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Opinião

Mais um grande escândalo!

Ricardo Gondim

Poucos brasileiros conheciam Ted Haggard antes dele ser delatado por um prostituto de usar seus serviços. Haggard era pastor de uma igreja de 14.000 membros, presidente da National Evangelical Association e conselheiro semanal do presidente George W. Bush. Além de cliente sexual, o agora ex-pastor também comprava tóxico. Sua queda abalou a comunidade evangélica norte americana e comprometeu as eleições parlamentares e senatoriais do ano de 2006, que acabaram devolvendo o controle do legislativo para o Partido Democrata. 

No Brasil, depois do assustador escândalo em que políticos evangélicos se envolveram num golpe que desviava dinheiro de orçamento da Saúde para a compra de ambulâncias (a operação da Polícia Federal se chamava de Sanguessugas), o mundo gospel parecia voltar ao normal. Os programas televisivos continuaram repetindo os mesmos chavões de sempre: “Você receberá de volta tudo o que o Diabo lhe roubou”. “Este ano é o ano da vitória e ninguém poderá lhe impedir de receber tudo o que você tem direito”. “Seja ousado e reivindique suas bênçãos celestiais”. Os templos, lotados de fieis ávidos por “conquistas”, continuaram alimentando as contas bancárias de bispos e apóstolos neopentecostais. Até que uma nova enxurrada de notícias conturbaram a frágil normalidade: “Bens do Apóstolo Estevam Hernandez foram bloqueados”. “Ministério Público pede prisão dos líderes da igreja Renascer”. E finalmente: “Juiz decreta prisão e líderes fogem da polícia”. 

Quando vi Ted Haggard dando uma entrevista ao lado de sua esposa, fixei meus olhos nela, não nele que gaguejava. Percebi o semblante abatido daquela pobre mulher e me compungi na alma; sofri por ela, sem sequer conhecê-la. Também, lamento a queda dos dois Hernandez. Imagino o inferno que experimentam, tendo que se esconderem da polícia; sinto-me constrangido por eles. 

Tropeções semelhantes, ou maiores já aconteceram repetidas vezes na história eclesiástica. Jesus previu tais abalos e disse que alguns de seus seguidores poderiam causar a queda de pequeninos: “É inevitável que aconteçam coisas que levem o povo a tropeçar, mas ai da pessoa por meio de quem elas aconteçam. Seria melhor que ela fosse lançada no mar com uma pedra de moinho amarrada no pescoço do que levar um desses pequeninos a pecar. Tomem cuidado” (Lucas 17.1). Porém, o que acontece com o movimento evangélico? Por que a intermitência entre os escândalos diminuiu? 

Não se podem considerar esses recentes alvoroços como mero fracasso pessoal dos envolvidos, quer sejam americanos ou brasileiros. O buraco é mais embaixo. Como já nem me considero evangélico, não deveria envolver-me com esses desastres. Mas, tenho muitos amigos que ainda navegam nessa arca religiosa, desejo oferecer alguns conselhos, que talvez, evitem mais desgraças. 

Por favor, parem com seus discursos ufanistas. Está obvio que nenhum sistema se sustenta idealizando a vida, ou prometendo mundos e fundos em nome de Deus. Claro que as massas que esperam por milagres para escaparem dos sofrimentos serão obrigadas a encararem os paradoxos da crua realidade. A mensagem cristã não promete um mar tranqüilo para seus seguidores. Se num primeiro momento os templos ficam lotados, depois virá a rebordosa, com desencantos e decepções.
 
Por favor, parem com messianismos. Chega de prometer que transformarão o Brasil numa nação evangélica e que converterão o mundo. Esse quixotismo lhes empurrará para praticarem expedientes questionáveis; logo bastará um pulo para se confundirem meios e fins. Com esse desejo de conquistar o mundo Alexandre o Grande foi vencido e Hitler promoveu um holocausto. 

Por favor, parem com vaidades pessoais. A corrida interna para determinar quem detém a maior “unção” ou a última “revelação” também é totalmente irrelevante. Sinceramente? Chega a ser ridícula. 

Por favor, parem com a soberba de se considerarem os eleitos da última hora. Alguns líderes se acreditam blindados por uma imunidade espiritual e cidadã. Eles pensam que podem transgredir o quanto quiserem, porque Deus e as autoridades humanas farão vista grossa aos seus delitos. Movidos por este sentimento de impunidade, pintam e bordam. Tiago, entretanto, lembrou que os mestres religiosos passarão por um juízo mais severo de Deus e Paulo, por sua vez, exortou: “... As autoridades que existem foram estabelecidas por Deus... Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela [a autoridade] não porta a espada sem motivo. É serva de Deus” (Romanos 13).
Por favor, parem com seus corporativismos. Não acobertem com seus silêncios obsequiosos e piedosos, pecados cometidos por seus amigos. A Bíblia afirma que merecem morte tanto quem pratica como os que aprovam a maldade (Romanos 1.32).
Urge uma mudança radical na postura, nos pressupostos e, principalmente, no comportamento da ala evangélica que adquiriu maior visibilidade na mídia.

E se não acontecer um grande arrependimento, piores escândalos virão. 

Soli Deo Gloria. 

Autor de O Que os Evangélicos (não) Falam e Orgulho de Ser evangélico, Ricardo Gondim, casado, três filhos, é pastor da Assembléia de Deus Betesda, em São Paulo, e presidente do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos. É conferencista e autor de, entre outros, É Proibido (Mundo Cristão) e Artesãos de Uma Nova História (Candeia).

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