Epístolas da prisão – desde 1971, uma ação ministerial de Ultimato

Atualmente, quase todas as edições são enviadas para capelães. Esta é uma das frentes das ações ministeriais de Ultimato

Por Klênia Fassoni

No passado, uma das seções mais lidas da revista era “Cartas”. Quando a revista completou 40 anos, publicamos o livro Cartas a Ultimato 1968 - 2008 - uma radiografia do cristianismo brasileiro, que reúne pouco mais de setecentas das milhares de cartas publicadas por Ultimato neste período.

Elas estão organizadas por tema. Foram escritas por um grande número de autores, homens e mulheres, de todos os cantos do Brasil e de alguns países do exterior, eleitores de direita e eleitores de esquerda, cristãos humildes e cristãos arrogantes, protestantes que mandam católicos para o inferno e católicos que mandam protestantes para o inferno. Cartas a Ultimato é uma espécie de radiografia do cristianismo brasileiro, com suas luzes e sombras.

Um dos capítulos reúne as cartas recebidas de encarcerados. Desde 1971 enviamos a revista para este grupo. Atualmente, quase todas as edições são enviadas para capelães - nossos parceiros neste ministério - que as entregam aos destinatários. Esta é uma das frentes das AÇÕES MINISTERIAIS de Ultimato.

Veja a seguir a introdução ao capítulo " Epístolas da prisão" do referido livro e a seguir 4 cartas publicadas.

Epístolas da prisão

Por Elben César, em 2008

Nas edições de abril e maio de 1969, Ultimato publicou uma reportagem sobre Benedito de Oliveira, 57, que passou nove anos na Penitenciária de Niterói (1941-1950), por ter participado de um assalto à casa de um médico no Estado do Rio, que, amordaçado e amarrado, morreu sufocado. Ele se converteu na prisão e, depois de solto, foi para o Instituto Bíblico de Pedra de Guaratiba, onde se formou como evangelista, quatro anos depois. Com o auxílio do professor universitário Laércio Caldeira de Andrade, Benedito fundou, em 1955, o Movimento da Assistência aos Encarcerados (MAE). Essa reportagem caiu nas mãos de Oswaldo Jesus Martins, recluso da Casa de Detenção de Recife, que escreveu a primeira carta endereçada a Ultimato procedente de uma prisão. Outras vieram em seguida. Mais recentemente, porém, depois de outros artigos sobre o assunto publicados na edição de julho/agosto de 2006, Ultimato recebeu uma avalanche de cartas escritas de trás das grades.

A oportuna visita de Robinson Cavalcanti
No último dia 29 de abril, recebi a oportuna visita de Robinson Cavalcanti e de outro senhor, com os quais palestrei longamente. Na ocasião, eles se comprometeram a me visitar com freqüência. Continuo estudando em minha cela e me preparando para tentar o vestibular no ano que vem.
Oswaldo de Jesus Martins
Recife, PE, 1971


Somos uma ala da Casa de Detenção com 240 irmãos em Cristo
Sou um irmão em Cristo encarcerado na Casa de Detenção de São Paulo. Sou preso materialmente, mas livre pela graça do Senhor. Somos uma ala de trinta celas com 240 irmãos em Cristo. A igreja tem muito a trabalhar para Jesus neste lugar. Muitos continuarão a dar frutos na obra do Senhor após sair deste lugar penal. Assim, continuamos a orar e a pedir intercessão.
Adalberto Batista dos Santos
São Paulo, SP, 1997

"Teologia do Aperto" parece ter sido escrito para mim
Cumpro pena de sete anos e meio, e estou preso há oito meses, aguardando o recurso de apelação. Evangélico, batizado há dezessete anos, creio que a provação pela qual estou passando é de minha inteira responsabilidade, por ter me afastado do caminho estreito. Há muitos anos, tive contato com um exemplar da revista Ultimato e me senti bastante abençoado pelo conteúdo dela. Recebi de minha tia uma cópia do artigo Teologia do aperto (março/abril de 1992). Pareceu-me que o texto todo era dirigido a mim.
Hélio Márcio Ferreira da Silva
Reginópolis, SP, 1998

Maravilhados com o conteúdo da revista
Sou ex-detetive da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, ora preso e recolhido na Penitenciária Pedrolino Werling de Oliveira, destinada à guarda de policiais civis, militares e federais. Converti-me ao evangelho do Senhor Jesus e procuro, no cárcere, estudar sempre as Escrituras Sagradas, a fim de testemunhar, no tempo certo de Deus e em liberdade, o quanto Deus fez e está fazendo por mim e meus familiares. Foi através de Ultimato que conheci o ministério do pastor Ricardo Gondim, de quem recebi quatro fitas com mensagens e um livro de sua autoria. Eu e um grupo de irmãos nos maravilhamos com o conteúdo da revista.
Luiz Eduardo Sato
Rio de Janeiro, RJ, 1998

"Para quê?" e não "por quê"? tem sido o meu questionamento
Sou assinante de Ultimato e por sua leitura tenho recebido conforto, bênçãos e estímulo para perseverar no dia-a-dia. Sou crente, membro da Primeira Igreja Evangélica Projeto Raízes, em São Paulo, tenho 72 anos e estou preso, cumprindo pena condenatória arbitrária da sentença que deveria ser impossível na justiça, sem provas, considerado inocente, tratando-se de clamoroso erro judiciário. Pelo exposto, Ultimato pode aquilatar o momento de grande tribulação que estou enfrentando. Todavia estou confiante, acreditando que o importante no questionamento junto ao nosso Deus não é o porquê, mas, sim, o para quê. Tenho aprendido cada vez mais a apresentar todos os problemas ao Senhor, confiar somente na sua força, bondade e misericórdia. Ele tem segurado em minha mão, conduzindo-me, embora sem que eu saiba para onde está me levando. Sei e sinto que ele me ama.
Joaquim Silva Coimbra
São Paulo, SP, 2000

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