço (V. 9-10) cujo fruto seja força (V. 11), gratidão e louvor a Deus.
 
3. Aprendemos com Paulo a orar ininterruptamente pelos santos
 
O Novo Testamento frequentemente exorta o crente a orar sem cessar. “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos” (Ef. 6.18); “Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração” (Rm 12.12); “Orem continuamente” (1 Ts 5.17).  
 
A prática da oração ininterrupta em prol dos cristãos é um dos mais extraordinários meios da graça que o homem pode dispor4. Todos os santos, depois de salvos, oram. Paulo exorta os cristãos de Éfeso a intercederem em favor dos irmãos na fé. A lição oferecida aqui é que nenhuma pessoa pode dispensar ajuda intercessória dos irmãos em seu próprio favor. Paulo era exemplo em tudo quanto ensinava. Ele orava incessantemente por todos e carecia da mesma ajuda. Sua batalha era ferrenha contra as forças do mal e ele sabia que sozinho não poderia vencer. Ele precisava de força espiritual e sabia que as intercessões em seu favor o ajudariam. A Igreja, constituída de pessoas de todas as nações, forma uma irmandade – mais que humana – espiritual, na qual não há diferenças. Todos têm os mesmos direitos e bênçãos. É nesse espírito fraterno e cristão que devem-se manifestar as orações de uns pelos outros. Por isso, não importa se não conhecemos fisicamente nossos irmãos na fé do outro lado do mundo, o que importa é que eles participam de nossa santificação espiritual e são chamados “santos” como nós. Podemos orar incessantemente “por todos os santos” em todo o mundo.
 
4. Aprendemos com Paulo a orar incessantemente pela propagação do evangelho
 
“Orem também por mim, para que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de que, destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador preso em correntes. Orem para que, permanecendo nele, eu fale com coragem, como me cumpre fazer” (Ef 6.19-20)
 
Paulo afirma que orava sem cessar pelos cristãos em Roma: “Pois Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, pedindo sempre em minhas orações que, afinal, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião para ir ter convosco” (Rm 1.9-10). O que Paulo está dizendo é que não deixa de mencionar os cristãos de Roma em suas orações. 
 
Por meio da oração buscamos a Deus, que é poderoso, não limitadas vezes, “mas infinitamente mais do que tudo quando pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Ef 3.20). Sendo assim, o cristão deve pensar não apenas individualmente em seu conflito espiritual, mas também preocupar-se com a pregação do evangelho, que envolve toda a igreja do Senhor Jesus Cristo. 
 
Em Efésios, Paulo pede aos irmãos que orem por ele e pela pregação do evangelho. Pede que seja corajoso e ousado na pregação do evangelho. Ele era um homem dotado da sabedoria humana, porém, reconhecia que, quanto à pregação do evangelho, precisava falar com coragem e ousadia. Entendia que para ser bem-sucedido na pregação do evangelho precisava do poder de Deus e pedia as orações dos irmãos. 
 
O versículo 19 apresenta a razão do pedido de intercessão que Paulo faz em seu favor. “Para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança”. Paulo não queria “abrir a boca” para falar de si mesmo ou para falar de vãs filosofias, como os gregos, mas de Jesus Cristo, o Salvador e Senhor. Ele precisava de coragem moral e espiritual para que, ao “abrir a boca”, a palavra saísse com segurança e confiança. “Para fazer notório o mistério do evangelho” (v. 19). Quando escreveu a sua carta aos efésios estava preso em Roma, mas mesmo assim não deixou preso o seu ministério nem se calou, antes anunciava o reino de Cristo e o mistério do evangelho.
 
Seu zelo pela proclamação do evangelho era tão ardente que ele nunca ficou satisfeito com seus esforços. E, de fato, se considerarmos o peso e a importância do assunto, todos reconheceremos que estamos muito longe de sermos capazes de lidar com isso de maneira adequada e sozinhos, por isso precisamos da oração intercessória ininterrupta dos irmãos.
 
5. Aprendemos a alegrar-nos no Senhor e por meio da oração incessante dar graças em tudo
 
Paulo começa sua exortação dizendo que o crente deve ser sempre alegre. A verdadeira alegria é uma virtude que faz parte do fruto do Espírito (Gl 5.22). A alegria genuína só é desenvolvida quando o Espírito Santo é quem controla nossas vidas. É essa alegria que, nas situações difíceis, pode levar o cristão a orar sem cessar. 
 
Este tipo de alegria no Senhor é capaz de não esmorecer mesmo em circunstâncias mais adversas. “Contudo, mesmo que eu esteja sendo derramado como oferta de bebida sobre o serviço que provém da fé que vocês têm, o sacrifício que oferecem a Deus, estou alegre e me regozijo com todos vocês. Estejam vocês também alegres, e regozijem-se comigo” (Fp 2.17-18). Isso explica também por que logo após a frase “regozijai-vos sempre” vem a ordem “orai sem cessar”. A alegria a despeito das circunstâncias só é possível quando se vive uma vida de oração constante. 
 
O cristão que vive sempre alegre e ora ininterruptamente dá graças ao Senhor por tudo. Esse “tudo” inclui não apenas o conforto, o prazer, o bem-estar, a abundância; mas também a aflição, a tribulação, a perseguição, a angústia. Isso indica que quando estamos sempre alegres no Senhor e voltados a ele orando sem cessar não temos dificuldade em reconhecer sua providência em cada parte de nossa vida.
 
O cristão que ora sem cessar e dá graças ao Senhor sabe que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus; daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).
 
Precisamos orar sem cessar, pois na falta de oração paramos de buscar e depender de Deus e passamos a depender de nós mesmos. Orar sem cessar é, em essência, depender da comunhão com o Pai.
 
A oração contínua, persistente e incessante é uma parte fundamental da vida cristã, que tem sua origem na dependência em Deus.
 
Notas
  1. MARTIN, Ralph P. Colossenses e Filemom; introdução e comentário. Série Cultura Bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1984. p. 57.
  2. LOPES, Hernandes Dias. Romanos; o evangelho segundo Paulo. Comentário expositivo Hagnos. São Paulo: Hagnos, 2010. p. 49.
  3. BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI; Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2009. p. 2020.
  4. CÉSAR, Elben M. Lenz. Práticas devocionais; exercícios de sobrevivência e plenitude espiritual. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2005. p. 22.
  5. CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico; Efésios. Rio de Janeiro: CPAD, 2009. p. 93.

• Santareno Augusto Miranda é casado com Elizabeth e pai de Rafael, Samuel e Karin. É professor de missiologia, teologia e filosofia, e membro da equipe pastoral da Igreja Evangélica Menonita Nova Aliança em Curitiba, PR.


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