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Por Escrito

O que você quer? Mais que uma casa

Um Dia de Cada Vez
Por Mariana Furst Viza
 
Sempre gostei de desenhar casinhas. Nunca tive lá tanto jeito para desenhos. Mas fazia um quadrado, dividia em duas partes, colocava telhados, porta, janela com cortinas puxadas e vasinhos de flor. Já crescida tive a oportunidade de ver uma casinha que parecia ter saído dos meus desenhos. Mas, tinha o encanto que meus dedos não conseguiam traduzir para o papel. Percebi então que alguns sonhos infantis podem se materializar no universo adulto. E carreguei aquele pedacinho de beleza e paraíso na mente.
 
Quando me casei, sabia que os desafios da vida a dois não possibilitariam de imediato a aquisição de uma casa. Muito menos uma como aquela saída do meu desenho. Vivi em apartamentos, sem ressentimento. Na verdade, como morei toda a vida em casa, era grata pelo que Deus me dera até ali. Não carregava projetos ambiciosos de “casa própria”. Mas a casinha, ou melhor, o desejo dela, continuava em mim. 
 
Assim que meu filho mais velho chegou à idade de andar, lamentei a falta de espaço. Porém, morando fora do país e tendo segurança para desfrutar de parques próximos, só pude reconhecer o favor de Deus. A família aumentou. Então, fomos para um apartamento maior. O início da vida onde hoje estamos foi conturbado. Uma vizinha, incomodada com o barulho ou com coisa qualquer, batia nas paredes comuns. Por intervenção divina, ela cessou as batidas e estabeleceu conosco um bom convívio.


Neste ano de 2020, pouco antes da pandemia, tudo desabou novamente. A fúria controlada voltou a se manifestar. Agora, as batidas eram mais frequentes e a vizinha diversificara o grau de expressão da sua maldade. Como qualquer pessoa em desespero, dados os sobressaltos contínuos, desejei sair de onde estávamos: ir para outro apartamento, outro país, outra casa... Mais do que nunca quis uma casa onde meus filhos pudessem correr sem que eu lhes pedisse para parar; onde pudessem gritar sem que eu os corrigisse; onde eu mesma não me sentisse culpada por todos os sons que, na verdade, tínhamos o direito de fazer... 
 
Reencontrei o desejo da casa. Não a do meu desenho ou a que fora materializada no mundo adulto: o desejo de beleza e paraíso que a casa significava para mim. Então orei: “Senhor, que eu te deseje mais do que uma casa”. Essa era a verdade. O desejo mais intenso da minha alma estava num lugar, e não no Senhor. Não que fosse ilegítimo sonhar com uma casa ou que a situação não me conduzisse a um desejo de alívio. Mas, me dei conta de que talvez meu sonho de tranquilidade não contemplasse Deus, somente Deus. Averiguei o coração. “Senhor, que eu te deseje mais que...” E a lista foi crescendo. Às vezes nossos corações são tomados por desejos diversos, mais do que pelo Senhor. 
 
Refletindo, cheguei ao salmo 42: “Como uma corça suspira pelas águas, assim a minha alma suspira por ti, ó Deus”. A imagem é cheia de poesia. Porém, toca pouco o meu universo, tão distante do campo. Davi e eu, contudo, pedimos uma alma que deseje Deus profundamente. No meu caso, a casa era também uma forma de pensar no desejo que substitui Deus.
 
Ainda desejo uma casa, não posso negar. Em tempos de isolamento, não consigo vislumbrar nada melhor. Contudo, falo constantemente ao Senhor: “Que eu te deseje mais que...”. Assim, coloco os meus desejos no lugar onde eles devem estar. Talvez Deus nunca me dê uma casa. Pode ser que Ele apenas precise ver meu desprendimento. Pois sei que me ama; e sabe que qualquer esperança que não esteja Nele fará com o que o meu coração se torne um deserto.
 
• Mariana Furst Viza é casada com Isaque e mãe de Samuel e Lucas. É doutoranda em literatura francesa na Universidade de Montreal. Gosta de escrever e participa atualmente do projeto “Entre nós, com salmos”: medium.com/@marianafurst.viza.

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